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Arquipelago de Origem:
Arruda dos Vinhos
Data da Peça:
1550-00-00 00:00:00
Data de Publicação:
20160929
Autor:
Mestre local
Chegada ao Arquipélago:
2016-09-29 00:00:00
Proprietário da Peça:
Paróquia de Nossa Senhora da Salvação de Arruda dos Vinhos
Proprietário da Imagem:
Rui Carita
Autor da Imagem:
Rui Carita
Capitel com caveira da capela batismal da Igreja da Salvação, campanha de 1550 (c.) e seguintes, matriz de Arruda dos Vinhos, Portugal

Categorias
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Descrição
Capitel com caveira da capela batismal da Igreja da Salvação.
Cantaria esculpida com vestígios pintura, 1550 (c.) e seguintes
Fotografia de 26 de julho de 2016.
Igreja matriz de Nossa Senhora da Salvação de Arruda dos Vinhos, Largo do Adro, Arruda dos Vinhos, Portugal

Arruda foi vila da Ordem de Santiago após as conquistas de Lisboa e Sintra. Pelos finais do século XII, a localidade tinha castelo, facto que terá estado na origem do interesse dos Espatários, que assim passaram a controlar um importante acesso setentrional a Lisboa.
Desconhece-se a data de construção da primitiva igreja, mas é de supor que tenha ocorrido nas primeiras décadas do século XIII, altura em que, do lado Sul do Tejo, os cavaleiros de Santiago desenvolviam os primeiros projetos de organização populacional e de rentabilização económica. Desse edifício original, que não vem mencionado na Inquirição do Termo de Lisboa (doc. de c. 1220), apenas se sabe que albergava a importante irmandade de Nossa Senhora da Salvação, mas nenhum elemento material foi, até ao momento, identificado. Dele procede uma imagem quatrocentista de Nossa Senhora da Piedade, provavelmente a imagem tutelar do templo e alvo de grande devoção no final da Idade Média.
O conjunto que atualmente subsiste, curiosamente, data da época terminal de domínio da Ordem de Santiago sobre a vila de Arruda. Em 1551, o mestrado santiaguista passou para o domínio da coroa e a comenda da localidade foi transmitida ao duque de Aveiro, D. João de Lencastre. Alguns anos antes, D. Manuel havia estado na vila (ao que parece escapando a uma vaga de peste), sendo esse o momento apontado tradicionalmente como arranque do projeto da nova matriz, beneficiado pela devoção à Senhora da Salvação.
O templo é um típico monumento manuelino, de feição algo rude e revelador do sucesso de um anterior modelo paroquial, de origem duocentista e de influência mendicante. A opção por corpo de três naves seccionadas em cinco tramos e, especialmente, a fachada ad triangulum, com corpo central de dois registos (com portal e janela, sendo mais comum uma rosácea) e dois laterais mais baixos e dispostos obliquamente em relação àquele, são características que se encontram em inúmeras igrejas góticas de Norte a Sul do país, edificadas um pouco por toda a Baixa Idade Média e que passou, evidentemente, ao ciclo manuelino. Mas se, planimetricamente, a igreja não apresenta quaisquer novidades (à exceção dos arcos formeiros, que são já de volta perfeita, por forma a aumentar a espacialidade interior, num crescente sentido unificador), o mesmo não se pode dizer da estética decorativa que, longe de qualquer eco passado, é plenamente manuelina. Neste contexto, o portal principal é o principal elemento, de perfil canopial, limitado lateralmente por pilastras que integram nichos com imagens e superiormente por cortina. No interior, as colunas que sustentam os arcos do corpo da igreja possuem anéis de decoração vegetalista, tipologia ornamental que se repete nos capitéis. Ao nível da cabeceira, apenas os absidíolos são ainda manuelinos, de secção quadrangular e cobertos por abóbadas estreladas, de grossas nervuras e bocetes decorados com motivos fitomórficos.
Nos séculos XVII e XVIII, o interior da igreja foi substancialmente transformado, atualizando-se esteticamente os principais elementos devocionais. O revestimento azulejar das paredes da nave data da viragem para o século XVIII, assim como o retábulo-mor, seccionado por colunas pseudo-salomónicas e com decoração à base de parras de videira. Em 1744 construiu-se o coro-alto, o que obrigou a alterações no primeiro tramo da estrutura, com substituição de capitéis e redução de colunas. Pela mesma altura revestiram-se as paredes da capela-mor com painéis de azulejos azuis e brancos.
A última grande fase de obras no conjunto teve lugar nas décadas de 50 e 60 do século XX, altura em que se restaurou grande parte da igreja. Os trabalhos iniciaram-se pelos aspetos estruturais, com especial cuidado para os telhados e pavimentos e continuaram com o restauro dos azulejos e demais elementos de património móvel e integrado.