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Arquipelago de Origem:
Funchal
Data da Peça:
1896-06-23
Data de Publicação:
01/08/2022
Autor:
Diário de Notícias do Funchal
Chegada ao Arquipélago:
2022-08-01
Proprietário da Peça:
ABM/ARM
Proprietário da Imagem:
ABM/ARM
Autor da Imagem:
ABM/ARM/Rui Carita
Capitão Alexandre José Sarsfield na Madeira, Diário de Notícias do Funchal, 23 de junho de 1896, ilha da Madeira

Categorias
    Descrição
    Capitão Sarsfield
    (1856-1926)
    Vigência de José Ribeiro da Cunha (II) (1854-1915) como governador civil do Funchal.
    Diário de Notícias, direção de Tristão Vaz Teixeira de Bettencourt da Câmara (1848-1903), Barão do Jardim do Mar (25 abr. 1896), Funchal, 23 de junho de 1896, p. 2, ilha da Madeira.

    O capitão Alexandre José Sarsfield (1856-1926), que tomara parte no combate da Codela e na tomada de Monjacaze, em Moçambique, ações que levaram depois à prisão do régulo Vátua nguni Gungunhana (1839-1906), chegou ao Funchal a 22 de junho. O oficial madeirense foi alvo de especial receção, com a banda de Caçadores 12 a tocar quando do seu desembarque no cais, uma filarmónica na sua passagem pelo Hotel Central, frente à Praça da Constituição e pouco acima de São Lourenço, ambas atuações com lançamento de foguetes e, nessa noite, a tradicional “marche aux flambeaux” pelas principais ruas da cidade. Queixa-se, no entanto, o articulista do Diário de Notíciasque esta receção poderia ter sido muito mais solene e completa, se não tivesse sido posta de parte a celebração de um Te-Deum na sé catedral”. Seria depois governador civil da Guarda e deputado pela Madeira.
    Alexandre José Sarsfield (São Pedro, 17 set. 1856; Porto, dez. 1926), filho de Guilherme Henrique Sarsfield (21 maio 1815-) e de Cândida de Ornelas Sarsfield, cursou o liceu do Funchal e a Escola do Exército, tendo seguido a carreira militar e chegando ao posto de coronel. Sendo capitão, tomou parte na expedição que em 1894 foi Moçambique, achando-se no combate de Coolela e na tomada de Manjacaze. Foi chefe do gabinete do ministério da guerra e adido militar à legação portuguesa em Paris. Além de varias comissões de serviço publico, tanto de carácter civil como militar, desempenhou também as funções de governador civil da Guarda e de deputado pela Madeira nas legislaturas de 1902-1904, 1904 e 1906. Tem tido uma vasta colaboração em vários jornais e revistas, e nomeadamente na Revista de Educação e Ensino, Revista de Infantaria, Revista Militar, Revolução de Setembro, Primeiro de Janeiro e Diário de Noticias, de Lisboa. Nos seus últimos anos colaborou também no Diário da Madeira. Publicou vários opúsculos sobre assuntos coloniais e militares, e os livros Leitura para meus filhos e Educação. Teria, quando perto do seu falecimento dois volumes prontos para dar à estampa. Foi promotor no primeiro conselho de guerra da 1.ª Divisão Militar e é oficial das ordens da Torre e Espada, de São Tiago, de São Bento de Avis e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, e tem, além doutras, a medalha de prata de serviços no ultramar e a medalha de prata para comemorar a expedição a Moçambique em 1894 e 1895. Tem também a cruz de 2.ª classe do Mérito Militar, de Espanha, a grã-cruz da ordem de Isabel a Católica, do mesmo país, e de oficial da Legião de Honra, de França.
    José Ribeiro da Cunha (II) (1854-1915). Nascido na área de Algés a 5 de dezembro de 1854, era filho do importante financeiro também José Ribeiro da Cunha (1813-1883), que tinha feito fortuna na exploração do contrato de tabaco e, entre 1871 e 1877, levantou um palacete na área da Patriarcal Queimada, hoje Largo Príncipe Real, nos finais do século passado sede da reitoria da Universidade Nova de Lisboa. O filho, bacharel em direito pela Universidade de Coimbra, tendo casado no Funchal com Josefina de Ornelas e Vasconcelos de Castelo Branco Manoel (1864-1919), filha do 2.º Barão de São Pedro (1837-1911) , quadro superior do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o sogro chamou-o à carreira diplomática, sendo governador civil do Funchal com o gabinete Regenerador Hintze-Franco (1849-1907) e (1855-1929), entre 9 de abril de 1896 e 4 de fevereiro de 1897. Ribeiro da Cunha secretariou depois a delegação portuguesa à Conferência de Paz de Haia, em 1899, que integrava o conselheiro Agostinho de Ornelas de Vasconcelos (1836-1901) e o filho Aires de Ornelas (1866-1930) , sendo colocado à última hora, de novo, como governador do Funchal para receber a Visita Régia de junho de 1901. Voltaria a ocupar o lugar em 1906 e, ainda em 1910, estando em São Lourenço quando se deu a aclamação da República, sendo assim o único que ocupou este lugar por quatro vezes. Viria a falecer, em Lisboa, a 14 de maio de 1915, atingido por estilhaços de uma granada lançada contra a sua residência no Alto de Santa Catarina.