Projeto de retábulo para a igreja matriz de São Jorge, Domingos Rodrigues Martins, 1750, ilha da Madeira
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Descrição
Projecto do retábulo do altar mor da igreja matriz de São Jorge da ilha da Madeira.
Domingos Rodrigues Martins (assinado), mestre das obras reais e Julião Francisco Ferreira (talha).
Desenho aguarelado, 40 x 27 cm., 1750.
Processo de obras da igreja matriz de São Jorge, ilha da Madeira.
Arquivos Particulares, Doutor Rui Carita, Funchal.
Arquivo Regional da Madeira.
Igreja matriz rural com excepcional recheio de talha barroca e rococó, única de que se conhece na Região o desenho do projecto inicial do retábulo, assinado pelo mestre das obras reais. A Igreja apresenta-se isolada em adro murado e o conjunto dos retábulos entalhados e dourados é um dos de melhor qualidade existentes na Madeira, tudo contribuindo para que o conjunto seja o mais importante acervo de arte sacra da costa norte da ilha da Madeira. Bibliografia: padre Silvério Aníbal de Matos, São Jorge e suas Ermidas, Câmara Municipal de Santana, 2000; Rui Carita, ficha de Monumento.pt, 2003.
Cronologia:
1475 - Fundação da primitiva ermida com esta invocação no Sítio do Calhau; 1509, 5 ago. - criação da capelania de São Jorge e de Santana, cujo capelão usufruía de um ordenado anual de 5$000 réis, para além do pé-de-altar, com a obrigação de "dizer missa aos Domingos e festas e a confessar e dar todos os sacramentos"; 1515, 4 dez. - mandado do rei D. Manuel a Antão Álvares, almoxarife da capitania de Machico, para o recebedor do tesouro entregar vários ornamentos e alfaias para a igreja de São Jorge; 1516, 12 mar. - recibo em como as alfaias foram entregues em São Jorge; 1517 - criação de um curato; 1521 - referência ao ordenado do vigário de São Jorge, mandando o provedor Francisco Álvares a Sebastião Carvalho pagar ao padre Diogo Fernandes, como vigário da igreja de São Jorge e Santana, "de seu ordenado deste ano", 9$000 réis; 1522 - referência de que o ordenado do pároco passou a 9$800 réis; 1525 - indicação para pagamento ao padre Gonçalo Lopes, como vigário rameiro; 1528 - informações sobre a existência de um beneficiado, então denominado raçoeiro, Bernardo do Quintal, com 8$00 réis, apresentado por carta régia de 12 out. desse ano e confirmado pelo Dr. António da Mota, provisor da sé do Funchal, então vacante, a 14 nov., e que se mantém em funções, pelo menos, até 1537; 1530 - ordem de pagamento ao padre Artur Lopes Salazar, entre jan. e março, 3$200 e ao padre Ambrósio Rodrigues, a partir de março; 1535 - indicação do pagamento ao padre João Gomes, de 13$300, tendo havido então um aumento de ordenado e indicando-se ter o Jorge Dias falecido em 1533; 1536 - indicação de que o padre João Gomes ter de ordenado 15$300 réis, situação que se mantém em 1537; 1552, 4 jul. - alvará de aumento do ordenado anual do vigário, fixando-o em 8$000, um moio de trigo e uma pipa de vinho; 1572, 27 nov. - alvará ao pároco de São Jorge, padre António Sá Amorim, do vencimento anual de 25$000 réis, em virtude de ter a freguesia "mais de 100 fogos", acrescentando mesmo ter 106 fogos, pelo que a Mesa da Consciência e Ordens arbitrava esse global; 1574, 12 mar. - ordem do rei D. Sebastião para a igreja de São Jorge ter dotação de 5$000 réis anuais para a fábrica, mil réis acima das suas congéneres do Norte da Ilha; 1578, 18 mar. - extinção da colegiada de São Jorge; 1589, 20 abr. - acrescentamento do ordenado do vigário com mais 30 alqueires de trigo e uma quarta de vinho "para as despesas da sacristia", assim como "$300 réis das missas dos Infantes"; 1598 - referência a um incêndio ter destruído a igreja do sítio do Calhaue os fregueses a terem reconstruído; 1631, 28 