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Arquipelago de Origem:
Santa Luzia (Funchal)
Data da Peça:
2023-07-10
Data de Publicação:
16/08/2023
Autor:
Rui Carita e Nélia Ferreira
Chegada ao Arquipélago:
2023-08-16
Proprietário da Peça:
CCI do Funchal
Proprietário da Imagem:
Nélia Ferreira
Autor da Imagem:
Nélia Ferreira
Exposição Fernão Ornelas e o Funchal, painel 3, A Nova Cidade, Nélia Ferreira, 10 de julho de 2023, Funchal, ilha da Madeira

Categorias
    Descrição
    Exposição Fernão Ornelas e o Funchal,
    Painel 3, A Nova Cidade,
    150 x 357 cm.
    Conteúdos de Rui Carita e design de Nélia Susana Fernandes Ferreira,  10 de julho de 2023
    Centro Cultural e de Investigação do Funchal, Campo da Barca, Freguesia de Santa Luzia, Funchal, ilha da Madeira.

    A partir dos inícios do séc. XX configura-se decididamente a vocação da cidade do Funchal para o turismo internacional e a necessidade de construir uma ampla Avenida do Mar, que funcionasse como um cartão-de-visita para os visitantes, nesses anos a chegarem por via marítima. O projeto já se equacionara desde os finais do século anterior, mas a situação de turbulência da I República não deu grande margem de manobra para se fazerem essas obras. Nessas primeiras décadas emergiram novas formas de encarar a relação humana com os animais, seguindo o que então se fazia na Europa e constituindo-se a Sociedade Protetora dos Animais. Os animais para além de serem uma companhia nos lares, serviam para ajudar os habitantes no transporte de mercadorias e de pessoas, com a utilização de veículos de turismo de tração animal. Para exerceram essas funções tinham de adquirir uma licença que comprovasse a aptidão para esse serviço, que era exigida pelas câmaras municipais de cada concelho e era atribuída pela SPAD. À frente dessa Sociedade esteve o Dr. Alexandre da Cunha Teles (1891-1936), que desempenhou um incontornável papel nestes anos na defesa dos interesses da Madeira, na defesa da autonomia regional e na revolta da Madeira de 1931, à frente da Cruz Vermelha Portuguesa do Funchal, nos contatos com os delegados do Governo da Ditadura. Nesse quadro, após a revolta de 1931, houve espaço de manobra para se voltar ao assunto das alterações a levar a cabo no Funchal, deslocando-se o arquiteto Carlos Ramos (1897-1969), logo em meados de 1931, para equacionar novas propostas de melhoramentos urbanísticos.
    Em 1933, entregava-se o Palácio da Junta Geral à Diocese, para seminário, vendendo esta à Junta o edifício da Misericórdia, cujo hospital passa para os Marmeleiros e, a 28 de maio de 1934, era inaugurada a estátua de Zarco. Partilhadas as responsabilidades das novas obras da futura Avenida do Mar entre a câmara do Funchal e Junta Autónoma dos Portos, em julho de 1939 desmontava-se o Pilar de Banger (1798) e ultimava-se a deslocação dos mercados e do Matadouro Municipal para uma cota superior, ao longo da Ribeira de João Gomes.
    A gestão da cidade do Funchal tinha sido entregue em janeiro de 1935 ao jovem Fernão de Ornelas Gonçalves (1908-1978), que imprimiu à cidade toda uma outra dinâmica, levando a efeito uma verdadeira revolução urbanística, que se tornaria mítica. Nesse quadro, logo a 8 fevereiro desse ano enviava um ofício-memorandum ao presidente da Junta Geral dando conhecimento das necessidades mais prementes da cidade, nomeadamente a construção de um novo Matadouro Municipal. A opção da implantação foi para a encosta da Morro da Pena, na freguesia de Santa Luzia, frente ao Campo da Barca e na plataforma da antiga muralha da cidade de 1575 (c.). O projeto foi entregue aos arquitetos António Couto Martins (1887-1970) e Miguel Simões Jacobetty Rosa (1901-1970), nomes emergentes entre os arquitetos do Estado Novo. O orçamento do novo Matadouro foi aprovado no final de 1938 e, segundo a memória descritiva, o projeto teve por base o declive do terreno, de forma a facilitar o funcionamento do abate do gado e posterior tratamento das carnes. O projeto foi executado em cerca de dois anos, tendo as fundações começado a ser abertas em janeiro de 1939 e o trabalho tido a direção técnica de Filipe Rodrigues da Silva Castanheta (1901-1989), chefe da repartição de Obras Públicas. O Matadouro foi inaugurado no início da tarde de 24 de novembro de 1940, na sequência do Mercado Municipal e do cruzeiro monumental do Pico dos Barcelos, ali tendo sido servido um almoço volante.
    Com a transferências dos mercados e do matadouro, logo em 1941 a câmara do Funchal determinava a demolição do antigo Matadouro e do Mercado de Peixe, abrindo-se caminho aos trabalhos de montagem da Avenida do Mar e restantes melhoramentos da cidade. Neste edifício se vieram a concentrar os vários serviços da área e que, a 26 de novembro de 1974, passavam à tutela da Junta Geral. Com a passagem dos mesmos serviços para o Santo da Serra, em 2004, a Câmara tomou posse do edifício, depois classificado como de Interesse Municipal, em 2013 e cujas obras de reabilitação se iniciaram em julho de 2020.