Natália Correia com llona Staller, Cicciolina, São Bento, 19 de novembro de 1987, Lisboa, Portugal.
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Descrição
Natália Correia com llona Staller, Cicciolina.
(1923-1993) e (Budapeste, 1951-)
Lisboa, São Bento, 19 de novembro de 1987.
Arquivo Natália Correia, São Miguel, Açores.
Natália Correia (Fajã de Baixo, Ponta Delgada, São Miguel, 13 set. 1923; Lisboa, 16 mar. 1993), que já vira livros seus de poesia e teatro proibidos, organizou uma monumental Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, Dos Cancioneiros Medievais à Actualidade, em 1966, com 552 páginas, abrangendo sete séculos e meio de versos do mais puro vernáculo, com ilustrações de Cruzeiro Seixas (1920-2020). Das cantigas de escárnio e maldizer aos experimentalismos de E. M. de Melo e Castro (1932-2020), Herberto Hélder (1930-2015) e António Aragão (1921-2008), passando por Nicolau Tolentino (1740-1811), Bocage (1765-1805), Guerra Junqueiro (1850-1923), vários anónimos, Mário Cesariny (1923-2006), Jorge de Sena (1919-1978), José Carlos Ary dos Santos (1936-1984), Luíz Pacheco (1925-2008) ou a própria Natália, cabia tudo. Acabariam em tribunal, no ano seguinte, Natália Correia, Mário Cesariny de Vasconcelos, Ary dos Santos e Luís Pacheco. Coordenadora da Arcádia, voltaria a ser processada por ter tido a responsabilidade editorial das Novas Cartas Portuguesas das 3 Marias (1972) e, nos meados e finais de 1973, trabalharia com o general António de Spínola (Estremoz, 11 abr. 1910; Lisboa, 13 ago. 1996), na revisão e depois edição do Portugal e o Futuro, que saiu a em fevereiro de 1974. Durante as décadas de 1970 e 1980 geriu o Botequim, ao Largo da Graça, onde se reunia grande parte da intelectualidade portuguesa. Com Maria Mendonça (1916-1997) e outras, participaria na fundação do Pátio do Funchal, ilha da Madeira, por onde passou várias vezes.
Soneto ao deputado Morgado do PSD, sobre a interrupção da gravidez:
Já que o coito - diz Morgado - /tem como fim cristalino,/preciso e imaculado/fazer menina ou menino;/e cada vez que o varão/sexual petisco manduca,/temos na procriação/prova de que houve truca-truca./Sendo pai só de um rebento,/lógica é a conclusão/de que o viril instrumento/só usou - parca ração! -/uma vez. E se a função/faz o órgão - diz o ditado -/consumada essa exceção,/ficou capado o Morgado.