Igreja de Nossa Senhora da Luz, Jerónimo de Ruão, 1575, reposição após terramoto de 1755, Lisboa, Portugal.
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Descrição
Igreja de Nossa Senhora da Luz.
Projecto de Jerónimo de Ruão, 1575.
Antiga igreja do convento de Nossa Senhora da Luz.
Reposição após o terramoto de 1755.
Fotografia de 2000.
Carnide, Lisboa, Portugal.
Cronologia:
Séc. 13 - referência à Fonte da Machada, cujas águas teriam propriedades medicinais; séc. 13 - 14 - existência em Carnide de uma ermida dedicada ao Espírito Santo, que irá ser absorvido pelo culto à Senhora da Luz; 1311 - a Fonte da Machada surge mencionada num documento de partilhas; 1463 - 1464 - Pero Martins, que combatera no Norte de África, e a esposa, Inês Anes, venderam todos os bens que possuíam no Algarve para erguer uma ermida à Virgem, junto à Fonte da Machada, para o que conseguiram licença do bispo D. Afonso Nogueira, que lançou a primeira pedra; 8 Setembro - colocação da imagem na ermida, em cerimónia com bastante concorrência, a que terá assistido o próprio monarca, D. Afonso V; instituição da Confraria de Nossa Senhora da Luz, responsável pela conservação do templo e do culto, na qual sempre se inscreveram membros da Família Real; 1467 - D. Jorge da Costa anexou o templo à Igreja Paroquial de Carnide, a qual pertencia ao Mosteiro de Seiça; 1521, 3 Jun. - nascimento em Lisboa da infanta D. Maria filha do 3.º casamento de D. Manuel I e órfã de pai com seis meses, foi deixada pela mãe, D. Leonor de Áustria, irmã de Carlos V, aos 2 anos, em Portugal, quando esta se casou com Francisco I de França; Séc 16 - carta sobre o Hospital que a infanta D. Maria manda, em seu testamento, se faça em Nossa Senhora da Luz; 1543 - o rei D. João III ambicionava dar este mosteiro à Ordem de Cristo, pedindo, para tal, licença ao Papa; 1544, Fevereiro - o rei é informado de que pode passar o mosteiro de Seiça para Carnide mas o Papa mostrava sérias reservas que fosse entregue à Ordem de Cristo; 1545 - o rei prevendo dificuldades, doa a Capela à Ordem de Cristo; séc. 16, 2.ª metade - execução das esculturas para os nichos da capela-mor, atribuíveis a Gonçalo Rodrigues; 1554, 25 Fevereiro - o Papa Júlio III concordou que se extinguissem os mosteiros de Seiça e Tarouca e que as respectivas rendas fossem aplicadas às novas casas de Carnide e de Coimbra; entretanto, o rei mudara de opinião, mantendo apenas a Luz na posse da Ordem de Cristo; 1557, 6 Setembro - primeiros frades de Cristo estão instalados em Carnide; 1558 - D. Sebastião verifica que os rendimentos não permitem manter todos os mosteiros, mantendo os respectivos mosteiros de Seiça e Tarouca, mas separando do primeiro alguns bens que ele possuía em Lisboa, nomeadamente a Paróquia da Luz, para a fundação do novo convento; 15 Dezembro - doa várias comendas, tenças e benefícios, nas vilas de Sintra, Tomar e Pias; 1559 - início da construção do mosteiro; 1563, 28 Janeiro - por bula de Pio IV, o mosteiro de Nossa Senhora da Luz passou a receber uma pensão de 100$000 anuais do Mosteiro de Seiça; 1566, 29 Maio - o Cardeal D. Henrique tenta suprimir a casa da Luz e utilizar os seus rendimentos num seminário para formação de clérigos regulares; 1567 - ordem para abandonar o Mosteiro, o que fez a população protestar, dando origem a uma bula papal a revogar todas aquelas ideias, mantendo as disposições anteriores; 1568, 28 Maio - D. Henrique volta a tentar fundar um centro de estudos em Tomar e suprimir o mosteiro da Luz; 1572, 23 Setembro - nomeação dos bispos D. Jorge de Almeida (Lisboa) e D. Manuel de Meneses (Lamego) para avaliarem as rendas e verificarem se eram suficientes para a instituição do Seminário; 1575 - decorrem, à custa da princesa D. Maria, que se teria inscrito na Ordem de Cristo, as obras do seu mausoléu, presumindo-se que tenha sido a sua intervenção a salvar da extinção o mosteiro, por breve de Gregório XIII, datado de 1577; 13 Junho - lançamento da primeira pedra da obra, que teria como arquitectos Jerónimo de Ruão, Baltazar Álvares e Pedro Nunes Tinoco, estes também a executar o hospital; a primeira pedra foi colocada pela própria infanta e a segunda pelo prior do mosteiro, D. Frei Basílio; 1577, 17 Julho - primeiro testamento da Infanta D. Maria; 31 Agosto - codicílio ao testamento da infanta D. Maria, estabelecendo grande parte dos seus bens ao santuário da Luz, nomeando padroeiro e administrador da capela-mor e do hospital que lhe anexou, o