Oba Ovonramwen Nogbaisi do Benim a caminho do exílio, fotografia de Jonathan Adagogo Green, agosto de 1897, Benim, Nigéria.
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Descrição
Oba Ovonramwen Nogbaisi do Benim a caminho do exílio.
(c. 1857-1914)
Pormenor de fotografia de Jonathan Adagogo Green (1873-1905), IM iate Ivy, agosto de 1897
Sentado em cadeira de vime da Madeira (?)
British Museum, Londres, Inglaterra.
Na sequência da expedição punitiva inglesa de fevereiro de 1897 foi preso o o rei do Benim, o Oba Ovonramwen Nogbaisi (c. 1857-1914), que conseguira fugir, mas fora capturado em agosto seguinte, tendo sido fotografado a caminho do exílio na cidade de Calabar, onde viria a falecer, tudo levando a crer estar sentado numa cadeira de vime madeirense. O grande saque ao património da antiga capital do Benim ocorreu com esta expedição punitiva inglesa, quando o palácio foi queimado e todos os bronzes, na ordem de alguns milhares, desmontados, seguindo para Londres como tributo de guerra, embora já nos anos anteriores se tivessem processado recolhas por arqueólogos e etnógrafos europeus.
O trabalho de verga, na Madeira, geralmente designado por obra de vimes, é comum em toda a Europa e noutros locais do mundo, parecendo ter vindo do Oriente e ter sido introduzido em tempos muito remotos nas culturas do Mediterrâneo através do Egito. Estes trabalhos são obtidos, prioritariamente, a partir dos ramos do vimeiro, arbusto que se cultiva na Madeira até uma altitude de cerca de 800 m, em locais húmidos e com abundância de água, quase sempre perto de ribeiras. O vimeiro cultivado na Madeira parece ser o cruzamento da espécie do género Salix alba L. (choupo) com o Salix fragilis L. (chorão), só existindo indivíduos femininos, mas que se multiplicam de estaca com uma extrema facilidade.
A sua cultura esteve espalhada um pouco por toda a ilha, principalmente nos terrenos húmidos, leitos das ribeiras, lameiros e próximos das levadas, como acima referido. A poda do vimeiro executa-se desde janeiro até março, sendo então as longas hastes reunidas em feixes em seguida à colheita. O descasque pode ser quase imediato e feito a quente, por escaldão, mas ficando ligeiramente acastanhado e sendo utilizado em determinadas obras que não exigem o emprego de vime branco. Caso contrário, o seu tratamento exige mergulhar as pontas das hastes do vimeiro nas ribeiras, ou em tanques, onde fica cerca de mês e meio a três meses, para rebentar ou refilar o caule, após o que pode ser descascado, havendo cuidados especiais em que receba luz e o arejamento necessário, após o que se deve cortar a parte que esteve mergulhada na água. Após esta operação, o vime é seco ao sol durante cerca de dois meses e depois novamente humedecido para poder ser trabalhado.
É a haste mole, flexível, comprida, delgada e resistente do vimeiro que constitui a matéria-prima para a produção dos diversos artefactos que constituem a obra de vimes. Em termos formais e funcionais, esta obra pode dividir-se em várias categorias, que vão desde obras mais ou menos leves, como cestos para flores e para pequenos objetos, até outra cestaria para uso doméstico e mais utilitário, mas também para utilização em tarefas agrícolas, como os “cestos vindimos”, para recolha da uva, tal como na construção civil e, depois, com um outro trabalho mais cuidado, em mobiliário diverso, com especial destaque para cadeiras, mesas, etc., a partir dos meados do século XIX, muito especialmente para exportação.