Nossa Senhora dos Bons Caminhos, Amândio de Sousa, 1965, Casais de Além, Camacha, Santa Cruz, ilha da Madeira
Categorias
Descrição
Nossa Senhora dos Bons Caminhos.
Baixo-relevo em cantaria regional esculpida montada em pelintro de cimento.
Amândio de Sousa (1932-2021), 1965.
Fotografia de Emanuel Gaspar.
Casais de Além, Camacha, Santa Cruz, ilha da Madeira.
A primeira escultura pública do Amândio de Sousa na Madeira, datada de 1965, no sítio dos Casais de Além, Camacha. Uma pequenina N.ª Sr.ª dos Bons Caminhos. Desejo que tenha um bom caminho pelo Além... Um homem maior da es(cultura) que trouxe para a Madeira a linguagem contemporânea no espaço público. Guardo na memória a sua amabilidade, lucidez, integridade, fino trato, inteligente humor e grande sentido estético (Emanuel Gaspar, 2021).
Amândio de Sousa (Funchal, 1932-2021). Concluiu o curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes do Porto com a classificação final de vinte valores, tendo sido aluno de Salvador Barata Feyo (1899-1990) e de Lagoa Henriques (1923-2009). Aí conviveu com os elementos do futuro grupo "Quatro Vintes", constituído por Ângelo de Sousa (1938-2011), Armando Alves (1935-), Jorge Pinheiro (1931-) e José Rodrigues (1936-2016), dado todos terem terminado o curso com aquela classificação, participando na dinâmica dessa geração e da Escola do Porto. Participou na 24ª Missão Estética de Férias em Beja, orientada pelo Prof. Armando de Lucena (1961). Estagiou, no início dos anos 60, na fábrica Jerónimo Pereira Campos Filhos, em Aveiro, onde iniciou a prática de cerâmica o que, mais tarde, aproveitando a existência de uma olaria no Funchal, o levou a executar uma série de peças de barro vidrado. Mais tarde, estagiou no Centro Internacional de Escultura de Pero Pinheiro, onde executou peças em pedra, duas das quais estão no Centro Cívico e Cultural do Estreito de Câmara de Lobos. Fundou a primeira galeria de design e arte moderna no Funchal, a Tempo, em 1964, com o Arq. Rui Goes Ferreira (1926-1978), a Galeria de Artes Decorativas Tempo, onde se realizaram mostras de arte contemporânea, tendo colaborado com o arq. Raul Chorão Ramalho (1914-2002) e executado inúmeros trabalhos públicos de grande rigor e exigência, entre os quais a Trilogia de Poderes da Assembleia Legislativa Regional, 1990 e a Justiça do Tribunal da Ponta do Sol, 1994. Exerceu funções docentes no Ensino Secundário, foi Assessor para os Assuntos Culturais (1976-1978), e Diretor do Museu das Cruzes (1977-2001). Esteve representado na exposição Horizonte Móvel. Uma perspectiva sobre as artes plásticas na Madeira —1960-2008, Funchal, Museu de Arte Contemporânea do Funchal, 2008, realizada no âmbito dos 500 Anos da Cidade do Funchal. Em fevereiro de 2016 apresentou Derivações na Ordem dos Arquitetos, Funchal, em colaboração com o Arq. Duarte Caldeira e, em dezembro do mesmo ano, integrou, com o pintor Jorge Pinheiro, a exposição Paralelamente, no MUDAS-Museu de Arte Contemporânea da Madeira. Tem trabalhos em diversos edifícios do Funchal (Clínica de Santa Catarina, Hotel Monte Rosa, casa do Dr. Semião Mendes), bem como escultura pública em várias localidades do país, nomeadamente uma figura feminina em bronze, hoje no Cais da Fonte Nova em Aveiro. Da colaboração com o Arq. Chorão Ramalho destacam-se o sacrário da igreja do Imaculado Coração de Maria e o relevo em betão para a entrada oeste do edifício do Centro de Segurança Social da Madeira (antiga Caixa de Previdência, 1970). Concebeu o mobiliário litúrgico para a Igreja do Carmo, em Câmara de Lobos, da autoria do Arq. Marcelo Costa (1927-1994) e desenvolveu ainda diversos trabalhos na área do design.
Das peças escultóricas em espaços públicos na Madeira destacam-se:
1965 - Nossa Senhora dos Caminhos, Casais de Além, Camacha
1969 - Escultura comemorativa do 1º jogo de futebol na Madeira, Largo da Achada, Camacha.
1990 - Trilogia dos Poderes, bronze, Assembleia Regional da Madeira.
1994 - Justiça, Tribunal da Ponta do Sol.
2001 - Escultura comemorativa dos 500 anos da fundação do concelho da Ponta do Sol, betão e cascata de água.
2004 - Homenagem à diáspora madeirense, muro de cantaria com intervenção em cobre, Parque Temático, Santana.
2020 - Escultura Comemorativa dos 600 Anos da Descoberta do Arquipélago da Madeira, “Árvore Metálica”, Rotunda Bernard Harvey Foster (Funchal).
Foi distinguido com os seguintes prémios nacionais: 2º Prémio Secil de Escultura em Betão - Câmara Municipal do Porto (1992); 1º Prémio Secil de Escultura em Betão - Câmara Municipal de Montijo (1994) e 3º Prémio Secil de Escultura em Betão - Câmara Municipal de Braga (1993). Cf. Isabel Santa Clara, "Amândio de Sousa, Escultor", in revista Islenha, nº 49, jul. dez. 2011, pp. 131-148.