próprio rei; dotava a Capela e jazigo com 500$000 de juro anual perpétuo, com obrigação de 3 missas na capela-mor, uma delas cantada, com responso sobre a sepultura e uma quarta missa no hospital; 250$000 destinavam-se à fábrica da Capela, com cera, azeite para as lâmpadas, alfaias e ornatos; ofereceu, ainda, ao mosteiro da Luz, uma quinta contígua, que comprara a D. Maria Coutinha, para que os religiosos construíssem o pomar e horta; deixou 600 cruzados para que se mantivesse a Irmandade de São Sebastião, criada pelos seus serviçais e que se extinguiria com a morte da Infanta, cuja continuidade recomendava aos religiosos da Ordem de Cristo; 10 Outubro - morte da Infanta D. Maria no Paço de Santos, depositada na Casa do Capítulo do Mosteiro da Madre de Deus, onde ficaria até a sua capela de Carnide se encontrar concluída; 1578 - Gregório Veloso, moço da câmara da princesa, assume o cargo de apontador da obra; 1579 - a doação de 100$000 pelo Mosteiro de Seiça deixa de ter efeito, por escambo de três casais em Sintra: Ulmal, Carrasqueira e Ventoso; 1584 - 1585 - decisão do local onde implantar a Capela de São Sebastião, sendo possível que fosse colocado no lado da Epístola, onde se encontra a actual Capela do Bom Jesus; 1587 - Francisco Gomes fez o escudo da Infanta para colocar na fachada S.; séc. 16, finais - construção da sacristia, de capelas e reforma do espaço do mosteiro; 1589 - o cruzeiro ainda não tinha abóbada; feitura de três cálices de prata dourada e respectivas patenas; c. 1590 - realização do retábulo do altar-mor da igreja incorporando telas da autoria dos pintores Francisco Venegas e Diogo Teixeira; 30 Maio - aquisição de um olival junto ao mosteiro, a António Cruz, para se construir o hospital, pela quantia de 90$000; 1592 - a capela-mor encontrava-se apta para receber os restos mortais da princesa, sendo solicitada autorização ao monarca; Francisco Venegas terá feito o programa pictórico do mausoléu; 1594, c. - pintura de uma tela com a Circuncisão para a capela-mor, atribuída a Fernão Gomes; pintura de uma Sagrada Família, atribuível a Diogo Teixeira; ambos executam o programa pictórico da igreja; 1596, 8 Setembro - inauguração do templo; 1597 - pedido para a trasladação dos restos mortais da infanta D. Maria da igreja da Madre de Deus para a capela-mor da igreja da Luz; 30 Junho - após várias cartas e pareceres, é feita a trasladação, por autorização de Filipe I; 1601- 1604 - execução das esculturas de pedra, feitas por iniciativa de Frei Pedro Moniz; 1604 - por iniciativa do mesmo freire, reabriu-se a fonte antiga, fazendo-lhe um portal e uma escada, onde surge uma cruz, no local onde a Virgem terá aparecido, tendo sido, para tal, reforçada a estrutura; 1606 - Frei Roque do Soveral diz que o corpo do templo teria 5 capelas, as duas primeiras já feitas, todas com ordem dórica e tribunas; 8 Agosto - morte de Frei Martinho de Ulhoa, bispo de São Tomé, Congo e Angola, que fundou a capela, em troca de missa quotidiana; 1597 - 1600, c. - pintura da tábua da capela do lado do Evangelho, atribuível a Domingos Vieira Serrão; 1610 - construção de metade do dormitório, por 561$300, dos quais 360$300 foram doados pelo monarca; conclusão da sacristia, junto à quadra do claustro, que importou em 1:098$470; conclusão do cruzeiro, orçado em 886$773; 1613 - 1616 - feitura da portaria e casa para despejos; lajeamento do pátio junto à mesma e feitura de uma escada de 3 lanços para o dormitório; construção de uma galeria sobre a portaria, com 6 janelas, a qual tinha uma chaminé secreta e uma tribuna para o coro de baixo; feitura de um retábulo para o refeitório; execução de uma adega e de uma ministra para colocar o vinho; feitura de uma despensa, celeiro; lajeamento da cozinha e colocação de duas pias; feitura de um refeitório para moços e hóspedes; feitura da Via-Sacra, com paredes e abóbada e duas celas para o prior, a primeira a abrir para o pátio da portaria e azulejada; 1614 - data na moldura da sineira posterior; 1621, 4 Janeiro - foi entregue por Manuel Vasconcelos, regedor da Casa da Suplicação e testamenteiro da princesa, um relicário com pé de prata dourada, com um espinho da coroa de Cristo, um pedaço do Santo Lenho e várias relíquias de santos, que ela doava à sua capela-mausoléu; entregou, ainda, uma santa de prata dourada e uma cruz de pau-preto com um Agnus Dei; 1622 - campanha de reedificação da sacristia; 1626 - término do corpo da igreja, da fachada e retrocoro, que