jul. - provimento mandando ordenar as Confrarias do Bom Jesus e da Senhora do Rosário; 11 ago. - provisão proibindo a passagem de gado pela escarpa, pelo perigo que representava para a Igreja, situada na base da mesma; 29 ago. - provisão do cónego licenciado Francisco de Aguiar idêntica à anterior; 1643, 30 ago. - provimento do licenciado Francisco Rebelo, vigário da Ponta do Sol, por não haver sacristia, "uma coisa que ordinariamente há em qualquer ermida para guarda, recolhimento dos ornamentos e decência para se vestirem os sacerdotes", exortando então "todos os fregueses, que com a maior brevidade possível tratem com o reverendo vigário de fazer uma sacristia", referindo "que não deve custar muito, pois não faltam nesta terra madeiras e a pedra para ela está à porta", pois que "sendo este povo tão grande e de tanta gente, cada um que ajude com o seu pouco e se fará com facilidade e ficará a capela-mor livre para recolher mais gente, enquanto se não acrescenta a igreja, como está mandado nas visitações atrás"; 1645, 20 jul. - provimento do cónego Gonçalves Cidrão em que refere que a igreja, "que pelo risco do lugar em que está, lançaram sortes para a fazer em outra parte", mas "foi o Santo servido que nesse lugar ficasse e fosse Deus adorado e servido e venerado"; 1647, 20 jul. - provimento para o ordenamento das Confrarias de São Jorge e do Santíssimo e execução de "caixinhas de três chaves (...) dentro de um mês" para a administração das mesmas; 1653, 28 jul. - informação do Visitador de que a imagem do Senhor Jesus, "tão excelente e devota (...) que custou o feitio 30$000 reis" não havia sido paga; 1660, 19 jul. - doação do terreno do Sítio da Achada pelo morgado Francisco de Carvalhal e Vasconcelos, mediante a celebração de quatro missas anuais por sua alma e de seus sucessores; 4 set. - informação de ter sido iniciada a nova igreja no Sítio da Achada, determinando o Visitador a construção de um forno de cal, a vinda de pedra de cal do Porto Santo, ficando todo esse encargo para o capitão Henrique Teixeira Calaça e tendo o serviço paroquial passado a realizar-se na capela de São Pedro; 1672, 27 nov. - alvará aumentando o ordenado do vigário para 25$000 em dinheiro; 1669, 16 jul. - provimento determinando a preservação de "coisas profanas" do "lugar da Igreja Velha"; 26 ago. - novo provimento do Visitador determinando a construção de uma casa sobre a sacristia para os Visitadores, com tribuna sobre a capela-mor; 1672 - ordem do bispo D. Frei Gabriel de Almeida de se fechar a tribuna sobre a capela-mor "por desnecessária"; 1677, 8 jul. - informação de se encontrar concluída a nova igreja, faltando somente algumas alfaias e deixando o serviço paroquial realizar-se na capela de São Pedro; 1698, 20 abr. - provisão de aumento de ordenado ao vigário com mais 30 alqueires de trigo e um quarto de vinho; 1706, 12 jul. - provisão do Visitador proibindo exercícios militares "de rebate e alardo" no adro da igreja; 15 ago. - informação de que o retábulo-mor, dedicado a São Jorge, apresentava "ruturas"; 1720 (c.) - texto de Henrique Henriques de Noronha afirmando: "que foi a mais antiga de todas as da parte Norte; por cujo respeito ião em tempos mais antigos os vigários circunvizinhos com suas cruzes assistir nela à procissão do Corpo de Deus; cuja observância guardam ainda hoje as duas que lhe ficam mais próximas, que são a de Santana e a do Arco"; 1727 - informação de que não estava terminado o camarim; 10 out. - provisão do bispo para que o pároco António Fernandes Barradas requeresse um cura coadjutor do vigário; 1728, 28 ago. - nomeação provisória do padre Sebastião Gonçalves para coadjutor do vigário; 1731, 3 out. - visitação do cónego doutor Bernardo Rodrigues Nogueira, comissário