Menina dando esmola a um pobre no Monte, 1915 (c.), porta da capela do Desterro, freguesia do Monte, Funchal, ilha da Madeira.
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Descrição
Menina dando esmola a um pobre no Monte
Menina Maria das Mercês de Sousa Meneses Bettencourt da Câmara.
Joaquim Augusto de Sousa (1853-1905) (fundo), 1915 (c.).
Museu de Fotografia da Madeira-Atelier Vicente's, Inv. JAS 1245, em depósito na DRABM
Porta da capela do Desterro, freguesia do Monte, Funchal, ilha da Madeira.
Ilhas de contrastes
A Madeira das quintas românticas, dos hotéis de luxo, dos animados bailes de tango e foxtrot no Casino, tão bem descritos na obra de Horácio Bento de Gouveia (1901-1983), era também uma Madeira de dificuldades, de pobreza e de lutas constantes pela sobrevivência. Estas duas realidades conviviam nas ruas e veredas da cidade, nas vilas e nos campos - onde a perspetiva de trabalhar de sol a sol, onde a ausência de um futuro para lá do amanhã, cruzavam-se com a ociosidade, a abundância e a excentricidade. Estas diferenças acabariam por ser motor de partida para as vagas migratórias que marcaram a Madeira dos primeiros três quartéis do século XX.
Esta exposição procura retratar a realidade da Madeira nos três primeiros quartéis do século XX e o quotidiano das suas gentes, que, em busca de melhores condições de vida, se viram forçadas a emigrar, e acabaram por levar o nome e a herança cultural da terra natal além-fronteiras. É um pequeno vislumbre sobre um espaço insular de realidades antagónicas. A beleza natural das paisagens, o clima ameno e a lhaneza dos íncolas - que encantavam e atraíam muitos visitantes, Ilustres e desconhecidos - contrastavam com a escassez e a dureza das condições de vida de um povo que lutava pela sobrevivência. Esta é uma Madeira vetusta de realidades opostas, onde o fosso entre classes sociais evidenciava que a pobreza de muitos convivia lado a lado com a excentricidade de poucos e com o frenesim cosmopolita da capital madeirense, o Funchal. É a Madeira da Canga de Horácio Bento de Gouveia, a que a Autonomia desferiu golpe decisivo.
Entre o que era e o que poderia ser, muitos madeirenses arriscaram tudo. Saíram de duas pequenas Ilhas situadas no Oceano Atlântico, à descoberta de novas rotas, novas terras. Multiplicaram-se e deram mais mundo ao nosso Mundo, honrando o nosso Povo e a nossa Terra. É dos primeiros passos desta “Madeirensidade” pelo mundo que aqui se dá conta.
Bloco Ilhas de contrastes 3 da exposição A Madeira e os Ventos da Emigração coordenada por Sara Moura e Filipe dos Santos, Museu de Fotografia da Madeira, Atelier Vicente's, átrio interior do edifício do Governo Regional, 2023.