Unidade doméstica, cozinha, 1940 (c.) e seguintes, Museu Etnográfico da Madeira, Ribeira Brava, Ilha da Madeira.
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Descrição
Unidade doméstica, cozinha.
1940 (c.) e seguintes
Fotografia de 2023.
Museu Etnográfico da Madeira, Ribeira Brava, Ilha da Madeira.
A hipótese de instalação do Museu Etnográfico da Madeira no antigo engenho de aguardente da Ribeira Brava data de 1983, conforme já se escreveu no roteiro da visita guiada de novembro desse ano do Centro de Cultura do CineForum do Funchal, já tendo então sido feitas visitas ao edifício pela Diretora dos Assuntos Culturais, mas a concretização do projeto levou algum tempo. Encontrava-se já então disponível o antigo engenho de cana-de-açúcar e de moagem, montado em 1860 no pequeno solar de São José, remodelado por 1710, com capela e instituído como morgadio pelo capitão das ordenanças da Ribeira Brava, Luís Gonçalves da Silva (c. 1662-1716), que casara, em 1682, com D. Antónia de Meneses e que. por disposição testamentária, efetuada em 1716, assim foi instituído. A instituição do vínculo perpétuo imposto na casa onde residiram, ele e a mulher, em diversas fazendas e na própria capela de São José, só seria abolido em 1860, embora desde 1853, que ali deve ter começado a funcionar um engenho. A obra foi efetuada por José Maria Barreto, último administrador do vínculo de São José, em 1853, quando converteu o arruinado solar numa unidade industrial, tendo para o efeito constituído uma sociedade com Jorge de Oliveira. Foi então ali montado um engenho de moer cana-de-açúcar, de tração animal e um alambique de destilação de aguardente, a sociedade fabril que, em 1862, com um novo sócio, o Pe. João António de Macedo Correia e Freitas, passou a utilizar energia hidráulica, instalando-se, nesse ano, uma roda motriz de madeira, servida por una levada, e um engenho de moer cana com três cilindros de ferro horizontais. Em, 1868, funcionavam também naquela fábrica dois moinhos de cereais. Em 1974, os herdeiros de João Romão Teixeira, proprietários do edifício, tinham-no vendido à Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, pelo que ao logo dos anos 80 se equacionou essa ocupação.
O assunto voltou a ser equacionado em 1994 pelo Governo Regional da Madeira, que entregou o projeto ao arquiteto João Francisco Caíres e que foi inaugurado em 15 de junho de 1996. O Museu tem como vocação a investigação documentação, conservação e divulgação dos testemunhos da cultura tradicional madeirense. O acervo do Museu integra coleções que abrangem variados aspetos sociais, económicos e culturais do arquipélago da Madeira, sendo a etnografia a sua área de vocação. A área de exposição permanente encontra-se organizada por temas: atividades produtivas (pesca, ciclos produtivos do vinho, dos cereais e do linho), transportes, unidades domésticas (cozinha e quarto de dormir) e comércio tradicional (mercearia).
Biografia: António Pedro de Azevedo (1812-1889), Forte de S. Bento da Ribeira Brava, Est. 12.ª do Reconhecimento Militar da Ilha da Madeira de 1841 e Planta da Ribeira Brava, 1860; Rui Carita, Ribeira Brava, visita guiada do Centro Regional de Cultura do CineForum, novembro de 1983; Nelson Veríssimo com pesquisa documental de Jorge Valdemar Guerra, "O Hospício Franciscano e a Capela de S. José da Ribeira Brava", Revista Islenha, n.º 19, Funchal, 1996, pp. 61-94.