Inauguração do Anjo de Berlim na capela do Rato, de Lourdes Castro e Manuel Zimbro, Berlim, dezembro de 1978, Lisboa, 10 de dezembro de 2010, Portugal.
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Inauguração do Anjo de Berlim na capela do Rato.
De Lourdes Castro (1930-2022) e Manuel Zimbro (1944-2003), Berlim, dezembro de 1978.
Conversa com a Autora e o jornalista Almeida Faria (1943-), em Berlim na mesma altura.
Reposição na capela pelo padre José Tolentino Mendonça (1965-), dezembro de 2010.
Capela do Rato, 10 de dezembro de 2010, Calçada Bento Rocha Cabral, 1 B, Lisboa, Portugal.
José Tolentino Calaça Mendonça (Machico, ilha da Madeira, 15 dez. 1965; -), teólogo, sacerdote, professor universitário e poeta, iniciou os seus estudos de Teologia em 1982. Uma vez ordenado padre, em 28 jul. 1990, deslocou-se para Roma, onde terminou o seu mestrado em Ciências Bíblicas. Regressado a Portugal, lecionou Cristianismo e Cultura e Hebraico na Universidade Católica de Lisboa, aí desempenhando igualmente a função de capelão, doutorando-se, entretanto, em Teologia Bíblica. A sua projeção nacional e internacional tem sido como poeta, pensador e conferencista de grande poder de comunicação, simplicidade e clareza de exposição. Em 2016 recebeu o "Grande Prémio de Literatura Associação Portuguesa de Escritores (APE)/Câmara de Loulé - Crónica e Dispersos Literários", pelo seu livro Que coisas são as nuvens, que reúne textos publicados no semanário "Expresso". Chamado pelo Papa Francisco na Páscoa de 2018 a Roma para dirigir a reflexão da quadra, em fevereiro, em Ariccia, veio a ser nomeado para dirigir a Biblioteca do Vaticano e, assim, elevado a arcebispo a 16 de junho e sagrado em Lisboa, a 28 de julho, na igreja do mosteiro dos Jerónimos, tendo tomado como lema Olhai os Lírios do Campo. A 5 de outubro de 2019 foi elevado a cardeal no Consistório Ordinário desse ano e, em 2022, foi anunciado como prefeito do novo Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé. Desde 2017, a sua obra ensaística está a ser publicada na Quetzal.
Maria de Lourdes Bettencourt de Castro, Lourdes Castro (Funchal, Madeira, 9 dez. 1930-8 jan. 2022), frequentou o Colégio Alemão na Madeira, desde o jardim-de-infância e aprendeu a ler com a avó, que era professora e havia sido a primeira aluna do liceu da Madeira. Foi esta que lhe ensinou alemão, inglês e francês. definiu a sua identidade pessoal, em parte, pela sua origem geográfica, essencial para a compreensão da sua obra. No início dos anos 40 o liceu Alemão fechou devido à guerra e, por isso, prosseguiu os estudos com uma senhora alemã, uma botânica que vivia sozinha e dava lições particulares. Aos 20 anos ingressa na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, no curso Especial de Pintura, do qual seria expulsa, cinco anos depois (1956), pela não conformidade com o cânon académico que dominava o sistema de ensino de então, ou seja, após terminar o curso Geral de Pintura a artista presta as primeiras provas, apresenta, então, três pinturas de modelo nu, que marcam já, de uma certa maneira, o caminho que mais tarde virá a trilhar, revelando uma atitude inconformista. A regra era pintar o modelo-nu-de-cor-de-rosa tal como se estava a ver, e ela pintou-o verde, pintou-o amarelo, pintou-o roxo, pintou-o como ela o VIA, sendo, por isso, excluída. Em outubro de 1956, Lourdes Castro casou-se com René Bértholo (1935-2005), pintor português de uma família de origem francesa e nesse ano viajaram até Munique, na Alemanha, onde estiveram cerca de um ano, tendo feito exposições com Costa Pinheiro (1932-2015) e Gonçalo Duarte (1935-1986). Regressaram a Portugal por algum tempo e no Inverno de 1958 fixaram-se em Paris, onde foram recebidos por Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) e Arpad Szenes (1897-1985), que naquela cidade recebiam e orientavam os artistas portugueses, parte dos quais bolseiros da Fundação Gulbenkian. Naquela cidade René Bértholo criou um dispositivo de serigrafia, que permitiu a edição da revista KWY, fundada por si e por Lourdes Castro, em 1958, ainda em Munique, relacionada com o grupo do mesmo nome, formado pelo casal e pelos artistas Costa Pinheiro, Gonçalo Duarte, José Escada (1939-1980), João Vieira (1934-2009), Jan Voss (1936-) e Christo Vladimirov Javacheff (1935-2020). A revista KWY, 12 números realizados em Paris, entre 1958 e 1963, em colaboração com René Bertholo, nunca teve mais de 300 exemplares, incluiu, pontualmente, outros nomes convidados para cada edição. No início dos anos 60, surgiram também os objetos: acumulações de "tralhas que já não servem para nada", objetos quotidianos em assemblages, coladas sobre antigas telas e pintadas da cor do alumínio.
