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Arquipelago de Origem:
Alentejo
Data da Peça:
0200-00-00
Data de Publicação:
03/12/2024
Autor:
Mestre Agator de oficina romana de Itália (?)
Chegada ao Arquipélago:
2024-12-03
Proprietário da Peça:
Museu da Lucerna
Proprietário da Imagem:
Francisco Oliveira
Autor da Imagem:
Francisco Oliveira
Lucerna assinada do museu de Castro Verde, oficina romana de Itália (atri.), 200 (c.), Museu da Lucerna, Alentejo, Portugal.

Categorias
    Descrição
    Lucerna assinada do museu de Castro Verde.
    Agator (?)
    Cerâmica decorada de oficina romana de Itália (atr.), 200 (c.).
    Fotografia de Francisco Oliveira, 28 de agosto de 2018, blogue Andarilhar, pub. 28 de outubro 2018.
    Museu da Lucerna, Largo Victor Guerreiro Prazeres, Castro Verde, Alentejo, Portugal

    As lucernas são  lamparinas em cerâmica, com um orifício para se deitar o azeite, quase sempre decoradas no topo (ou no disco), com motivos muito diversificados, sendo de certa forma famosas as com cenas eróticas e de sexo explícito, embora algumas sejam contrafações recentes. Começando nos primeiros sécs. antes de Cristo por serem moldadas à mão, rapidamente e dada a necessidade de iluminação, passaram a ser produzidas em série e por molde, algumas assinadas no tardoz, igualmente utilizadas para fins religiosos, encontrando-se em cemitérios e santuários para iluminarem a outra vida. Trata-se de um artefacto indispensável à vida quotidiana, bem adaptado à tradicional iluminação a azeite mediterrânea e, se no ambiente doméstico fazia recuar as sombras, também na morte iluminaria o caminho oculto da grande viagem, integrando, assim, deposições funerárias. De certa forma, podem-se considerar como dos modelos mais comuns e divulgados do vasto universo da cultura material romana desde as margens do Atlântico até ao Médio Oriente.
    Talvez o maior conjunto e a principal exposição e, inclusivamente, a mais intrigante, seja a do Museu da Lucerna,  em Castro Verde, que abriu no ano de 2004 e nos oferece uma coleção única de exemplares da época romana (Século I-III d. C.), descobertos a partir de 1994 na localidade de Santa Bárbara dos Padrões, num antigo santuário romano depois utilizado somente como cemitério. As mais de 10 mil lucernas exumadas nos trabalhos arqueológicos, que voltaram a ocorrer em 2003 sob orientação do arqueólogo Manuel Maria da Fonseca Andrade Maia (1945-2021), que, com a mulher, Maria Pereira Maia (1945-2011), se celebrizara com a descoberta do célebre Vaso de Tavira (c. 1200), em 1995, permitiram preparar e agora mostrar ao público um conjunto único desses utensílios. O intrigante é o volume espantoso dos exemplares, que pode assim ser a maior coleção alguma vez recolhida, não reunindo a do Museu Romano de Colónia (Romisch-Germanisches Museum Cologne), na Alemanha, por exemplo, metade do espólio aqui existente, tendo a Casa de Bragança, em Vila Viçosa, cerca de 50, tal como o Museu Nacional de Arqueologia e assim sucessivamente. Um santuário desta relevância teria seguramente importância determinante no Sul de Portugal e, embora até agora sem nenhuma inscrição que o possa comprovar, tudo leva a crer deveria ser Arannis, referenciado indiretamente por Plínio, o velho (Caio Plínio Segundo, 23-79), que faleceu na erupção do Vesúvio, como "terra dos aranditanos", num dos seus itinerários da História Natural.