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Arquipelago de Origem:
Goa
Data da Peça:
1771-00-00
Data de Publicação:
09/04/2023
Autor:
Vários
Chegada ao Arquipélago:
2023-04-09
Proprietário da Peça:
Paróquia dos Reis Magos de Verem
Proprietário da Imagem:
Privado
Autor da Imagem:
Privado
Igreja dos Reis Magos de Bardez, reconstrução de 1700 a 1771 (c.), ilha de Bardez, Goa, Índia

Categorias
    Descrição
    Igreja dos Reis Magos.
    Alvenaria de pedra aparente e rebocada, reconstrução de 1700 a 1771 (c.).
    Fotografia de 25 de abril de 2018.
    Verem, ilha de Bardez, Pangim, Estado de Goa, União Indiana.

    A Igreja dos Reis Magos foi a primeira construída pelos franciscanos em Bardez, no ano de 1555, mas não se sabe que traços materiais restam do edifício dessa época e a representação que dela temos de Manuel Godinho de Erédia (1563-c. 1623) (atr.), de 1620 (c.) e de Pedro Barreto de Resende (c. 1595-c. 1640), de 1635, que copia a anterior, todas algo ingénuas, refletem muito pouco o conjunto que chegou até nós. O que hoje se pode ver é uma igreja com fachada de cinco tramos e torres arrancando da cimalha, de feição setecentista, provavelmente resultante em grande medida de obras de remodelação conduzidas a partir de 1700 e após 1771. Tipologicamente, é uma igreja de nave única, coberta de telhado e com falso transepto. A cabeceira, constituída por uma capela‐mor coberta de abóbada de canhão e um longo camarim do Santíssimo colocado por detrás do altar, é, como a fachada, certamente posterior à nave, porque foi construída interrompendo o falso transepto.
    A igreja e os edifícios anexos desempenharam um papel muito importante na geografia política e cerimonial de Goa, porque era nos Reis Magos que desembarcavam os vice‐reis chegados de Portugal, aguardando ocasião de dar entrada solene em Velha Goa. Também era na igreja que se sepultavam os vice‐reis falecidos na Índia (há sepulturas de três, entre 1581 e 1619), constituindo os Reis Magos uma espécie de porta simbólica do Estado. Funcionou ali também uma escola de catecúmenos e talvez um colégio ou seminário de órfãos, que Manuel Godinho de Erédia no desenho que fez deste território, por 1620, já apelida de "coleginho". A igreja e os restos de antigos edifícios anexos situam‐se contra uma pendente abrupta, no alto da qual está o Forte dos Reis Magos, cuja designação é provável que derive da existência prévia da igreja. O camarim adapta o modelo provavelmente introduzido pelos franciscanos nas suas igrejas mais importantes da Índia, nomeadamente a de Baçaim e a de Goa, no início do século XVII ou talvez até ligeiramente antes. Todavia, devido à peculiar topografia do sítio dos Reis Magos, o tabernáculo e o camarim ficam naturalmente a uma cota ligeiramente mais alta que o altar e abrem para a nave através de um arco. O camarim é um espaço alongado como um corredor, iluminado lateralmente a partir do sul.
    Dá acesso à fachada da igreja uma larga e alta escadaria, cujas guardas incorporam peças escultóricas de tipo hindu, provavelmente de uma construção local anterior.  A Reitoria dos Reis Magos teve a primeira Confraria do Santíssimo Sacramento criada em Bardez no século XVII, e o camarim deve portanto corresponder a uma remodelação da igreja ocorrida na segunda metade desse século. (adaptado de Paulo Varela Gomes, 1952-2016)