Martha Telles (1930-2001): A linguagem do silêncio, Solar do Aposento, 31 de março de 2022, Ponta Delgada, ilha da Madeira
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Descrição
Martha Telles (1930-2001): A linguagem do silêncio,
Exposição com curadoria de Márcia Sousa.
Solar do Aposento, fotografia da apresentação de Márcia Sousa, 31 de março de 2022.
Ponta Delgada, ilha da Madeira.
Projeto de parceria entre o MUDAS. Museu de Arte Contemporânea da Madeira e o Solar do Aposento, integrou o programa das comemorações dos trinta anos da Fundação do Museu de Arte Contemporânea da Madeira e deu continuidade à política de descentralização que a instituição tem levado a cabo nos últimos tempos, construindo uma narrativa de partilha de conhecimento que procura dar a conhecer as suas coleções e projetos e, em simultâneo, celebrar através da partilha com o público a sua existência enquanto Museu de Arte Contemporânea. A exposição integrou um conjunto de obras de autoria de Martha Telles, duas pertencentes ao acervo do MUDAS.Museu e as restantes cedidas em empréstimo à Região por Teresa da Cunha Telles Hall, filha da autora, compreendendo um total de trinta e duas obras expostas.
Martha da Cunha Telles (Funchal, 19 ago. 1930; Lisboa, 21 fev. 2001). Nasceu no seio de uma família tradicional, filha de Alexandre da Cunha Telles (1891-1936), advogado, e de Anne Kristine Stephanie Wera Beranger Cohen (1900-1985), dinamarquesa, cantora lírica e professora de canto, que estudara em Paris, tal como neta do general Norberto Jaime Teles (1852-1936). A família tinha residência no Funchal, na Rua da Carreira n.º 188, palacete urbano destruído para dar lugar à atual Residencial Colombo. Tirou o curso de pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, nos finais dos anos cinquenta do século passado e, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, 1963 a 1965, em Paris, sob orientação Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), conviveu muito de perto com Jorge Martins (1940-) e José Escada (1934-1980), de quem chega a pintar um retrato, em 1965. Continuou os seus estudos em Artes Plásticas na Universidade do Quebeque, Montreal, entre 1968 e 1971, após o que pediu a nacionalidade canadense, em 1974. Tinha casado, entretanto, com o escritor e poeta Tarquínio da Fonseca Hall (1915-2002), que conhecera no Funchal como alferes miliciano, em 25 de outubro de 1945, mas dele se tendo separado pouco depois e divorciado, a 25 de julho de 1975. Estudou ainda gravura na Universidade MacGill, como bolseira do Conselho das Artes do Canadá, 1980 e 1981, exercendo também funções de docente em Lisboa e Moçambique, onde o marido se encontrava.
A pintura desta madeirense errante é, na sua grande maioria, um profundo registo da sua própria vivência insular, um regresso à infância e adolescência e às memorias da ilha que a viu nascer. Foi uma pintora da terceira geração modernista portuguesa, oscilando entre uma figuração lírica e surrealista, embora sempre se negando como figurativa.