possuía uma galeria superior, onde ouviam missa os convalescentes; feitura do baldaquino do púlpito e grades da igreja, com pagamento de 2$000 ao ferreiro; 1635 - ladrilhamento e obra do coro (11$060); 1636 - feitura das grades dos frontais de altar e estrado do corpo da igreja; execução de uma imagem em prata de Nossa Senhora da Luz, oferecida por Helena Henriques, mulher de D. Pedro de Mascarenhas, encomendada ao ourives André Fernandes; 1643, Novembro - compra de oito castiçais para a sacristia; 1638, Abril - construção de uma capela no corpo da igreja, por 187$365; - construção de uma capela no corpo da igreja, por 278$519; 1642 - referência à Capela de D. Joana; feitura dos canos da horta; 1644 - feitura da nora; séc. 18 - pintura dos azulejos para a nave, por Policarpo de Oliveira Bernardes, actualmente dispersos pelo Museu da Cidade e no Jardim das Amoreiras; obras por João Frederico Ludovice; 1714 - execução de um painel narrativo da fundação da ermida para colocar na parte posterior do retábulo-mor, executado por Henrique Ferreira; 1755, 1 Novembro - a igreja foi muito danificada pelo terramoto; 1758, 21 Abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo cura Manuel José Nunes Tavares, é referido que só a capela-mor ficou de pé e a imagem, ilesa, foi transportada para uma barraca de madeira, onde se manteve até terminarem as obras de consolidação da capela; o convento era dos religiosos de Cristo, com o rendimento de 7 mil cruzados, tendo de 15 a 18 frades; existiam casas de romagem, vindo círios de vários locais, como Aldeia Galega, Moita e Alverca; 3 Setembro - regresso da imagem à igreja, em solene procissão; simultaneamente, fizeram-se obras ligeiras no hospital, que também ficou abalado; 1763 - o hospital necessitava de obras; 1792 - extinção da casa conventual por breve de Pio VI, ficando à disposição do rei, como grão-mestre da Ordem; determinou-se que Frei Francisco Soares e mais dois freires se mantivessem no local para zelar pelo culto de Nossa Senhora da Luz; 1805 - por morte do freire, sucedeu-lhe Frei António de França; 1809, Agosto - morte do freire; 18 Agosto - a Mesa da Consciência e Ordens nomeou um frei egresso para esse fim, Francisco Falcão; 1813, 24 Outubro - extinção da jurisdição do priorado da Luz na igreja e hospital; 1814 - fecho do hospital, instalando-se, no local, um anexo do Colégio Militar; 6 Julho - a administração das rendas é enviada para o Juíz Geral das Ordens; 1830 - estava no mosteiro, a Escola de Medicina Veterinária; 1840 - após o derrube das ruínas do templo, fizeram-se obras de remodelação na capela, reaproveitando aqueles materiais, sendo o remanescente enviado para a repartição das Obras Públicas, tendo sido utilizado na construção do Colégio Militar e em diversas obras públicas de Lisboa; 1870 - a repartição de Obras Públicas executou a actual fachada principal, conforme projecto do arquitecto Valentim José Correia (1822 - 1900); entaipamento da ligação ao antigo mosteiro e remoção do cadeiral do coro; construção do actual adro; 1873 - instalação definitiva do Colégio Militar nas dependências do antigo hospital; 1895 - 1896 - transformação do retrocoro em sacristia, sendo apeado o balcão e escada de acesso ao mesmo; entaipamento da porta que ligava à antiga sacristia; execução do guarda-vento, mandado fazer por um particular, José do Nascimento; demolição das ruínas da sacristia; séc. 20, início - o mosteiro foi utilizado como quartel de Artilharia, recebendo algumas obras de adaptação; 1918 - instalação da sede da paróquia de Carnide na igreja da Luz (a paróquia fora extinta em 1913); 1927 - Luís Gonzaga Pereira refere que a igreja primitiva tinha treze capelas, existindo, certamente, 10 na nave (5 de cada lado); 1936 - ainda existia o coro-alto; remoção do painel que relatava a fundação da ermida por Pero Martins da parte traseira do retábulo-mor, deixando-o vazado; 1939 - campanha de restauro, removendo o relógio da torre; 1944 - 1947- ossadas da Infanta colocadas em pequena urna e recolocadas na capela-mor; 1969, 28 Fevereiro - um abalo sísmico provocou danos na igreja, cujas obras foram suportadas pela Paróquia, com apoio técnico da DGEMN, adjudicadas à firma Amadeu Gaudêncio; 1985 - levantamento das necessidades de intervenção pelo Secretariado das Novas Igrejas do Patriarcado; 1998, Novembro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN (Paula Noé, 1990 /Teresa Vale e Carlos Gomes, 1996 / Paula Figueiredo, 2007).