do Santo Ofício, admoestando de novo o padre Barradas, pois que "que visitando esta Paroquial de São Jorge", presenciara "com dor e lástima o pouco asseio desta Igreja e a pobreza de ornamentos, descaminho e falta de zelo nos bens das Confrarias e da mesma" igreja, sendo o pároco afastado; 1732, set. - início de funções como vice-vigário do padre Francisco Marques de Mendonça; 1734, 3 jul. - exame do padre Marques de Mendonça para vigário de São Jorge, sendo o padre Barradas afastado para a Calheta; 1737, 13 set. - informação de se terem começado as obras de ampliação da igreja; 1740 - trasladação dos ossos da igreja em obras para a capela de São Pedro; 1749, 9 jan. - breve do Papa Bento XIV de indulgência plenária à Confraria de São Jorge; 1743, 27 jul. - informação de já haver serviço na capela-mor e provimento do bispo D. Frei João do Nascimento para ordenação da Confraria do Santíssimo, que não tinha Compromisso; 1744, 28 jun. - provisão de ereção da Confraria do Santíssimo; 1746, 11 fev. - alvará régio de criação de um curato; 2 dez. - inquirição ao mestre das obras reais João Martins de Abreu e ao mestre pedreiro Pedro Fernandes Pimenta sobre a petição do vigário Francisco Marques de Mendonça de um retábulo dourado, pintura do orago, azulejos e muros para o adro da igreja; 3 dez. - informação do escrivão da fazenda e contos Domingos Afonso Barroso, servindo de Provedor, não entendendo necessário o muro para o adro; 1748, 3 maio - termo de sujeição da Confraria do Santíssimo; 13 maio - aprovação do Compromisso da Confraria do Santíssimo; 1749, 8 nov. - ordem do conde de Unhão para se efetuar o processo para o altar de São Jorge; 10 dez. - ordem do provedor da fazenda Manuel Teixeira de Castro para se deslocarem a São Jorge o mestre das obras reais Domingos Rodrigues Martins e o entalhador Julião Francisco Ferreira; 1750, 8 jan. - termo de juramento do entalhador para se deslocar a São Jorge com o mestre das obras reais, feito perante o provedor adjunto Domingos Afonso Barroso; 18 jul. - informação do mestre das obras reais Domingos Rodrigues Martins do orçamento do novo retábulo com tribuna, de que executa desenho, ficando a talha a cargo de Julião Francisco Ferreira e o douramento, de José António da Costa; 20 jul. - juramento do dourador comprometendo-se a executar o douramento e a pintura de São Jorge para o altar; 25 jul. - informação do provedor da fazenda alvitrando a vinda do painel de São Jorge de Lisboa, por ficar em metade do preço; 1751, 3 fev. - informação positiva do Conselho da Fazenda; 1755 - informação sobre a demarcação do local onde fora a primitiva igreja no calhau; 1758 - informação do sítio da "Igreja Velha" ter sido vendido ao padre José António de Aguiar por 4$000; 1756, 4 ago. - informação de residir em São Jorge José António da Costa "por causa do douramento e da pintura" da igreja; 1761, 17 set. - benção da nova igreja pelo bispo D. Afonso da Costa Brandão e trasladação dos ossos da capela de São Pedro para a "casa dos ossos" no vão da escada da torre; 19 set. - ordenação de minoristas e presbíteros da Diocese na nova igreja de São Jorge; 1776, 24 set. - escritura de doação do morgado Diogo de Ornelas Frazão de Figueirôa e sua mulher D. Isabel Maria Brito do terreno anexo à igreja designado por Passal; 1840, 5 mar. - ruína do teto do corpo da igreja motivado por fortes chuvadas; 1846, 17 nov. - diligência do governador José Silvestre Ribeiro para se angariarem fundos para a reconstrução do telhado da igreja; 1849, 14 maio - aprovação da proposta das obras na igreja na Câmara dos Deputados, em Lisboa; 1850, 15 abr. - início da obra de reposição do tecto; 1892, 27 fev. - ciclone que causou danos na igreja, especialmente na residência paroquial;