Lucerna romana de Castro Verde com cavalo alado, Pégaso (?), 200 (c.), reprodução e fotografia de António Peleja, 2004, Portugal.
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Descrição
Lucerna romana de Castro Verde.
(reprodução)
Terracota ou cerâmica patinada decorada com cavalo alado, Pégaso (?) e moldura com cachos de uvas de oficina europeia, 200 (c.)
Fotografia de António Peleja, 2004.
Museu da Lucerna, Castro Verde, Alentejo, Portugal
As lucernas são lamparinas em cerâmica, com um orifício para se deitar o azeite, quase sempre decoradas no topo (ou no disco), com motivos muito diversificados, sendo de certa forma famosas as com cenas eróticas e de sexo explícito, embora algumas sejam contrafações recentes. Começando nos primeiros sécs. antes de Cristo por serem moldadas à mão, rapidamente e dada a necessidade de iluminação, passaram a ser produzidas em série e por molde, igualmente utilizadas para fins religiosos, encontrando-se em cemitérios e santuários para iluminarem a outra vida. Trata-se de um artefacto indispensável à vida quotidiana, bem adaptado à tradicional iluminação a azeite mediterrânea e, se no ambiente doméstico fazia recuar as sombras, também na morte iluminaria o caminho oculto da grande viagem, integrando, assim, deposições funerárias. De certa forma, podem-se considerar como dos modelos mais comuns e divulgados do vasto universo da cultura material romana desde as margens do Atlântico até ao Médio Oriente.
Talvez a principal exposição e, inclusivamente, a mais intrigante, seja a do Museu da Lucerna, que abriu em Castro Verde no ano de 2004 e nos oferece uma coleção única de exemplares da época romana (Século I-III d. C.), descobertas a partir de 1994, na localidade de Santa Bárbara dos Padrões num antigo santuário romano depois utilizado somente como cemitério. As mais de 10 mil lucernas exumados nos trabalhos arqueológicos, que voltaram a ocorrer em 2003, permitiram preparar e agora mostrar ao público um conjunto único desses utensílios de iluminação. O intrigante é o volume espantoso dos exemplares, que podem assim ser a maior coleção alguma vez recolhida, não reunindo a do Museu Romano de Colónia (Romisch-Germanisches Museum Cologne), na Alemanha, por exemplo, um terço do espólio aqui reunido. Um santuário desta relevância teria seguramente importância determinante no Sul de Portugal e, embora até agora sem nenhuma inscrição que o possa comprovar, tudo leva a deveria ser Arannis, referenciado indiretamente por Plínio, o velho (Caio Plínio Segundo, 23-79), que faleceu na erupção do Vesúvio, como "terra dos aranditanos", num dos seus itinerários da História Natural.