Convite para a apresentação de A Lapinha de Francisco Ferreira, o Caseiro, Museu Etnográfico da Ribeira Brava, 12 de março de 2024, ilha da Madeira
Categorias
Descrição
Convite para a apresentação de A Lapinha de Francisco Ferreira, o Caseiro
(1848-1931)
Museu Etnográfico da Ribeira Brava, 12 de março de 2024, ilha da Madeira.
A mais célebre lapinha da Madeira teria sido a do Caseiro do Monte, Francisco Ferreira (1848-1931), por alcunha "o Caseiro", dado ter sido caseiro das freiras de Santa Clara, que construiu ele próprio a sua lapinha, em madeira entalhada a canivete e depois pintada com tintas que o próprio fabricava, tendo esculpido as suas primeiras imagens aos 14 anos de idade. Viria a casar com Maria Augusta Fernandes (1851-1937), natural da Calheta, a qual lhe lia as passagens da Bíblia onde se viria a inspirar para as suas esculturas, pois que nunca aprendera a ler. Escultor de cariz popular, soube captar os tipos e costumes da sua área, tornando assim a sua lapinha num dos centros de atração da freguesia do Monte e, depois do Funchal e da ilha da Madeira, acabando por entrar na tradição regional, não se entendo quase um natal na 1ª metade do séc. XX, sem uma visita à lapinha do caseiro. Todos os anos apareciam novos trabalhos, alguns articulados, fruto dos acontecimentos do ano, das "bilhardices", etc. que tornavam esta lapinha centro de uma verdadeira romaria regional e levando o autor a construir no seu quintal, em 1925, uma pequena capela onde se expunha a lapinha. Falecido "o Caseiro" a 13 de junho de 1931, a lapinha ainda ficou patente alguns anos, até que um incêndio, em 1973, destruiu a pequena capela anexa à casa. A família, no entanto, havia já retirado a quase totalidade das imagens, num conjunto de cerca de 3 centenas de peças, parte das quais depois depositadas no Museu de Arte Sacra do Funchal pelos herdeiros e, nessa sequência, transferidas para o Museu Etnográfico da Madeira, na Ribeira Brava.
Em 2008, com poemas de Herberto Helder (1930-2015), neto do Caseiro, fotografias de Ricardo Jardim e a colaboração de Lourdes Castro (1930-2022), Lisboa, Assírio & Alvim, já havia sido editada obra sobre esta mítica lapinha.