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Arquipelago de Origem:
Camacha
Data da Peça:
1930-00-00
Data de Publicação:
02/08/2024
Autor:
Foto Figueiras
Chegada ao Arquipélago:
2024-08-04
Proprietário da Peça:
Museu de Fotografia da Madeira
Proprietário da Imagem:
ABM
Autor da Imagem:
Photo Figueiras/ABM
Oficina de obra de vimes da Camacha, bilhete-postal da Photo Figueiras, 1930 (c.), ilha da Madeira.

Categorias
    Descrição
    Fabrico de obra de vimes, Camacha, Madeira.
    Vários homens e rapazes estão a fazer cadeiras junto a uma casa térrea de alvenaria e cobertura de colmo sob o olhar atento de um homem de casaco, provavelmente o gerente da oficina ou do distribuidor do Funchal
    Bilhete-postal da Foto Figueiras (1930-1988), 1930 (c.), ilha da Madeira
    Museu de Fotografia da Madeira, Atelier Vicente's, PHF-130, em depósito na DRABM, Funchal, ilha da Madeira

    A Foto Figueiras, fundada em 1930 por António Gomes Figueira (1901-1980) e Carlos Melim, tal como depois, com António Gomes Figueira (1911-1995), começou por ser uma loja de artigos fotográficos a Foto Figueiras & Melim, mas que, rapidamente, expandiu a sua atividade como estúdio de captação de imagem. Sendo uma referência no panorama regional, dedicou-se à fotografia de paisagem e de estúdio. O facto de estar localizada no Largo das Fontes, próximo do terminal das carreiras de autocarros provenientes das zonas rurais, permitiu que fossem muitos aqueles que aproveitassem para “tirar o retrato”. A 27 de dezembro de 1989, o estúdio encerra ao público e o Governo Regional da Madeira, através do então Photographia – Museu “Vicente's”, adquire o espólio fotográfico do mesmo.
    O trabalho de verga, na Madeira, geralmente designado por obra de vimes, é comum em toda a Europa e noutros locais do mundo, parecendo ter vindo do Oriente e ter sido introduzido em tempos muito remotos nas culturas do Mediterrâneo através do Egito. Estes trabalhos são obtidos, prioritariamente, a partir dos ramos do vimeiro, arbusto que se cultiva na Madeira até uma altitude de cerca de 800 m, em locais húmidos e com abundância de água, quase sempre perto de ribeiras. O vimeiro cultivado na Madeira parece ser o cruzamento da espécie do género Salix alba L. (choupo) com o Salix fragilis L. (chorão), só existindo indivíduos femininos, mas que se multiplicam de estaca com uma extrema facilidade.
    A sua cultura esteve espalhada um pouco por toda a ilha, principalmente nos terrenos húmidos, leitos das ribeiras, lameiros e próximos das levadas, como acima referido. A poda do vimeiro executa-se desde janeiro até março, sendo então as longas hastes reunidas em feixes em seguida à colheita. O descasque pode ser quase imediato e feito a quente, por escaldão, mas ficando ligeiramente acastanhado e sendo utilizado em determinadas obras que não exigem o emprego de vime branco. Caso contrário, o seu tratamento exige mergulhar as pontas das hastes do vimeiro nas ribeiras, ou em tanques, onde fica cerca de mês e meio a três meses, para rebentar ou refilar o caule, após o que pode ser descascado, havendo cuidados especiais em que receba luz e o arejamento necessário, após o que se deve cortar a parte que esteve mergulhada na água. Após esta operação, o vime é seco ao sol durante cerca de dois meses e depois novamente humedecido para poder ser trabalhado.
    É a haste mole, flexível, comprida, delgada e resistente do vimeiro que constitui a matéria-prima para a produção dos diversos artefactos que constituem a obra de vimes. Em termos formais e funcionais, esta obra pode dividir-se em várias categorias, que vão desde obras mais ou menos leves, como cestos para flores e para pequenos objetos, até outra cestaria para uso doméstico e mais utilitário, mas também para utilização em tarefas agrícolas, como os “cestos vindimos”, para recolha da uva, tal como na construção civil e, depois, com um outro trabalho mais cuidado, em mobiliário diverso, com especial destaque para cadeiras, mesas, etc., a partir dos meados do século XIX, muito especialmente para exportação.