Salvador da Baía, forte de Monserrate ou Monte Serrat, Carlos Julião, 1779, Bahia, BA, Brasil.
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Descrição
Forte de Monserrate.
Forte de Nossa Senhora de Monte Serrat, Bahia, BA, Brasil
Pormenor da Elevasam, e Fasada, que mostra em prospeto pela marinha a Cidade do Salvador Baía de todos os Santos na America Meridional aos 15 gráos de Latitude, e 345 gráos, e 36 minutos de Longitude, com as Plantas e Prospetos embaixo em ponto maior de toda a Fortificação que defende a dita Cidade.
Tinta e aguarela s/ papel recortado e colado em papel D. & C. Blawn, 0,855 x 0,530 m.
Escala gráfica das fortificações: 2 cm. = 50 braças; 2,5 cm. = 50 palmos; 4 cm. = 160 palmos; 2 cm. = 50 palmos; 3,1 cm. = 200 palmos; 2 cm. = 1200 palmos; 4 cm. = 100 palmos; 4,2 cm. = 100 palmos; 2 cm. = 100 palmos; e 2,1 cm = 100 palmos.
Carlos Julião (Turim, 1740; Lisboa, 1811), capitão de Mineiros do Regimento de Artilharia de Corte, maio de 1779.
Cota 4756, 3/38/52.
Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, Lisboa, Portugal.
O Forte de Nossa Senhora de Monserrate localiza-se em posição dominante na ponta de Monte Serrat, à época da sua construção, no limite norte do litoral da cidade de Salvador da Bahia, atual rua da Boa Viagem da cidade, no Brasil. Neste local e segundo placa colocada junto da entrada pelo Instituto Histórico e Geográfico da Bahia: "Aos 17 de julho de 1624 foi morto neste sítio o general holandês João van Dorth, IHGB, 1938". Johan van Dorth (Horst, 1586-Bahia, 1624), senhor de Horst e Pesch, tinha sido nomeado governador da Bahia pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, falecendo numa emboscada montada pelas forças do capitão Francisco Padinha.
O primitivo fortim foi mandado levantar pelo governador-geral João de Lencastre (1646-1707), durante o seu governo, de 1694 a 1702, tendo-se escrito que com planta do engenheiro Baccio de Filicaia (1565-1628), responsável, em princípio, pelo desaparecido forte de São Filipe, que deu origem ao atual e designação que muitas vezes ainda é utilizada para o novo forte, que com a aclamação dos Braganças, em 1640, rapidamente, abandonou aquela designação. A referência não faz muito sentido para a reformulação, dado terem passado quase 80 anos sobre o falecimento daquele engenheiro na Baía e, ao contrário, o projeto geral estar bastante fora dos trabalhos deste engenheiro.
A articulação geral das suas possantes guaritas, no entanto, quase torreões renascentistas, como os designados “castelos roqueiros” dos meados do século XVI, marcados ainda por cordão relevado ao nível inferior das canhoneiras longo de todas as fachadas, separando o parapeito da escarpa, encontram-se perto do gosto dos trabalhos, entre outros, de Diogo e Francisco de Arruda, mas gosto que passou também para a área de Goa, do antigo Estado Português da Índia. O antigo forte de Santo Alberto, na Bahia, que teve por base a antiga Torre de São Tiago, também dada como projeto de Filicaia, reformulado ao longo do século XIX e, hoje, denominado por forte da Lagartixa, também parece informar, face à documentação icongráfica do século XVIII, deste tipo de gosto arquitetónico renascentista.
Os trabalhos de Monte Serrat só foram concluídos, entretanto, em 1742, sob o governo do vice-rei D. André de Melo e Castro (1668-1753), 4º conde das Galveias, entre 1735 e 1749.
De acordo com iconografia do sargento-mor José António Caldas (Salvador, 1725-idem, 31 out. 1782), na Notícia Geral de toda esta Capitania da Bahia desde o seu descobrimento até o presente ano de 1759, original da Câmara Municipal de Salvador, pub. Bahia, Tipografia Beneditina, 1951 e na Planta e prospecto do forte de N. Srª de Monserrate, in Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu recôncavo por mar e terra, c. 1764 (AHU, Lisboa), a sua estrutura apresentava planta no formato de um polígono hexagonal irregular, com parapeitos à barbeta e, nos vértices, guaritas circulares recobertas por cúpulas. No terrapleno, pelo lado do portão de acesso, observa-se uma edificação de dois pavimentos, abrigando as dependências de serviço (Casa de Comando, Quartel da Tropa, Casa da Palamenta, e outras), e a cisterna. Originalmente o seu acesso se dava por uma ponte levadiça entre a rampa e o terrapleno, e o Corpo da Guarda tinha, no pavimento térreo, dois quartéis flanqueando a entrada. Também se encontra representado por Carlos Julião (Turim, 1740; Lisboa, 1811), que parece ter seguido de muito perto os trabalhos anteriores de José António Caldas, sob o nome de Monserrate, Elevação e fasada que mostra em prospecto pela marinha, a cidade de Salvador, Bahia de todos os Santos, 1779 (Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, Lisboa), tal como congénere desenho da mesma data, no Plano da fortificação que se acha na capitania da Bahia feito por ordem do senhor D. Fernando José de Portugal e Castro, Governador e Capitão Geral da mesma capitania, da Biblioteca Nacional do Brasil.
Administrado pela 6ª Região Militar do Exército Brasileiro e restaurado, desde 1993 que abriga um pequeno Museu de Armaria com algumas armas de fogo e outros elementos, encontrando-se no jardim envolvente armamento pesado dos meados do século XX. A guarnição apresenta-se trajada com o antigo uniforme do 1º Regimento de Infantaria da Bahia, dentro do projeto de revitalização das Fortalezas Históricas de Salvador, da Secretaria de Cultura e Turismo em parceria com o Exército.