Data dessa estadia em Paris, de 1962, as primeiras experiências de sombras de Lourdes Castro, primeiro impressas em serigrafia, depois pintadas na tela, recortadas ou não em plásticos, por vezes sobrepostas, depois ainda bordadas em lençóis, em mais uma memória da ilha da Madeira e ainda projetadas num ecrã e dadas em espetáculo, tornadas movimentos e ação, que a projetaram internacionalmente. A partir de 1963 Lourdes de Castro começa a introduzir a cor no seu trabalho: uma cor uniforme, o vermelho, o azul ou o verde, por exemplo. Estas pesquisas sobre sombras e contornos entendem-se progressivamente da serigrafia à tela, aos plexiglas, aos lençóis e almofadas de linho, no Verão de 1968, evoluindo as iniciais formas recortadas e pintadas para "sombras deitadas", bordadas à mão em lençóis, numa memória da ilha da Madeira, que culminam nas "sombras em movimento" ou teatro de sombras (1973) e assim sucessivamente.
A condição insular está densamente impregnada nos tecidos que formam a sua subjetividade, principalmente na recorrente imposição de possibilidades de fuga e imposição do peso da limitação territorial. Esta compulsão inata para a invasão de espaços enclausurados, sejam estes territórios físicos, ou psicológicos, será uma característica essencial e omnipresente no corpo do trabalho desta artista. Nesse quadro, a 21 de abril de 1983, com Manuel Zimbro (1944-2003), instalam-se na Quinta do Monte, onde ficam 5 anos, até estar pronta a casa do Caniço, para onde se transferem a 23 de maio de 1988;
Seleção de algumas das exposições realizadas: 2021, Um oásis ao entardecer , exposição comemorativas dos últimos 20 anos Fundação EDP; 2020, A Vida como ela é, Fundação Serralves, Porto; 2019, mar. Lourdes Castro, Ombres & Compagnie, Musée régional d’art contemporain Occitanie/Pyrénées-Méditerranée (retrospetiva), Sérignan, França; 2013, À Distância, Linha do Horizonte, com Manuel Zimbro, Museu de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa; 2010, À Luz da Sombra, com Manuel Zimbro, Fundação Serralves, Porto; 2005 ; “À Sombra”, Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva (ind.); 2003, Sombras à volta de um Centro, Fundação Serralves, Porto (ind.); 2002, Azulejos-12 Artistas Portugueses Contemporâneos, Galeria da Livraria; 2002, O Grande Herbário de Sombras, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (ind.); 2000, Festival de Arte Contemporânea, Marca-Madeira, Funchal; 1999, Openning exhibition for CIRCA 1968, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto; 1999, Arco 99, Galeria Porta 33, Madrid; 1999, A Indisciplina do Desenho, Fundação Cupertino de Miranda, Vila Nova de Famalicão; 1998, Arte Contemporânea Anos 60/90, Galeria 111, Porto e Lisboa; 1998, Bienal de S. Paulo (participação portuguesa de Lourdes Castro e Mário Tropa); 1998, III Bienal A I Portuense, Europarque, Santa Maria da Feira; 1995, Lourdes Castro et Montrouge au Portugal, Salon de Montrouge, Paris (ind.); 1978, Galerie Jean Briance, Paris (ind.); 1976, Museo de Arte Moderno J. Soto, Ciudad Bolivar, Venezuela (ind.); 1972, Galerie National, Praga (ind.); 1970, Gallery 20, Amsterdão (ind.); 1969, Galerie Reckermann, Colónia (ind.); 1968, Galerie Ernst, Hannover (ind.); 1965, Galerie Buchholz, Munique (ind.); 1964, Galeria Divulgação, Lisboa (com René Bertholo); 1957, Galeria Diário de Notícias, Lisboa (com René Bertholo); 1955, Club Funchalense (Ind.).