Casal de Meninos da Mocidade Portuguesa, faiança de Vasco Lopes de Mendonça, 1950 (c.), Fábrica Bordalo Pinheiro, Caldas da Rainha, Portugal.
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Descrição
Casal de Meninos da Mocidade Portuguesa
Figuras em faiança vidrada policroma, marca circular na base
Fábrica Bordalo Pinheiro, Vasco Lopes de Mendonça (1883-1963), 1950 (c.).
Leiloeira Marques dos Santos (?)
Caldas da Rainha, Portugal.
Vasco Lopes de Mendonça (1883-1963), ex-aluno do Real Colégio Militar (167/1894 e 111/1896) e coronel de Engenharia, fazendo carreira na área e aposentando-se enquanto técnico superior de engenharia da Câmara Municipal de Lisboa, dedicando também particular atenção à caricatura, à ilustração e à cerâmica, dado ter crescido e ter sido educado, numa família e num ambiente, de artistas e intelectuais. Filho do oficial da Marinha, Henrique Lopes de Mendonça (1856-1931), também militar de carreira, escritor e dramaturgo, elaborou em 1890, no auge do ultimato inglês, a letra de A Portuguesa, composição musicada por Alfredo Keil (1850-1907), que, após ser parcialmente expurgada no verso "Contra os bretões marchar, marchar" para se tornar politicamente correta, foi adotada como Hino Nacional da 1.ª República. Sua mãe, Maria de Amélia Bordalo Pinheiro (datas desconhecidas), provinha da famosa família Bordalo Pinheiro onde, entre outros, se destacaram Columbano (1857-1929) e Rafael (1846-1905), irmãos de Maria Amélia, e o filho deste último, Gustavo (1867-1920), pelo herdou assim interesses económicos na célebre Fábrica das Caldas da Rainha, do tio Rafael Bordalo Pinheiro, onde editou alguns dos seus trabalhos. Suas irmãs Virgínia Lopes de Mendonça (1881-1969) e Alda Lopes de Mendonça (1885-1962), destacaram-se também, como escritora e dramaturga, a primeira, e como rendeira, numa certa tradição Arts & Crafts, mas também reproduzindo desenhos de seus irmãos Vasco e Virgínia, a segunda.
A Mocidade e Legião Portuguesa nasceram da inquietante perspetiva de uma Espanha comunista em resultado da Guerra Civil e, também, o fascínio da direita extremista portuguesa pelas ditaduras italiana e alemã que forçaram Salazar (1889-1970) à criação de organizações paramilitares como estas de 1936. Esta primeira decidia-se a moldar os infantes portugueses aos valores nacionais e combater o internacionalismo bolchevista. Tratava-se de saturar a cabeça de doutrina e o corpo de exercício, até para evitar os malefícios do onanismo (práticas genésicas, como se dizia na altura). Avesso a extremismos, o ditador controla como pode estas problemáticas organizações, nomeando chefias da sua confiança. A primeira era uma milícia (infantil) e juvenil de filiação obrigatória para os estudantes de ambos os sexos, que dava preparação militar e organizava atividades desportivas e culturais, conciliando algumas facetas interessantes do escutismo com a doutrinação política e religiosa. A segunda era também uma instituição paramilitar, destinada à população civil. Um dos principais doutrinadores da MP, e mais tarde seu 2.º comissário geral, Marcello Caetano (1906-1980), viria a ser o delfim e sucessor de Salazar. Em 1937, nascia também a Mocidade Portuguesa Feminina, “sentinelas da alma de Portugal”, que enquadraria as suas filiadas no seio do lar e da família, oportuna retaguarda dos valorosos guerreiros da congénere masculina. A farda das MPs era peça fundamental na disciplina coletiva e na encenação de desfiles e paradas. As MPs dividiam-se em Lusitos/Lusitas, Infantes, Vanguardistas e Cadetes/Lusas, em categorias dos 7 aos 25 anos, cada uma com farda própria. A representação gráfica das MPs foi evoluindo ao sabor do seu papel político e social e do grafismo dos ilustradores de várias gerações.