Verso do fetiche Yaka "khosi" do leilão Zemanek-Münster de março de 2017, trabalho de 1950 (c.), Norte de Angola ou República Democrática do Congo.
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Descrição
Verso de fetiche Yaka "khosi".
Power figure "khosi", D. R. Congo, Yaka/Suku.
Madeira entalhada e patinada com tecidos e outros elementos, 32,5 cm.
Escultor Yaka ou Suku, 1950 (c.), Norte de Angola ou República Democrática do Congo.
Fotografia de 5 de dezembro de 2016.
Leilão Zemanek-Münster, 85h Tribal Art Auction, 4 de março de 2017, lote 458, vendido por 1.200 euros, Munique, Alemanha.
Wood, brown patina, red and white pigment, the body entirely wrapped with strips of fabric, magical accessories: bird claw, feathers, bag with magical ingredients, old collection number backside “C 371”, slightly dam., cracks, minor missing part, base; there are a number of magico-religious cults and societies among the Yaka, whose members use figures for obtaining special needs. One of these societies is the “khosi” (the literal meaning of which is “leopard”), whose figures are characterized by white and red spots over the entire body, or by the fact that half of the face is coloured white, and the other half red. Magical accessories were used to boost the strength and effectiveness of the figure.
Literatura comparativa: Grootaers, Jan-Lodewijk & Ineke Eisenburger (ed.), Forms of Wonderment, Vol. II, Berg en Dal 2002, p. 531
As esculturas e máscaras dos Yaka, ou Baiaca, como aparecem referidos pelos portugueses em Angola, são de uma grande diversidade e imaginação, apresentando por vezes, ou vice-versa, afinidades com os Suku, com os Mbala do centro, assim como com os Tchokwe. Revelam, no entanto, uma espantosa riqueza, quase ímpar entre os seus vizinhos, com narizes altamente arrebitados e complicadas estruturas de coroamento (Cf., entre outros, Detlev von Graeve, Yaka - Drei Masken für festliche Auftritte, 2016). Essa capacidade imaginativa é patente nas máscaras das cerimónias de circuncisão dos Yakas, a mukanda, que marcam o final dos ritos de puberdade masculina, máscaras feitas em madeira, representando geralmente uma face humana, quase sempre com a mutilação dos dentes incisivos típica dos Yakas e pintada de forma agressiva, mas com todo um coroamento e penteado altamente imaginativo, por vezes em andares, simbolizando a categoria do portador, feito em tela e igualmente pintada com motivos geométricos.
Para além de um conjunto grande de pequenas "figuras de poder", com feitiços vários, de uso pessoal e coletivo, parecem terem produzido um número interessante de outras relativas às cerimónias de iniciação dos rapazes, como o caso de pequenas máscaras-totem, que deveriam demarcar a área onde ocorriam essas cerimónias e também figuras de tocadores de tambor que parecem integrar-se no anuncio dos finais dessas cerimónias, cujo exemplar mais conhecido é o recolhido por padres jesuítas e hoje no Museu Real da África Central da Bélgica (Tervuren, inv. n° 2748), mas que têm aparecido mais, como o exemplar divulgado por David A. Binkley, "Spectacular Display : The Art of Nkanu Initiation Rituals", African Arts, vol. 34, n° 4, Hiver 2001, p. 56 e que foi depois a leilão na Sotheby's, Paris, 21 de junho de 2017.