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Arquipelago de Origem:
Monte
Data da Peça:
2014-11-00
Data de Publicação:
25/02/2025
Autor:
Vários
Chegada ao Arquipélago:
2025-02-25
Proprietário da Peça:
Associação dos Carreitos do Monte
Proprietário da Imagem:
Privado
Autor da Imagem:
Privado
Carreiros e carros de cesto do Monte aguardando os turistas, novembro de 2014, Funchal, ilha da Madeira.

Categorias
    Descrição
    Carreiros e carros de cesto do Monte aguardando os turistas.
    Antiga entrada do Grande Hotel Belmonte, reforma de 1915 a 1916 e seguintes.
    Fotografia de novembro de 2014.
    Monte, Funchal, ilha da Madeira.

    Veículo de arrasto, de fabrico artesanal, em forma de caixa aberta retangular, com assento para duas pessoas, construído em vimes cruzados entre si, sobre duas soleiras de til. Na parte frontal ficam presas as cordas ou carreiras delgadas destinadas a dirigi-lo. O assento, com encosto, é almofadado e forrado com tecido florido. Crê-se que terão sido uma adaptação das pequenas corsas de madeira, utilizadas antigamente no transporte de carga e que, eventualmente, eram utilizadas também no transporte de pessoas, em áreas de declives fortes e caminhos calcetados, em circunstâncias específicas.
    Trata-se, geralmente, de um tabuleiro em vime, com um assento também ele em vime, estofado e forrado com tecido florido, que é colocado sobre dois paus de til ou de pinho, que são untados com sebo, para fazê-lo deslizar. Na frente e nos lados levam duas cordas, que os carreiros seguram para controlar a velocidade e a direção deste veículo artesanal. Estes homens viajam sobre o pau, na parte traseira do veículo, ou correndo ao seu lado, e utilizam como travão apenas a sua força e a sola das botas, feitas tradicionalmente com pneu, designadas popularmente por botas de carreiro.
    O caminho do Monte foi mandado construir em 1802, pela Junta Governativa e por ali passaram a circular os carros de cesto que, nos anos 40 do século XIX, terão substituído as antigas corsas, no transporte de passageiros e que deslizavam do Monte até a cidade do Funchal. Em 1849 constituiu-se a Associação de Carreiros do Monte, que zelava pelo bom funcionamento da atividade e pelos interesses da classe. Até o século XX, altura que a Madeira passou a dispor de uma rede de estradas que veio permitir as comunicações entre a cidade do Funchal e as zonas rurais, os veículos de arrasto, como as corsas, o carro de cesto e os carros de bois, tiveram um papel fundamental.
    Carreiro do Monte é uma profissão tradicional secular, que persistiu até os nossos dias. Estas figuras tradicionais conduzem estes pequenos veículos para transporte de passageiros, designados de carros de cesto ou carros do Monte. Trajam calças e camisa branca, chapéu de palha de trigo e botas de couro, com sola de borracha. Atualmente ainda existem alguns em funcionamento, na freguesia do Monte (por isso são popularmente conhecidos por carros do Monte), e são utilizados pela Associação de Carreiros do Monte num percurso estabelecido oficialmente e que constitui uma atração turística. Com mais de um século de História os carros de cesto ou carros do Monte, constituem um tipo de transporte único no mundo. Trata-se de um veículo de arrasto, com um assento para duas pessoas, construído com vimes, sobre uma estrutura em madeira de eucalipto, a caixa, que possui, em cada uma das extremidades duas barras de madeira de til ou pinho que são untadas com “sebo”, para que deslizem com facilidade. Na parte dianteira são colocadas os chamados focinhos, duas cordas ou correias delgadas, que permitem aos dois homens, que empurram o carro, controlá-lo. Os homens, popularmente conhecidos por carreiros, usam botas de campo, em couro, com uma sola grossa de borracha, que funciona como travão, sempre que é necessário abrandar a velocidade e parar a marcha.
    Tudo leva a crer que terá sido na freguesia do Monte, por volta de 1850, que terá aparecido o carro de cesto, visto não haver qualquer registo anterior a esta data. Supõe-se que surgiu da ideia de Russel Manners Gordon (1829-1906), 3.º visconde e 1.º conde de Torre Bela, de adaptar a corsa, transporte de carga, a um veículo mais confortável e seguro, de transporte de passageiros, de forma a chegar rapidamente ao Funchal, visto que residia no Monte, na Quinta Gordon - atualmente Quinta Jardins do Imperador - e a sua profissão de comerciante de vinhos o obrigava a deslocações constantes ao centro da cidade. Outros teriam seguido a sua ideia, tendo inicialmente estes transportes as funções utilitária e de lazer, pois existiam carros para uso particular de transporte dos seus proprietários e para uso público dos turistas. A dimensão do carro variava consoante o número de pessoas que transportava, uma, duas ou três. Atualmente, apenas circulam carros para dois lugares. Devido ao impulso das escalas de cruzeiros nos finais do Séc. XIX, rapidamente este meio de transporte transformou-se numa atração turística da freguesia do Monte. Atualmente a viagem tem um percurso de 2 km, com a duração aproximada de 10 minutos, a uma velocidade que chega a atingir os 48 km à hora (Ficha MEM).