Pote Makonde de leilão Sotheby's, Paris, de setembro de 2007, Planalto de Mueda, 1970 (c.), Moçambique.
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Descrição
Pote Makonde.
Pot en terre cuite, Makondé, Mozambique.
Terracota moldada, gravada e patinada, 58, 5 cm. (diâmetro)
Escultor Makonde, 1970 (c.), Planalto de Mueda, Moçambique.
Leilão Sotheby's, Paris, The Marc And Denyse Ginzberg Collection, African Forms, 10 de setembro de 2007, lote 137, avaliado entre 2.800 e 4.500 euros, França.
De forme globulaire, à fond arrondi et col évasé, la partie supérieure de la panse ornée de motifs de feuilles et de bandes de chevrons incisés, rehaussés de kaolin. Patine gris-beige.
Exhibited: African Forms, Cornell, 2004; exposto: Ginzberg, 2000 : 91; Cameron, African Arts, été 2001 : 52.
Os Makondes são um povo da África oriental que habita 3 planaltos do norte de Moçambique, as margens do Rovuma e o sul da Tanzânia, na ordem de 1.260.000 indivíduos, mantendo ainda aspetos da sua religião animista tradicional, embora a maior parte da população seja hoje cristã. Têm como atividades principais, a agricultura e, hoje, são essencialmente conhecidos pela sua escultura, onde se reflete visualmente muito da sua cultura, como a antiga utilização de batoque labiais, a mutilação dos dentes incisivos e as abundantes tatuagens, aspetos hoje já muito pouco usados. São um povo Bantu, provavelmente originário de uma zona a sul do lago Niassa, na fronteira entre Moçambique, Malawi e Tanzânia, apresentando semelhanças culturais com o povo Chewa, que ainda hoje habita aquela vasta zona, devendo ter pertencido, em tempos remotos, a uma grande federação Marave, que teria iniciado a sua migração para nordeste, ao longo do vale do rio Lugenda. Mantiveram-se muito isolados até tarde e só nos inícios do século XX é que os portugueses, que colonizavam Moçambique, conseguiram controlar as zonas por eles habitadas, dada a sua instalação em planaltos e florestas densas, tal como por terem ganho uma certa imagem de violentos e irascíveis, ajudando à criação dessa imagem o cortarem os dentes da frente para implantarem batoques labiais (lip plug), ou seja, o adorno nndoma ou ndonya, cobrindo o corpo com abundantes tatuagens relevadas e conseguindo, assim, manter uma forte coesão cultural. Nesse quadro, as missões católicas só se conseguem fixar nos seus territórios a partir dos anos 20 do passado século, tendo as conversões ao cristianismo começado apenas por volta de 1930.