O «farrobo» (Aeonium glutinosum), também conhecido por «saião» ou «ensaião», é uma planta endémica do arquipélago da Madeira.
Deu o seu nome a vários sítios das ilhas da Madeira e Porto Santo. Descrevo-nos Gaspar Furtuoso (1522 – 1591) que, «do ilhéu da Fonte da Areia, menos de meia légua adiante, está para o Nascente, da parte do Norte, uma povoação de até quinze moradores, que se chama o Farrobo, por haver ali esta erva, assim chamada, com que os pescadores tingem as linhas com que pescam, onde se criou o profeta fingido que chamam do Porto Santo, (…)».
O «farrobo» (Aeonium glutinosum) era usado para «ferrobar» as linhas de pesca (de sisal). Neste âmbito e de acordo com o Elucidário Madeirense (1946), «ferrobar as linhas significa na Madeira esfregá-las com o saião, sendo ferrobar corruptela de alfarrobar». Estas eram «esfregadas com a casca pisada da planta e depois mergulhadas em urina, adquirindo por este processo uma cor negra, que as torna pouco visiveis do peixe».
Recorda-se que, em Portugal Continental este processo de «alforrobar» as linhas de pesca, «para as tornar mais rijas e mais escuras», era feito com alfarrobas ainda verdes («Novo Diccionário da Língua Portuguesa», Candido de Figueiredo, 1913).
FRUTUOSO, Gaspar (1522-1591), «Saudades da terra, Livro II», [Palavras prévias de João Bernardo de Oliveira Rodrigues] - Nova edição de 1998, Instituto Cultural de Ponta Delgada, Ponta Delgada.
SILVA, Padre Fernando Augusto da e MENESES, Carlos Azevedo de (1984), «Elucidário Madeirense», fac-símile da edição de 1946, Secretaria Regional de Turismo e Cultura - Direcção Regional dos Assuntos Culturais, Funchal.