Cidade de Argel fortificada, anno de 1578, Códice Cadaval, Torre do Tombo, Lisboa, Portugal.
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Descrição
Cidade de Argel fortificada, anno de 1578.
Argel, Argélia.
Manuscrito aguarelado, 40,6 x 36,7 (x 4) cm.
Desenho anónimo do Códice Cadaval., provavelmente, cópia Alexandre Massai (c. 1560-1638)
Códice adquirido à Casa Cadaval em 1977 e que teve n.º da Casa Forte 523/1/2. Este livro tem a indicação na portada de ter sido oferecido a El- Rey D. João 4º de Portugal (1604-1656) por Fr. Luís da Natividade (c. 1580-1656) e ser trabalho do seu tio e secretário Luís de Figueiredo Falcão (1548-1631). O conjunto reúne pareceres dados no colégio de Santo Antão, com trabalhos em que participou Leonardo Turriano (1559-1628), assim como plantas de Mazagão, da fortaleza do Monte Brasil, nos Açores, de Goa e, inclusivamente, um grande desenho de Argel, havendo desenhos, provavelmente, originais ou cópias, de Fr. Vicêncio Casale (1539-1593) e do sobrinho Alexandre Massai (c. 1560-1638). Os desenhos parecem datar dos finais do século XVI e dos inícios do XVII, enquanto alguns dos pareceres se situam entre 1608 e 1617.
Lisboa, Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo (AP. Casa Cadaval, liv. 29), Portugal.
As cidades de Salé, em Marrocos, e Argel constituíram os principais centros corsários dos séculos XVII e XVIII, constituindo os cativos cristãos e os europeus renegados islamizados uma parte considerável da sua população e o corso o seu principal meio de subsistência. As maiores zonas de concentração de cativos portugueses foram Fez, Salé, Tetuão, Marrakech, Larache, Alquácer-Quibir, Argel, Tunis e Constantinopla. De todos estes lugares parece que o pior era o da cidade tunisina, daí o lema antes no inferno que em Tunes.
A existência de cativos significava reais possibilidades de incrementar a agricultura e as grandes construções públicas. Numa primeira fase, os cativos eram propriedade pessoal dos seus donos. Com o sultão Mulay Ismail (1645-1727), por 1675, todos os escravos passaram a ser propriedade do mesmo que, por direito, ou os comprava a 250 libras cada ou simplesmente procedia ao seu confisco. Com eles conseguia-se mão de obra em quantidade e a baixos custos, sendo apenas necessário dar-lhes um módico de roupa e de comida. Para resolver o problema da libertação dos cativos cristãos, desde cedo são constituídas ordens religiosas para este fim. A Ordem da Santíssima Trindade e a Ordem de Nossa Senhora das Mercês são duas que, nos estados ibéricos, desde o século XIII, se vão dedicar a esta obra de assistência. As preocupações eram dobradas com o resgate de mulheres – que, concebendo, contribuíam para o aumento do número de infiéis – e com as crianças – que corriam o perigo de perder a fé e de converter-se ao islamismo (Alexandre Monteiro, set. 2025)