Fernão Ornelas e os transportes camarários; De Mal a Pior, in Re-Nhau-Nhau, n.º 271, Ano IX, Funchal, 10 de agosto de 1938, ilha da Madeira
Categorias
Descrição
Fernão Ornelas e os transportes camarários; De Mal a Pior ...
Nós, o Zé, considerando que não podemos andar nem a pé descalço, nem a cavalo, nem a camionete, devido ao aumento do preço das passagens, resolvemos andar de "auto-butos" para gáudio dos Serviços Municipalizados. No entanto "Re-Nhau-Nhau" aconselha ao Diretor dos tais serviços que experimente puxar as camionetes a bois, ou entregá-las às antigas empresas a ver se ainda se pode ter passagens a "pataquinha" ...
Desenho de Rosa, in Re-Nhau-Nhau, n.º 271, Ano IX, Funchal, 10 de agosto de 1938, capa.
Exemplar da Biblioteca Municipal do Funchal.
Fernão Manuel de Ornelas Gonçalves (Funchal, 14 jun. 1908; Lisboa, maio 1978). Filho do médico Dr. Fernão de Sousa Gonçalves (1882-1919) e de Gabriela de Ornelas, frequentou o Liceu do Funchal e a Faculdade de Direito de Lisboa, sendo nomeado subdelegado do Procurador da República em 17 dez. 1932 e vindo a ser Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal do Funchal de 12 jan. 1935 a 22 out. 1946, somente com 27 anos, desenvolvendo uma espantosa actividade que se tornaria lendária. Seria depois director do Banco da Madeira, em Lisboa, integraria o Conselho da Administração da Caixa Geral de Depósitos, da Hidroeléctrica do Cavado e do Banco Pinto & Souto Maior. Quando na sequência do pronunciamento do 25 de Abril se instituiu a Autonomia Regional, ainda foi sondado em Lisboa para aceitar o lugar de Ministro de República, mas as suas condições de saúde já não o permitiram.
Fernão de Ornelas tinha manifestado na sua tomada de posse a intenção de vir a construir bairros sociais para as classes mais desfavorecidas, voltando depois ao assunto e tendo a primeira pedra do futuro bairro económico da Ajuda sido colocada a 28 de maio de 1938. Mais complexa foi a reformulação dos serviços de transporte da Câmara, tendo sido abatidos vários dos veículos de transporte coletivo e sendo substituídos por veículos mais pequenos, já não com a função de transporte público, mas para os serviços da edilidade, o que, logicamente, despertou algumas críticas e levaria, depois ao afastamento do diretor dos Serviços Municipalizados, Dr. Francisco Leão de Faria, em 1939.