Galeaça da Invencível Armada, agosto de 1588, pormenor de óleo de 1700 (c.), Museu Naval de Londres, Inglaterra
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Descrição
Galeaça da Invencível Armada, agosto de 1588,
Navio misto de galera comercial e galeão de guerra.
Pormenor de óleo de 1700 (c.)
Óleo de autor não identificado do National Maritime Museum, Greenwich, London
Museu Naval de Londres, Inglaterra.
Dada como galeaça era o La Girona, um grande navio de três mastros, que se movia à vela e à força de remos, que fora construído em Itália e requisitado para a Invencível Armada. Parece que a sua guarnição compreendia, inicialmente, 121 marinheiros e 186 homens de guerra; mas a verdade é que, quando este navio se perdeu por encalhe em Lacada Point (na costa da Irlanda do norte, na noite de 26 de outubro, devido a violenta tempestade), transportava cerca de um milhar de pessoas. A maior parte delas havia sido resgatada de vários navios da armada -entre os quais se contavam o Santa Maria Encoronada e o Duquesa de Santa An - que se despedaçaram, pouco tempo antes, perto de Donegal. O La Girona tentava contornar a Irlanda, a fim de atingir a Escócia, um reino católico aliado da Espanha filipina. O desastroso encalhe deste navio ibérico teve como consequência a morte da maioria dos seus passageiros (fontes fidedignas apontam para apenas 10 sobreviventes) e a perda de um imenso e valioso espólio, que, ao que parece, fez a fortuna de alguns senhores locais e, depois do caçador de tesouros Rober Sténuit (1930-) que o levantou em 1968 e 1969.
A Invencível Armada, Armada Invencível a Grande y Felicísima Armada, la Armada Invencible ou "the Invincible Fleet", em irónico pelos ingleses foi a esquadra reunida por Filipe II (1527-1598) em 1588 para invadir a Inglaterra. A armada reuniu em Lisboa em maio de 1588 e era composta por 130 navios castelhanos, aragoneses, flamengos e portugueses bem artilhados, tripulados por 8 000 marinheiros, transportando 18 000 soldados e estava destinada a embarcar mais um exército de 30 000 infantes. No comando foi colocado o duque de Medina Sidónia (1550-1615), que seguia no galeão português São Martinho. Portugal contribuiu com 12 navios, 3.330 homens de guerra e quase 1.300 marinheiros, para além de víveres, artilharia e munições, pois a expedição saiu de Lisboa. Saliente-se que só em artilharia se encontravam reunidas nesta armada mais de 2.500 bocas-de-fogo.
Filipe II tentava assim neutralizar a influência inglesa no Atlântico, especialmente sobre os arquipélagos portugueses e castelhanos, tal como consolidar a política dos Países Baixos sob governo dos Áustria e reafirmar hegemonia ibérica na guerra nos mares. A Batalha naval de Gravelines foi o maior combate efetuado e ao longo dos vários recontros no Canal da Mancha, os ingleses impediram o desembarque de tropas em terra, frustraram os planos de invasão e obrigaram a Armada a regressar contornando as Ilhas Britânicas. Na viagem de volta, devido às tempestades, cerca de metade dos navios veio a perder-se pelas costas da Escócia e da Irlanda. O episódio da armada foi uma grave derrota política e estratégica da coroa ibérica e teve grande impacto positivo para a identidade nacional inglesa.