Casa Vasco, Vasco Homestay de Cochim, 1580 (c.) a 1700 (c.), Rose Street, Kochi Fort, Koch, Kerala, União Indiana
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Descrição
Casa Vasco, Vasco Homestay de Cochim
Alvenaria mista de 1580 (c.) a 1700 (c.),
Visita no âmbito do 7º colóquio internacional da Casa Senhorial Portugal, Brasil & Goa; 7th INTERNATIONAL COLLOQUIUM on MANOR HOUSES
Fundação Oriente, Goa, 13 a 17 fevereiro 2023.
Fotografia de 19 de fevereiro de 2023.
Rose Street e Bastion Street, Kochi Fort, Koch, Kerala, União Indiana.
A chamada Vasco House, situada junto da Igreja de São Francisco, apresenta‐se não só entre os casos arquitetónicos mais interessantes do núcleo urbano português de Cochim como é, talvez, o seu exemplo mais bem conservado. Numa típica tipologia de edifício urbano tardo‐medieval, a fachada apresenta‐se com dois pisos e um alpendre ao nível do primeiro andar, com patamar de escadas salientes sobre a rua, mostrando notáveis afinidades com outros edifícios desenhados por Gaspar Correia nas Lendas da Índia. Referimos‐nos às representações de Cranganor e de Diu, em concreto à feitoria da primeira e a certas casas incluídas no núcleo urbano de Diu, caracterizadas no seu conjunto por um modelo de edifício de dois pisos com alpendre saliente sobre a rua.
No seu programa distributivo, a "Casa Vasco" desenvolve‐se em três corpos que, rematados por um alto muro, formam um pátio interior com um poço. Ao nível do primeiro piso a entrada, em corredor, permite o acesso lateral às salas e, no topo, um acesso direto às zonas mais íntimas da casa. Neste esquema de distribuição, que encontramos igualmente na arquitetura goesa, transparece uma adaptação do programa da casa às tradições culturais indianas, em que a vida doméstica devia permanecer radicalmente separada do contacto com elementos exteriores. Além dos típicos bancos‐conversadeiras das janelas de peito, as portas do salão apresentam exóticos espelhos de fechadura, em latão recortado, semelhantes aos espelhos das gavetas dos contadores indo‐portugueses do século XVII. Da análise aos edifícios mais antigos de Cochim, apercebemos‐nos de que o modelo de edifício urbano de dois andares com vãos simples de janelas de peito tende a organizar o seu programa distributivo em função das traseiras, afastando‐se do modelo original português. Numa quase oposição à fachada principal, as traseiras abrem‐se para um pátio‐jardim através de amplas varandas, com prumos e guardas em estrutura de madeira. Tornando‐se a zona privilegiada de estar, esta varanda estabelece‐se como elemento estruturante do programa distributivo, funcionando como charneira de ligação a vários compartimentos interiores. Com a nova situação de relação que a varanda estabelece com todo o seu programa interior, estas casas constituem‐se como uma nova tipologia, por assimilação de condicionantes climatéricas e de dados culturais autóctones. A "Casa Vasco" foi restaurada em 2004 com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian (Hélder Carita).