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Arquipelago de Origem:
Freguesia da Sé (Funchal)
Data da Peça:
1931-04-04
Data de Publicação:
28/06/2025
Autor:
Perestrellos
Chegada ao Arquipélago:
2025-06-06
Proprietário da Peça:
Museu de Fotografia da Madeira
Proprietário da Imagem:
ABM
Autor da Imagem:
ABM
Os tenentes de Caçadores 5, Manuel Ferreira Camões e Sílvio Pélico Neto, chefes do movimento revolucionário de 4 de abril de 1931, Funchal, ilha da Madeira.

Categorias
    Descrição
    Os tenentes de Caçadores 5, Manuel Ferreira Camões e Sílvio Pélico de Oliveira Neto, chefes do movimento revolucionário de 4 de Abril.
    (1898-1968) e (1900-1955)
    Bilhete postal Perestrellos Photographos, 4 de abril de 1931.
    Photographia-Museu Vicente's.
    Funchal, ilha da Madeira.

    Manuel Ferreira Camões (1898-1968). Integrou o Corpo Expedicionário Português e participou na batalha de La Liz. Regressado a Portugal, frequentaria a Universidade de Coimbra onde se licenciou em Medicina, sendo reintegrado no Exército. Seria, entretanto, deportado para a Madeira, dado como subversivo e assumiria o início da Revolta da Madeira de 4 de Abril de 1931, assaltando o palácio de São Lourenço com o tenente Sílvio Pélico de Oliveira Neto, que afrontou a ditadura de Salazar, colocando a Ilha com governo próprio durante um mês. Seria depois deportado com mais militares para a ilha de São Nicolau em Cabo Verde, onde começaram por ser instalados no antigo Seminário-Liceu, sendo ainda em 1931, deslocados para o Comando do Tarrafal daquela Ilha. Regressaria a Portugal, pontualmente, em 1952, mas voltaria a São Nicolau, onde já possuía larga descendência e onde era uma verdadeira referência. Encontra-se enterrado no cemitério da Tabuca, na Assomada, frente à Ribeira Brava. Levantamento efectuado por Francisco Faria Paulino para as comemorações dos 75 anos da Revolta da Madeira, Funchal, 4 de Abril de 2006.
    O pronunciamento da Revolta da Madeira iniciou-se pelas 07h00 de 4 de abril de 1931, numa operação chefiada pelo tenente médico Manuel Ferreira Camões (1898-1963), que envolveu forças de Caçadores 5, Metralhadoras 1, Infantaria 13 e Artilharia 3, que toma o Palácio de São Lourenço, onde são aprisionados os coronéis Silva Leal (Alto Comissário do Governo) e José Maria de Freitas (Governador Militar). O Governador Civil de então, o capitão Almeida Cabaço, é também detido. Nesse mesmo dia, foi constituída uma Junta Governativa da Madeira, presidida pelo general Sousa Dias (1865-1934) e composta pelos oficiais Armando Hasse Ferreira, Augusto Casimiro, Carlos Bragança Parreira, Carlos Vilhena, Fernando Freiria, Filipe de Sousa, José Mendes dos Reis, Manuel Ferreira Camões e Sebastião Costa, que declara só depor armas assim que o Governo de Lisboa assegure o retorno ao sistema constitucional e o fim da censura.
    Os revolucionários obtiveram o apoio imediato da população, que se manifestou favoravelmente no Largo da Restauração, e que já havia protestado veemente contra as políticas económicas restritivas do Estado, na chamada Revolta da Farinha (entre 4 e 9 de fevereiro de 1931). A grave crise económico-financeira que assolava a Madeira e o manancial de deportações para a (e da) ilha, de dissidentes civis e militares que participaram em movimentos insurrecionais (o primeiro ocorreu na Revolta de fevereiro de 1927), propiciou o sucesso inicial da Revolta da Madeira, que teve repercussão em algumas ilhas dos Açores, Guiné Portuguesa, Moçambique e São Tomé, que se sublevaram no mesmo mês. A rápida supressão desses levantamentos por parte do regime, a incapacidade de replicar o pronunciamento no continente e a falta de armamento, irá hipotecar o sucesso da Revolta da Madeira, que, todavia, foi a de mais longa duração (28 dias).
    Nesse curto espaço temporal, foi possível reunir a adesão da grande maioria dos partidos políticos locais, e formar um governo provisório onde o General Sousa Dias assumiu o Poder Executivo e Legislativo em acumulação com o Comando Militar da Madeira, secundado pelos coronéis Augusto Freiria (Chefe do Estado Maior) e Mendes dos Reis (Comandante das Forças), e ainda por Ferreira Camões (Delegado das Forças revolucionárias). Foram nomeados como Subsecretários, os cidadãos Dr. Manuel Pestana Júnior (Economia Pública) e Carlos Frazão Sardinha (Comércio e Comunicações). Entre as primeiras ações da Junta Revolucionária da Madeira, encontram-se medidas populistas como a revogação do decreto (da fome)19.273, concessão de empréstimos à indústria de bordados, proibição de especulação sobre bens essenciais e ativação de mecanismos de defesa. Perante o cenário de conflito armado, as nações estrangeiras com interesses na região acionaram meios, sendo que no dia 8 de abril já se encontrava fundeado na baía do Funchal o cruzador inglês London, com o intuito de proteger os súbditos britânicos e seus bens.
    A reação do Estado ganha visibilidade a 7 de abril, altura em que partem forças de Lisboa para dominar a revolta, sob o comando do coronel Fernando Borges. A 24 e 25 desse mês, partem novas expedições para a Madeira, respetivamente sob o comando do Contra-Almirante Magalhães Correia e do Coronel Carneira. As hostilidades começam no dia 26 de abril, no Caniçal, e nos dias que se seguem ocorrem novos ataques na Calheta, Funchal e Machico, sendo que os combates mais intensos ocorreram no dia 30 (Caniçal e Machico). No dia seguinte, as forças governamentais bombardearam o litoral Sul e tomaram Machico, onde se verificam mortos e feridos. No dia 2 de maio, perante a incapacidade de contrariar as forças governamentais, que atacavam por terra, mar e ar, a Junta Governativa da Madeira, reunida no Porto Novo, envia um telegrama de rendição ao ministro da Marinha. Seguir-se-iam represálias de ordem económico-financeira e penas de degredo em África (Cultura Madeira, 4 abr. 2021).