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Arquipelago de Origem:
São Gonçalo (Funchal)
Data da Peça:
1950-01-01 00:00:00
Data de Publicação:
17/09/2016
Autor:
Somers Clarke
Chegada ao Arquipélago:
2004-06-18
Proprietário da Peça:
Blandy
Proprietário da Imagem:
Noel Cossart
Autor da Imagem:
Rui Carita
Quinta do Palheiro Ferreiro, Somers Clarke, 1890 (c.), fotografia de 1950 (c.), ilha da Madeira

Categorias
    Descrição
    Quinta do Palheiro do Ferreiro, the late Graham Blandy.s house
    Somers Clarke (1841-1926), (atr.), 1890 (c.)
    Fotografia Perestrellos de 1950 (c.)
    São Gonçalo, Funchal, ilha da Madeira.

    A Quinta do Palheiro Ferreiro resultou de um pavilhão de caça que o morgado João de Carvalhal Esmeraldo, 1º conde de Carvalhal da Lombada (13 out. 1835), de seu nome completo João José Xavier de Carvalhal Esmeraldo de Atouguia Bettencourt Sá Machado (1778-1837) possuía no sítio daquele nome, freguesia de São Gonçalo. Sucedeu depois nos morgados do seu irmão mais velho, o coronel Luís Vicente do Carvalhal Esmeraldo de Sá Machado (c. 1752-1798), que já teria sido um dos homens mais ricos da ilha da Madeira e falecera sem geração As obras tiveram início entre 1801 e 1802, tendo a nova residência de verão sido iniciada quando regressou à Madeira alguns anos depois de uma viagem pela Europa, continuando as obras na sua quinta do Palheiro Ferreiro, as quais haviam sido visitadas, em 5 de janeiro de 1801, pelo governador D. José Manuel da Câmara (c. 1760-c. 1820).
    Em 1813, D. frei Joaquim de Meneses e Ataíde, bispo de Meliapor e administrador da diocese do Funchal deixou gravadas no Diário da sua visita pastoral às Igrejas da costa de cima da Ilha da Madeira algumas impressões sobre a então muito jovem Quinta do Palheiro Ferreiro: Seguimos a direcção de Palheiro de Ferreiros, Quinta magnífica de João Carvalhal Esmeraldo, criada por ele desde o seu princípio do cume de um alto monte, que domina o mar e a cidade para a parte do Nascente. Esta Quinta tem muito arvoredo de castanheiros, pinheiros e outras árvores silvestres, e próprias para bordar as grandes ruas que mandou abrir. É tão grande e espaçosa que tem muita terra de semeadura, de mato, de pasto, de hortaliças, e de pomar. É muito farta de água porque a fez conduzir na distância de dezoito mil pés com grande benefício daquelas vizinhanças. Esta fazenda começada há nove anos será em poucos anos como uma propriedade real pela magnificência e gosto com que vai principiada. Fica a meia distância da cidade ao lugar da Camacha. As estradas até este sítio ainda que íngremes são bem calçadas, e podem caminhar duas cavalgaduras".
    A residência inicial, hoje Casa Velha, estava pronta em 1817, quando, a caminho do Rio de Janeiro, passou pela ilha da Madeira a futura infanta do reino unido de Portugal, Brasil e Algarves, D. Maria Leopoldina de Áustria (1797-1826), que ali foi recebida e pintada, a 12 de setembro de 1817, por João José do Nascimento, quadro que pertenceu à antiga coleção dos condes da Calçada. Provavelmente na sequência disso teve João de Carvalhal alvará de moço fidalgo, a 17 de agosto de 1819.
    A Quinta do Palheiro Ferreiro em poucos anos tornou-se ponto quase obrigatório de visita para as personagens mais ilustres que desembarcavam no Funchal. Em 1817, a arquiduquesa Leopoldina da Áustria passou pela Madeira, a caminho do Brasil, onde ia casar com o imperador Pedro I, esteve na Quinta do Palheiro, "confessando-se deslumbrada, assim como a sua comitiva" (LAMAS, 1956). O anfitrião da Arquiduquesa fora João de Carvalhal "que a destinou primeiro a tapada de caça, tendo nela construído um pavilhão de reunião em pleno bosque de abetos e carvalhos, plantados ao lado das naturais essências existentes (dos loureiros), e que em 1826 estava recortada por numerosas alamedas e ajardinada ao redor do edifício com alegretes de arbustos, canteiros de flores e renques de camélias, que faziam já a admiração e o encanto dos estrangeiros que visitavam a propriedade" (CORRÊA, Jácome, 1927). O primeiro conde de Carvalhal haveria depois de se retirar para o Palheiro Ferreiro, ali falecendo a 11 de Setembro de 1837 e sendo enterrado na capela da Quinta, embora depois transladado para o jazigo de família no Cemitério das Angústias.
    O segundo Conde, António Leandro da Câmara Carvalhal Esmeraldo Atouguia Sá Machado (1831-1888), sobrinho neto do primeiro Conde, procedeu a obras na quinta, que decorriam, entre 1853 e 1855 (FRANÇA, 1970). A Quinta, entretanto teria sido alugada por 1865 a John Burden Blandy (1841-1912), talvez pontualmente e, em 1885, quando a mesma foi à praça, dadas as dívidas do segundo Conde de Carvalhal, foi adquirida pelos Blandy. John Blandy já ali recebeu o Rei D. Carlos e a Rainha D. Amélia quando visitaram a Madeira em junho de 1901, que ali disputaram partidas de ténis. Desde então, é considerada a maior quinta privada da Madeira e está na posse da família Blandy. Os actuais proprietários, Adam Blandy e sua mulher Cristina, têm dado continuidade à obra de Mildred Blandy (1905-1981), que dirigiu os jardins durante mais de cinco décadas, enriquecendo-os com imensas espécies vegetais, muitas delas originárias da África do Sul, sua terra natal. Pub. in Noël Cossart, Madeira, the island vineyard, ed. por Penelope Mansell-Jones MW para Christie.s Wine Publications, Londres, 1984, p. 139.