Isto é A Madeira, Maria Mendonça (1916-1997), Eco do Funchal, 1960, ilha da Madeira
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Descrição
Maria Mendonça, Isto é A Madeira, Eco do Funchal, 1960.
MARIA MENDONÇA (1916-1997)
Notável jornalista e escritora, que desenvolveu múltiplas iniciativas com personalidades de renome e desafiadoras para o regime político da altura. A sua criatividade pioneira deixou marcas em vários projetos culturais da Madeira apesar do controlo da censura e da Pide. Maria da Trindade de Mendonça era natural de Nordeste, Açores, onde nasceu a 16 de fevereiro de 1916. Era filha de Maria Raposo e de Manuel Franco de Mendonça e viveu a maior parte da sua vida no Funchal. Começou a escrever aos 16 anos de idade e foi correspondente de vários jornais portugueses. Primeiro como chefe de redação e depois como diretora, foi notável a sua passagem pelo jornal Eco do Funchal, desde 1951. Era de periodicidade semanal e Maria de Mendonça mudou-o para trissemanário e introduziu-lhe várias secções, sobretudo culturais e recreativas, tendo especial interesse: «Cultura & Recreio» e «A Canoa», organizada por Maria do Carmo Leite Monteiro Rodrigues (Funchal, 16 jul. 1924 - Prazeres, 5 maio 2014).
A jornalista Maria Mendonça foi ainda diretora e proprietária do jornal satírico da Madeira, o Re-Nhau-Nhau (1929-1977). Durante 48 anos e em ambiente de apertada censura, este jornal chamou a atenção para inúmeras situações, quer ridículas quer penosas, que só assim puderam expor-se. Fundadora da primeira casa editora do arquipélago da Madeira, publicou obras valiosas como Arquipélago da Madeira – Maravilha Atlântica”, da autoria de Maria Lamas; Musa Insular, de Luís Marino; Falares da Ilha; Sé do Funchal; e a coleção de livros infantis A Canoa, com Maria do Carmo Rodrigues (1924-2014). Publicou também um guia turístico da Madeira, em várias línguas; e a revista turística Semana da Madeira, em colaboração com António Aragão Mendes Correia (1924-2008), Carlos Lélis (1936-) e Aníbal Trindade.
Maria Mendonça, falecida, entretanto, na povoação de Nordeste, na ilha de São Miguel, desenvolveu assim uma importante atividade cultural na Madeira, tendo-se também destacado na realização de encontros literários, tertúlias, principalmente na Livraria Pátio, à Rua da Carreira, sociedade que criou com o apoio e participação de Maria Lamas (1893-1983), Natália Correia (1923-1993) e Vera Lagoa (Maria Armanda Falcão, 1917-1996), que teria, pontualmente, sido secretária do general Humberto Delgado, entre outras personalidades de renome e desafiadoras para o regime político da altura, causando o desagrado da censura e da Pide, organizando conferências e palestras de variada temática, e dinamizou exposições com artistas plásticos madeirenses, na Madeira e nos Açores. A esta sociedade, com sede na antiga Photographia Vicentes, se ficou a dever a aquisição do espólio/arquivo deste estúdio fotográfico, que corria o risco de dispersão. No continente português foi a primeira pessoa a apresentar obras de autores insulares na Feira do Livro de Lisboa, nos anos de 1954 e 1955. Cf. Ana Isabel de Sousa, Maria Mendonça, uma mulher sem medo, apresentação de Fátima Sequeira Dias, Ponta Delgada, 2001.