Colubrinas de bronze oitavadas da praia do Belinho, fundição da Flandres (atr.), 1540 (c.), Praia do Belinho, Esposende, Portugal.
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Descrição
Colubrinas de bronze oitavadas da praia do Belinho.
Bronze, 2,65 cm. x 7 cm. (calibre)
Fundição da Flandres (atr.), 1540 (c.)
Fotografia de John Sexton, 2014.
Coleção Alexandre Monteiro.
Praia do Belinho, Esposende, Portugal.
Ação de salvaguarda do Município de Esposende, que recuperou a 23 de setembro de 2024, do fundo do mar, ao largo da praia de Belinho, duas colubrinas de bronze do século XVI, que se supõe serem da embarcação quinhentista cujos destroços deram à costa em 2014 e que teria afundado por 1572. A operação de resgate foi realizada na presença de mergulhadores, na área do naufrágio de Belinho, após diversas alertas ao Serviço de Património Cultural da autarquia. Prontamente foram alertadas as devidas autoridades e entidades, no caso a Capitania do Porto de Viana do Castelo e a Delegação Marítima de Esposende, para além do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática, que tutela o Património Cultural Subaquático.
Os trabalhos arqueológicos foram realizados com caráter de emergência, atendendo aos recorrentes alertas e às excecionais condições do mar, nomeadamente a fraca ondulação. Efetivamente, durante os trabalhos de monitorização e de registo, verificou-se que as duas bocas de fogo tinham sido deslocadas, estando totalmente à mercê da natureza e/ou de interesses ilícitos. De referir que a Convenção da UNESCO para a Proteção do Património Cultural Subaquático privilegia a preservação “in situ” quando estão reunidas as condições de proteção e de valorização das peças em causa. Agora, segue-se a fase de conservação e de investigação das duas colubrinas oitavadas de bronze, raras no território português e que obedecem a um plano rigoroso.
De realçar que no passado dia 20 de setembro, no âmbito da programação das Jornadas Europeias do Património do Município de Esposende, foi apresentada a publicação “Patrimónios Emersos e Submersos – Do Local ao Global”, dedicada ao naufrágio de Belinho. Foi a consciência das ameaças a que este património estava sujeito, desde a natureza dos fundos subaquáticos, expostos a processos sedimentares extremos e/ou a tempestades, ou a atividades que coloquem em causa a sua integridade física, que esteve sempre subjacente a toda a intervenção de resgate. A recuperação deste importante Património Cultural permitirá a sua investigação de forma mais detalhada e, eventualmente, trazer novas perspetivas sobre o navio de Belinho. Paralelamente, será mais um elemento de valorização do acervo arqueológico do Município de Esposende, com vista à posterior fruição por parte dos cidadãos, reforçando a partilha de informação e do conhecimento da e com a comunidade. Porque afinal, e de acordo com a máxima do Serviço de Património Cultural, “um cidadão esclarecido, é um cidadão ativo!”. (Texto da CM de Esposende)
Uma colubrina, culverin ou couleuvrine, designação associada à forma de uma cobra (do termo latino colubra), é uma peça de artilharia de tiro tenso, cuja alma, para isso, tem de comprimento mais do que 6 vezes o diâmetro do calibre, como oficialmente foi definido em França na época de Francisco I (1494-1547). A grande colubrina francesa com as armas de Emery d'Amboise (1434-1512), da Ordem dos Hospitalários de São João de Jerusalém, datável de 1503 a 1512, com 5,4 metros e 3343 kgs., será a maior peça do género, distanciando-se um pouco da portuguesa fundida em Goa, em 1537, por João Vicente, o Dragão de Santa Catarina, dada como dupla colubrina, com 5,28 metros; alma, 493; calibre: 16,3 cm., ou a de João Dias, fundida em 1545, hoje no Museu de Angra, nos Açores, com um comprimento de cano de 4,3 metros e um calibre de 12 cm.