Patena do cálice 2 do mosteiro de Arouca do MMIPo, oficina portuguesa, 1520 a 1540 (c.), Porto, Portugal
Categorias
Descrição
Patena do cálice 2 do mosteiro de Arouca do MMIPo
Prata e esmalte de oficina portuguesa, 1520 a 1540 (c.)
Dimensões: 1,5 x 21,5 x 21,5 cm.
Peso: 377 gr.
Mandado fazer por D. Melícia de Melo, adquirido por João Allen (1848), arrematado depois pelo reverendo Manuel de Cerqueira Vilaça Bacelar e legado pelo mesmo à Santa Casa da Misericórdia do Porto.
Núcleo .04 Ourivesaria.
Museu com reforma de 2013 a 2015
Museu da Misericórdia do Porto, Rua das Flores, Porto, Portugal.
Patena circular em prata dourada com tarja ornada de elementos fitomórficos estilizados, seguida de cercadura com inscrições em caracteres góticos ("AD LAUDEM DEI MILICIA ABATISA ME FECIT") entremenados por elementos vegetalistas; parte central duplamente rebaixada, sendo a inferior envolta por seis lóbulos, com medalhão circular central, onde se inscreve a representação emblemática de D. Melícia de Melo: uma coluna enrolada por corda e ladeada por dois flagelos. Os esmaltes são de tonalidade verde, azul claro e amarelo ocre, com figurações fitomórficas envolvendo o brasão, em cujo interior observamos vestígios de esmalte azul e lilás, por toda a superfície da patena dispoem-se motivos decorativos vegetalistas, alguns definidos por pontilhados; no verso, moldura exterior com elementos fitomórficos entremeados por três representações heráldicas esquartejadas, que se repetem em medalhão central, envoltas por inscrição ("ESTE*CALEZ*TROUXE*ILENA*DA*MAIA*FILHA*DA*MA/DE*N/D(?)A/MAIA"). Ao longo do verso, dispõem-se elementos vegetalistas, representados essencialmente através de pontilhados, com uma exceção dada pela figuração de uma parte do corpo de caracol no lóbulo situado sobre o escudo central.
A encomodante deste cálice, D. Melícia de Melo, abadessa do mosteiro de Arouca entre 1511 e 1561, era filha de D. Álvaro Gonçalves Coutinho, marechal de Portugal, e de sua mulher, D. Brites de Melo Soares. o genealogista Felgueiras Gayo chama-lhe D. Micaela de Melo, mas tratar-se-à de um erro, até porque a avó materna tinha por nome D. Melícia Soares de Melo. Depois de 1834, e antes da secularização deste mosteiro, que teve lugar somente em 1886, as monjas encontravam-se em tais dificuldades económicas que, segundo informa Manuel Rodrigues Simões Júnior, e a partir das palavras da abadessa de então, os cálices foram vendidos por "neste mosteiro não haver nem cinco reis". Foram, então adquiridos pelo coleccionador João Allen e, posteriormente à sua morte, que ocorreu em 1848, fizeram parte do respectivo inventário orfanológico. Arrematados pelo padre Manuel Cerqueira de Vilaça Bacelar, respectivamente por 96$000 reis, que viriam, por sua disposição testamentária, a ser legados a instituições relacionadas com a Santa Casa da Misericórdia do Porto, tendo a presente por destino o Recolhimento de Órfãs de Nossa Senhora da Esperança.
O MMIPo, instalado no conjunto edificado onde funcionou a sede da Santa Casa do Porto desde os meados do XVI até 2013, conjunto que teve uma muito completa reconstrução nos meados do XVIII e foi, entretanto, adaptado a museu e inaugurado a 15 de julho de 2015. Em 2016 foi distinguido com o galardão de Melhor Museu do Ano pela APOM, para além de ter conquistado o prémio de Melhor Site e o de Melhor Incorporação com a aquisição de uma obra de Josefa d'Óbidos (1630-1684), a 28 de janeiro de 2016, na Sotheby’s de Nova Iorque, por 250 mil dólares (228.000 euros), voltando nos anos seguintes a ter outros prémios.