Júlio Dantas, Lisboa, 1902 (c.), Portugal
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Descrição
Tenente médico Dr. Júlio Dantas
(1876- 1962; Colégio Militar: 114/1887)
Fotografia, c. 1900.
Cota: pasta 29, A IV. 432 – 23200
Arquivo Histórico Militar de Lisboa.
O Dr. Júlio Dantas (1876-1962), capitão médico do Exército, para onde entrou em 1902, foi uma das figuras incontornáveis da sua época. Médico, escritor, dramaturgo, publicista, professor, diplomata e político, foi ainda parlamentar em quatro legislaturas (de 1905 a 1926) e, por quatro vezes ministro, duas da Instrução Pública e duas dos Negócios Estrangeiros, representando ainda Portugal na Sociedade das Nações, na Comissão de Cooperação Intelectual. Entre inúmeras obras, foi autor da peça A Ceia dos Cardeais (1902), uma das mais populares produções teatrais portuguesas de sempre, traduzida para mais de 20 línguas e representada no Teatro Municipal do Funchal logo em 1906, com com os atores Chaby Pinheiro (1873-1933) e o madeirense Pato Moniz (1863-1922) e que ainda voltou a ser reposta em 2008, pelos 500 anos da cidade do Funchal, com João Carlos Abreu (1935; ) e Virgílio Pereira (1941-2021). Inicialmente ligado aos movimentos literários dos finais do século XIX, com a sua atividade política e parlamentar veio a ser uma das figuras mais alvo de chacota pelos artistas contemporâneos, inclusivamente, militares como ele. Ficou célebre o folheto de Almada Negreiros (1893-1970) “Manifesto Anti-Dantas” (21 out. 1915), em resposta à crítica do mesmo aos artistas da revista Orfeu, editada por António Ferro (1895-1956). Contrariando o estereótipo de conservadorismo ligado à sua imagem pública, quebrou com a tradição e, não sendo crente, resistiu à pressão social da época e casou civilmente, a 30 de maio de 1942, com Maria Isabel Penedo Cardoso e Silva, mas da qual não teve descendência e recusou depois um funeral católico, mantendo-se fiel às suas convicções laicas.