Image
Arquipelago de Origem:
Cochim
Data da Peça:
1700-00-00 00:00:00
Data de Publicação:
20/08/2023
Autor:
Mestre local
Chegada ao Arquipélago:
2023-08-20
Proprietário da Peça:
Arquidiocese de Cochim
Proprietário da Imagem:
Rui Carita
Autor da Imagem:
Rui Carita
Cruzeiro da igreja de Nossa Senhora da Esperança de Vaipim, Cochim, 1700 (c.), Fort Vypin, Koch, Kerala, União Indiana

Categorias
    Descrição
    Cruzeiro da igreja de Nossa Senhora da Esperança de Vaipim, Cochim.
    Reconstrução de 1605 (c.) e campanha de 1700 (c.) e seguintes.
    Visita Kochi backwaters ao Lago Vembanad no âmbito do 7º colóquio internacional da Casa Senhorial Portugal, Brasil & Goa; 7th INTERNATIONAL COLLOQUIUM on MANOR HOUSES
    Fundação Oriente, Goa, 13 a 17 fevereiro 2023.
    Fotografia de 20 de fevereiro de 2023.
    Fort Vypin, Koch, Kerala, União Indiana.

    No seu enquadramento paisagístico, junto das águas do Lago Vembanad e olhando, ao fundo, a cidade de Cochim, a Igreja de Nossa Senhora da Esperança, de Vaipim, assume uma clara função de sacralização do território envolvente desta cidade.
    A existência de uma primitiva igreja no local é referida pela documentação a partir de 1560. Deste edifício inicial, situado na zona do atual cemitério, sobrevive a antiga torre sineira. Quanto à atual igreja, foi iniciada em princípios do século XVII, tendo‐se realizado a inauguração oficial em 1605, com a presença do bispo Andrea de Santa Maria (1588‐1610). No seu enquadramento arquitetónico, a igreja ergue‐se ao centro de um vasto terreiro circundado por cemitério, casa paroquial, capelas e habitação. Ao eixo do terreiro, a igreja articula‐se com um monumental cruzeiro dotando o recinto de um carácter vincadamente sagrado, característico das igrejas indo‐portuguesas do sul da Índia. Em termos estéticos, o edifício segue uma nova tipologia de matriz clássica e maneirista, com a fachada dividida por andares separados por entablamentos. A fachada opta, porém, por um esquema simplificado, sem dúvida pela sua filiação franciscana. A fachada não utiliza, assim, o esquema de colunas geminadas na separação dos tramos, nem os entablamentos de marcação dos andares são tão proeminentes como os que observamos nas igrejas do mesmo período. Pormenor particularmente interessante é o arcaísmo do portal de entrada, ainda de desenho manuelino.
    No interior, a igreja apresenta uma nave única, de linhas simples, marcada por grande arco triunfal ladeado por dois grandes retábulos. Em contraponto com o altar‐mor, ergue‐se o coro alto, com um belo gradeamento de balaústres maneiristas assentando em duas grandes colunas toscanas. São, porém, os retábulos do altar‐mor e da parede cruzeira que encerram um dos aspetos mais notáveis da igreja. Oriundos da igreja do convento dos franciscanos, estes altares laterais revelam uma notável qualidade, não só na composição como no delicado pormenor da talha. Num requintado esquema maneirista, o retábulo do altar‐mor é composto por dois andares separados por entablamento reto, com coroamento de ático de feitura posterior. Grandes colunas coríntias estriadas, com decoração de brutescos no terço inferior, enquadram quatro grandes telas; São Domingos e São José, no andar superior, e São Francisco e Santo Agostinho, em baixo. Um belo púlpito, com bacia poligonal, é decorado com figuras em baixo‐relevo, tendo Jesus Cristo ao centro, ladeado pelos quatro evangelistas.
    No século XIX a igreja recebeu obras de renovação, alterando sensivelmente o desenho original da fachada, como indiciam as urnas e as suas colunas torsas de gosto neoclássico. A igreja permanece, no entanto, no seu conjunto, como um exemplar único da arquitetura indo‐portuguesa do século XVII (Helder Carita).