O Palácio Ratton e os fidalgos da rua Formosa, Hélder Carita, Lisboa, Caleidoscópio, 2023, Portugal.
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Hélder Carita, O Palácio Ratton e os fidalgos da rua Formosa, Lisboa, Caleidoscópio, 2023.
Lançamento depois a 12 de abril de 2024, no Tribunal Constitucional.
Construído numa zona da cidade de Lisboa com uma forte carga mítica, o palácio Ratton constitui-se como um dos mais significativos exemplos de palácio do neo-classicismo em Portugal. As suas linhas sóbrias e depuradas acompanham uma corrente de pensamento fisiocrata e liberal que, recusando o supérfluo e a preponderância da decoração que predominara durante o barroco, marcam um retorno a uma certa simplicidade e despojamento de matriz clássica. Situado na hoje rua de O Século, conhecida durante épocas por rua Formosa, o palácio Ratton perfila-se numa sequência de importantes edificações nobres, onde se destaca o palácio do marquês de Pombal (). Aqui, o marquês foi reunindo um conjunto de grandes comerciantes e altos funcionários régios, que se vão instalando tanto no palácio da sua família como noutros da zona, ou ainda em edifícios construídos pelo poderoso ministro.
Jácome Ratton foi um dos mais conhecidos representantes desta pequena corte, acabando o seu filho Diogo por aqui construir um novo palácio. Com uma vista surpreendente sobre o jardim, tendo por fundo o estuário do Tejo, o palácio Ratton inscreve-se numa zona privilegiada da cidade, marcada por bons ares e pontuada por hortas e pomares.
Jácome Ratton (Monestier de Briançon, 7 jul. 1736; Lisboa, finais de 1821 a inícios de 1822) veio muito cedo, em 1747, com os pais para Lisboa, onde continuou a educação. Veio a naturalizar-se português em 1764 e, pouco depois, investia em várias indústrias desde a tecelagem à exploração do sal, em Alcochete, tendo a sua fábrica de fiação de Tomar, pouco depois de 1789, sido a primeira a utilizar em Portugal uma máquina a vapor. Foi, entretanto, deputado do tribunal supremo da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação; fidalgo cavaleiro da Casa Real e cavaleiro da ordem de Cristo, mas após as invasões francesas era dado como estrangeirado, tal como Domingos Vandelli (1735-1816) e deportado, em 1810, para os Açores, de onde passaria, depois, a Inglaterra. Regressado a Lisboa, aí faleceu entre 1821 e 1822.
Hélder Carita (Lisboa, 1950-) Arquiteto de formação (1976) e interessado em artes decorativas, foi durante muitos anos professor e diretor do Instituto Superior de Artes Decorativas da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva (1974 e segs.). Concluiu, entretanto, mestrado em História da Arte Moderna - Arquitectura e Urbanismo, na F.C.S.H. da U.N.L, em 1998, com o tema "Lisboa Manuelina e a formação de modelos urbanísticos da época moderna ( 1496-1521)" e, o doutoramento em História da Arquitectura e Urbanismo, em 2007, pela Universidade do Algarve, com o tema "Arquitectura Indo- Portuguesa na Região de Cochim e Kerala, modelos e tipologias do séc. XVI e XVII". Interessando-se, especialmente, por literatura clássica e de viagens, tem publicado uma série de obras sobre essas áreas, com destaque para os jardins e a arquitetura senhorial, sendo coordenador em Portugal do projeto A Casa Senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro (sécs. XVII a XIX), entretanto, ampliada a Portugal, Brasil e Goa, sendo investigador integrado do IHA-NOVA FCSH/IN.