Inauguração da estátua de João Gonçalves Zarco e discurso de Caldeira Coelho, 28 de maio de 1934, Avenida Arriaga, Funchal, ilha da Madeira.
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Descrição
Inauguração da estátua de João Gonçalves Zarco.
Francisco Franco (1885-1955), 1924 a 1927.
Discurso do Dr. Caldeira Coelho (1888-1979)
Depois, também de Horácio Bento de Gouveia (1901-1983).
Fotografia Carlos Maria Santos (ABM, CMS-G001-003000003), 28 de maio de 1934.
Existe fotografia semelhante dos Perestrellos Photographos, na Photographia-Museu Vicente's (53 C5).
Avenida Arriaga, Funchal, ilha da Madeira
António Correia Caldeira Coelho(1888-1979), de seu nome completo, António Deslandes Correia Caldeira Coelho, nasceu em Lisboa no seio da média burguesia alta, a 22 dez. 1888. Seria, depois, advogado, magistrado judicial e diplomata, tal como, pontualmente, governador civil do Funchal, mas em cuja função, na complexa consolidação e progressiva centralização do Estado Novo, embora num aparente quadro de boa aceitação local e, inclusivamente, com largos elogios ao seu desempenho, não se conseguiria manter um ano completo. O futuro governador do Funchal tinha visitado a Madeira em 1913, na direção da Tuna Académica de Coimbra, tendo uma série de amigos dentro dos quadros do Estado Novo, tendo sido nomeado a 20 dez. 1933 e tomado posse a 15 jan. seguinte. Nessa altura, definiu logo como uma das principais metas do seu trabalho o levantamento da escultura de Zarco, pronta desde 1928, que seria inaugurada a 28 maio 1934. Conseguiria, em ago., a visita à Madeira do Ministro do Comércio e Indústria, mas os principais problemas entre o Funchal e Lisboa, como os equipamentos gerais para o Turismo e outros, foram sendo sucessivamente adiados, pelo que, a 19 nov., pedia a demissão, regressando a Lisboa a 23 do mesmo mês, cidade onde viria a falecer, a 19 set. 1979.
Horácio Bento de Gouveia (Ponta Delgada, 1901; Funchal, 1983). Professor do Liceu Nacional do Funchal deixou uma vasta obra inspirada nos usos e costumes regionais, sendo uma das figuras incontornáveis da cultura do Estado Novo na Madeira.
Francisco Franco de Sousa (1885-1955) formara-se na Escola Industrial do Funchal, onde o pai homónimo () era entalhador e, depois na Escola de Belas-Artes de Lisboa, entre 1902 e 1909, ano em que parte para Paris no intuito de completar a sua formação académica com o irmão Henrique Franco de Sousa (1883-1961). Nessa cidade contacta com as obras de Rodin e Bourdelle e integra o grupo dos Cinco Independentes, juntamente com Dordio Gomes, Alfredo Miguéis, Diogo de Macedo e Henrique Franco, seu irmão. Em 1914 regressa à sua ilha natal, devido ao início da Primeira Guerra Mundial. Neste período realiza vários bustos e monumentos, obras marcadas pela transição de um gosto naturalista para uma estética que revela um interesse pela valorização da componente arquitetónica da escultura e dos seus valores formais. Retorna a Paris em 1921, após breve passagem por Roma, onde se dedicou ao desenho e à gravura. Na capital francesa expõe no Salon d'Automne e na Société Nationale. São desta época obras como Rapariga francesa, Polaca, Torso de mulher ou o Busto do pintor Manuel Jardim, que com a Cigana ou Chanteuse, teriam sido das suas mais arrojadas obras. Em 1923 participa na exposição 5 Independentes e entre 1925 e 1927 expõe em Nova Iorque, no Rio de Janeiro e em Boston com Picasso. Nesse ano de 1927 regressa os trabalhos para a grande estátua de Gonçalves Zarco, encomendada em 1922, apresentada em Lisboa ainda nesse ano e inaugurada no Funchal, em 28 de maio de 1934. Esta obra marca o início da sua carreira pública como escultor, com inúmeras esculturas de Salazar, passando a ser um dos artistas mais solicitados para a realização de estatuária do Estado Novo. A sua obra monumental, na qual se destacam a estátua do Infante D. Henrique (1931), hoje no Museu de Marinha, o Apostolado da Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa (1935) e numerosas estátuas régias, como a de D. João IV (1943), em Vila Viçosa, cujo cavalo já fora apresentado na exposição do Mundo Português, de 1940, caracteriza-se por uma forte iconicidade e pela construção hierática das figuras, salientando o seu carácter majestático e heroico. Francisco Franco sofreu, nos últimos anos de vida, um desastre de viação que lhe fragilizou a saúde, vindo a falecer antes de assistir à inauguração da sua derradeira obra, o Cristo-Rei, que viria a ser inaugurado em Almada em 1959.