Rapaz das bolas de sabão de Edouard Manet, 1867 (c.), do Museu Gulbenkian, Lisboa, em Paris, no Musee d'Orsay, março de 2023, França.
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Descrição
Rapaz das bolas de sabão no Musee d'Orsay.
Leon Edouard Koëlla-Leenhoff (1852-1927), dado como filho do pintor
Filho de Suzanne Leenholf (1829-1906), professora de piano de seus irmãos mais novos Manet, no entanto, nunca oficializou a paternidade do filho e, mesmo casando com Edouard Manet em outubro de 1863, tal também não aconteceu, tendo esperado o casal mais de um ano sobre o falecimento do pai Auguste Manet (1796-1861), também dado como possível pai de Leon.
Óleo sobre tela, 101 x 81 cm.
Edouard Manet (1832-1883), 1867 (c.), França.
Trabalho de que há gravura a ponta seca, 25,4 x 21,1 cm.; 40 x 26,4 cm. (entre outros, no MET, Rogers Fund, 1921, 21.76.19), mas que parece só se conhecer edição de 1905.
Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal.
Exposição Manet Degas en miroire, no Musee d'Orsay, 28 mar. a 23 jul. 2023,
Fotografia Sortir à Paris, 30 mar. 2023, França
Édouard Manet, (Paris, 23 jan. 1832-Idem, 30 abr. 1883) foi um pintor e artista gráfico francês da segunda metade do século XIX, considerado como um dos mais importantes representantes do impressionismo francês, embora muitas das suas obras possuam ainda fortes características do realismo. Assim, prefere os jogos de luz e de sombra, restituindo ao nu a sua crueza e verdade, muito diferente dos nus adocicados da época, tal como muitas das suas texturas são apenas sugeridas, as formas, simplificadas e, muito especialmente, os temas deixam de ser neste Autor impessoais ou alegóricos, passando a traduzir a vida da época, para além de que muitos seus trabalhos foram feitos de forma objetivamente provocatória. Filho de Auguste Manet (1796-1861), um alto funcionário do Ministério da Justiça e integrado numa família da alta burguesa da capital francesa, sendo a mãe da família Fournier, filha de um diplomata francês na Suécia e, inclusivamente, aparentada com a família Bernardotte, que ocupara o trono daquele estado. Pressionado desde muito novo, como filho primogénito, para seguir direito, desde logo os resultados avaliados no seu percurso escolar foram dececionantes, sendo dado como pouco aplicado e até um pouco insolente. Mostrando interesse numa carreira na Marinha, a família acabou por aceitar, mas só aí entraria pelo trabalho, ou seja, embarcando simplesmente como marinheiro do navio-escola Havre et Guadeloupe, que em dezembro de 1848, partiu para o para o Brasil. A experiência da viagem ao Brasil, onde teve um primeiro contacto com tintas e pincéis, que recebeu do comandante, como ajudante de camareiro, para pintar a despensa, desenvolveu-lhe um certo gosto pelo exótico, pelas mulheres e desenvolveu uma franca repulsa à escravatura, tal como uma certa aproximação aos problemas sul-americanos. Marcou-o muito a luminosidade da baía de Guanabara que haveria de deixar traços marcantes na sua maneira de pintar. De volta a França, em junho de 1849, Manet novamente fracassaria no acesso à Escola Naval.
Face aos insucessos e, muito provavelmente, à experiência da sua viagem ao Brasil, em 1850, matriculou-se no atelier de Thomas Couture (1815-1879), trabalhando então a copiar as obras dos grandes mestres do Louvre e de outras museus de Paris. Em 1852 nasceu um filho da união com Suzanne Leenholf (1829-1906), professora de piano de seus irmãos, mas cuja paternidade não assumiu, tendo sido registado como Leon Edouard Koëlla-Leenhoff (1852-1927) e só se casando com a mesma em outubro de 1863, mais de um ano após o falecimento do pai. Em 1853, entretanto, visitou Dresden, Praga, Mónaco, Viena e foi pela primeira vez a Itália. Em 1856, depois de seis anos, abandonou o ateliê de Couture, com quem se começara a incompatibilizar, entendendo o Mestre que o Autor não respeitava as nuances de claro-escuro, o que era verdade e outros princípios académicos. Dividiu depois um estúdio com o conde de Balleroy, pintor de animais e, em 1857, fez uma segunda viagem a Itália. O Autor passou, entretanto, por um período de fascínio pela pintura espanhola, mas só muito pontualmente conseguiu ver os seus quadros serem aceites nos anuais Salões de Paris, mas pontualmente, foi conseguindo apresentar um ou outro e, os restantes, vão aparecer no chamados Salões dos Recusados. Com uma muito especial aptidão para criar escândalos com as suas obras à época em Paris, veio a integrar vários grupos de intelectuais, como os liderados por Charles Baudelaire (1821-1867) e, depois, por Emile Zola (1840-1902), acabando por impor a sua arte e, em 1881, ganharia o direito de participar nos salões oficiais de Paris sem qualquer julgamento prévio. Edouard Manet morreria em Paris, a 30 de abril de 1883, com 51 anos de idade, de sífilis, o que já havia acontecido ao pai, em 1861 e ao seu amigo Charles Baudelaire, em 1867. Em novembro de 2014, o seu quadro Primavera, pintado em 1881, subiu na leiloeira Christie's em Nova York a 65,13 milhões de US$, a mais alta cotação alguma atingida por um quadro impressionista.
Calouste Sarkis Gulbenkian (1869-1955). A paixão de Calouste Gulbenkian pela arte revelou-se cedo, o que era comum nesta família oriunda da Capadócia cuja cidade de origem, Cesareia, evoca naturalmente o nascimento das grandes religiões e consequentemente a paixão pelas artes. Quanto passou a viver em Constantinopla, fez também parte do cerne da educação de Calouste Gulbenkian esta cidade, que é por excelência uma encruzilhada de civilizações (capital dos Romanos, depois dos Gregos e mais tarde dos Turcos Otomanos). Daí resultou uma paixão intrínseca pelas artes que se traduziu pela aquisição de uma coleção de obras prodigiosa. Juntou então ao longo da vida, ao sabor das viagens e conduzido pelo seu gosto pessoal, por vezes após longas e laboriosas negociações com os melhores peritos e comerciantes especializados, uma coleção muito eclética e única no mundo. São hoje mais de 6000 peças, desde a Antiguidade até ao princípio do séc. XX. A coleção foi aumentando e como medida de segurança, a parte que estava em Paris foi dividida e parte, enviada para Londres; em 1936, a coleção de arte egípcia foi confiada ao British Museum e os melhores quadros à National Gallery; etc. Mais tarde, em 1948 e 1950, essas mesmas peças foram transferidas para a National Gallery of Art de Washington, o que obrigou depois a complicadas negociações para a sua transferência para Lisboa. A coleção completa veio para Portugal em 1960, tendo estado exposta no Palácio dos Marqueses de Pombal (Oeiras) entre 1965 e 1969, passando então para o novo edifício.