Transporte de passageiros para o navio Quanza, porto do Funchal, 1933, Funchal, ilha da Madeira.
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Descrição
Transporte de passageiros para o navio Quanza
Fotografia de Álvaro Nascimento Figueira (1885-1967), Foto Figueiras, porto do Funchal, 1933.
Museu de Fotografia da Madeira-Atelier Vicente's, PHF 1516, em depósito na DRABM
A Madeira e os Ventos da Emigração, exposição coordenada por Sara Moura e Filipe dos Santos, Museu de Fotografia da Madeira, Atelier Vicente's,
Átrio interior do edifício do Governo Regional, 2023 e 2024
Avenida Arriaga, Funchal, ilha da Madeira.
Ao longo dos séculos, a Emigração sempre esteve presente no imaginário e na vida dos madeirenses e dos porto-santenses, que olhavam o oceano como um mar de oportunidades. Também no século XX foram muitos os que partiram em busca de novos mundos, novas realidades e melhores condições de vida, numa aventura que não se apresentava fácil, e em que as despedidas eram marcadas pela incerteza do regresso.
Atravessaram mares, conheceram tempestades, percorreram terras distantes, com coragem, resistência e, claro, muita saudade. Nos tempos idos, a vida de muitos emigrantes em terras longínquas contínua a ser um mistério. Muitos chegavam às Américas, a África, e não mais voltavam. Outros tantos mantinham o contacto, escreviam, enviavam cartas com dinheiro para casa. Outros enviavam as "cartas de chamada", através das quais chamavam a mulher e os filhos para as novas terras de acolhimento.
Esta exposição procura retratar a realidade da Madeira nos três primeiros quartéis do século XX e o quotidiano das suas gentes, que, em busca de melhores condições de vida, se viram forçadas a emigrar, e acabaram por levar o nome e a herança cultural da terra natal além-fronteiras. É um pequeno vislumbre sobre um espaço insular de realidades antagónicas. A beleza natural das paisagens, o clima ameno e a lhaneza dos íncolas - que encantavam e atraíam muitos visitantes, Ilustres e desconhecidos - contrastavam com a escassez e a dureza das condições de vida de um povo que lutava pela sobrevivência. Esta é uma Madeira vetusta de realidades opostas, onde o fosso entre classes sociais evidenciava que a pobreza de muitos convivia lado a lado com a excentricidade de poucos e com o frenesim cosmopolita da capital madeirense, o Funchal. É a Madeira da Canga de Horácio Bento de Gouveia, a que a Autonomia desferiu golpe decisivo.
Entre o que era e o que poderia ser, muitos madeirenses arriscaram tudo. Saíram de duas pequenas Ilhas situadas no Oceano Atlântico, à descoberta de novas rotas, novas terras. Multiplicaram-se e deram mais mundo ao nosso Mundo, honrando o nosso Povo e a nossa Terra. É dos primeiros passos desta “Madeirensidade” pelo mundo que aqui se dá conta.