Gravuras rupestres da Khatm al Melaha
Exemplos das diversas patines cuja cor possibilita alguma pista para a datação das gravuras.
Antigos caçadores locais, 4.000 a. C. (c.) a 600 (c.)
Desenhos pub. Paula Uribe e outros, New insights into human occupation through rock art at Khatm al Melaha archaeological site (Sharjah, United Arab Emirates); Pub. on-line Journal of Archaeological Science: Reports, Vol. 38, outubro 2021, Fig. 12
Jorge Angás, Universidad Politécnica de Madrid, Manuel Bea, Universidad de Zaragoza; Sabah Abboud Jasim, Sharjah Archaeology Authority; Paula Uribe, Universidad de Zaragoza; and Mercedes Farjas, Universidad de Zaragoza.
Khatm Al Melaha, Hafiya Moutain, Kalba, Emirado de Sharjah, Emirados Árabes Unidos.

This paper is an approach to the study and documentation of a quite large group of rock art boulders at Khatm al Melaha (Sharjah, United Arab Emirates). More than 150 decorated stone blocks, with almost 400 motifs, have been identified on a hill close to the Arabian Sea coast, highlighting its importance as a control point for communicating the coast and the hinterland. Although a domestic human occupation of the area has not yet been documented, the symbolic significance of this place is reinforced not only by rock art but also by the presence of several dry-stone tombs. Despite the limited studied area, our contribution outlines a preliminary approach to a previously very little studied territory, providing a local chrono-stylistic proposal for those figurative (humans, animals) and non-figurative (signs) engravings attending to different stylistic conventions, techniques, subject matters and varnish colour. Different digital documentation techniques (digital tracings, terrestrial and aerial photogrammetry, web mapping) have been applied in order to create an updated and accurate data corpus allowing future analysis. The ongoing research will try to find new evidence of symbolic occupation of the territory in relation to human settlements and their relationship within a wider landscape.
A Khatm Al Melaha em Kalba, no final da pequena cordilheira da Hafiya Moutain e na divisória com o Sultanato de Omã, nos UAE, Emirados Árabes Unidos, apresenta uma enorme quantidade de gravuras rupestres, na ordem dos 160 painéis e cerca de 450 gravuras, nos Emirados designados por Rock Art e petroglyphs, tal como espaços murados de antigas residências, recintos rituais com abundante espólio de conchas e zonas de enterramentos. As gravuras aparecem essencialmente na vertente nascente da montanha, enquanto os prováveis espaços residenciais se localizam, especialmente, na parte superior da elevação. Nas encostas são ainda visíveis inúmeras tocas de raposas do deserto, embora pareça uma espécie já ali extinta ou muito rara.
A fase mais antiga destas gravuras, com uma patine mais escura e caracterizada por motivos zoomorfos (especialmente equídeos e, em menor grau, também cabras da Núbia ou alguns outros motivos) num estilo feito com uma técnica de alta qualidade, bordas bem definidas e enchimento polido. Algumas das figuras relativas aos equídeos parecem estar relacionadas com sinais ou wusum (sinais tribais). Há também alguns motivos especiais, como figuras parecidas com o sol, semicírculos concêntricos ou até mesmo pés na mesma cor de patine escura. Alguns desses motivos, especialmente figuras semelhantes à íbex ou cabra da Núbia com paralelos em diferentes áreas da Arábia foram classificados nas primeiras fases decorativas como feitos no quarto milénio a. C. por grupos de caçadores.
Na segunda fase há uma predominância de representações animais, embora as figuras humanas pareçam ganhar importância. Na maioria dos casos, estes motivos são de cor castanho-clara-vermelha e foram representados num estilo mais sintético, com diferentes variantes (dois pares de pernas ou pernas agrupadas, por exemplo). Tecnicamente, todos estes motivos apresentam um menor grau de qualidade, utilizando apenas a técnica de debicagem para delinear ou retratar algumas marcações internas, devendo entrar pela Idade do Ferro (2.000 a 1.000 a. C.) .
A última fase é formada por aquelas figuras com patine de cor mais clara, coincidindo com motivos esquemáticos e alguns motivos abstratos ( de inspiração animal, humana e signos). Estas trabalhos fariam parte de uma fase mais recente, como também foi proposto para a arte rupestre em Omã, coincidindo com a Idade do Ferro e início da Idade da História.