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Arquipelago de Origem:
África do Sul
Data da Peça:
1980-00-00
Data de Publicação:
25/10/2024
Autor:
Vários
Chegada ao Arquipélago:
2024-10-26
Proprietário da Peça:
Museu de Marinha
Proprietário da Imagem:
Filipe Castro e outros
Autor da Imagem:
Filipe Castro e outros
Berços da nau Santiago dos meados do século XVI, 1575 (c.), fotografia de 1980 (c.), África do Sul.

Categorias
    Descrição
    Berços da nau Santiago dos meados do século XVI.
    Colubrina e falconetes.
    Bocas de fogo de bronze, 53 e 110 cm.
    Época de D. Sebastião (1554-1578), 1575 (c.).
    Fotografia da África do Sul após o levantamento do espólio, de 1980 (c.),
    Pub. Castro, Filipe; Rodrigues, Paulo Jorge e Oswald, Chase, in recolha sobre nau Santiago in  Centro de Arqueologia Marítima da Universidade de Coimbra (doc. On-line s/data)
    Coleção do Museu de Marinha, Lisboa, Portugal.

    Provenientes do espólio da nau Santiago, afundada em 1585 no atol então dito Bassas da Índia ou Praia da Judia, no Canal de Moçambique, tendo por capitão Fernão de Mendonça, mestre Manuel Gonçalves e os pilotos Gaspar Gonçalves e Miguel Rodrigo. Carregava 450 a 500 pessoas e uma equipagem de cerca de 200 marinheiros, com 30 mulheres e um número indeterminado de  crianças. Seguiam também como passageiros 8 padres, incluindo Frei Tomás Pinto, apontado como Inquisidor Geral para a Índia. Estava equipada com 12 peças de artilharia, 2 camelos, 2 esperas e 8 berços, dados como colubrinas e falconetes, alguns de importantes dimensões. O espólio foi levantado em 1980 e vendido em Londres pela empresa Santiago Marketing, criada nesse ano de 1984 e em que 8 bocas-de-fogo de bronze e um astrolábio, com outras peças de menor interesse, foram adquiridas pelo Museu de Marinha.
    O desastre encontra-se publicado como Relação do Naufragio da Nao Santiago no anno de 1585. E itinerário da gente que delle se salvou. Escrita por Manoel Godinho Cardozo. E agora novamente acrescentada com mais algumas noticias. Pub. Bernardo Gomes de Brito (1688-1759), História trágico-marítima, Lisboa, Congregação do Oratório, 1735-1736, vol. II, p. 61
    Berços eram peças fabricadas em bronze e que possuíam três câmaras para a pólvora. Apesar de utilizada em operações terrestres predominavam sobretudo a bordo das embarcações portuguesas. Tinham um alcance de 250 m. Existem vários exemplares, tendo o primeiro conhecido sido levantado na baía de Angra do Heroísmo, ainda nos finais do século XIX e integrando o Museu Militar de Lisboa, tendo, recentemente, sido depositado no Museu de Angra do Heroísmo.
    A artilharia foi, desde sempre, objeto de especial atenção e cuidado pelos monarcas portugueses, com especial destaque para D. João II (1455-1495) e D. Manuel I (1469-1521). Face ao sucesso observado com a artilharia de carregamento pela culatra, embarcada nas naus de “guarda-costas”, desde os seus primórdios, ainda em ferro forjado, nos últimos anos do século XV, esta evoluiu para a artilharia em bronze fundido, muito mais elástico e resistente aos efeitos da água do mar que o ferro. Em carta de 22 de março de 1515, Estevam Paes, chefe da Fundição de Lisboa, participa a El-Rei D. Manuel I, o sucesso obtido com as peças inventadas por [para] este monarca “…e que os tiros granadas de berço, que Vossa Alteza inventou […] tiraram de Cata-que-Farás [atualmente a zona do Cais do Sodré] ao pontal de Almada [Cacilhas] […] que a meu parecer sam os mais prestes tiros e artilharia que pera as naos se pode fazer e haverem bençam…”. O alcance do tiro, considerado notável na sua época, corresponde a uma distância de 1750 m. O mesmo, combinado com a elevada cadência que estas peças asseguravam, graças ao carregamento pela culatra, com as câmaras pré-carregadas com pólvora, explica a utilização generalizada dos berços em bronze em diversas embarcações do século XVI e grande parte de XVII.
    Uma colubrina, culebrina, culverin ou couleuvrine, designação associada à forma de uma cobra (do termo latino colubra), é uma peça de artilharia de tiro tenso, cuja alma, para isso, tem de comprimento mais do que 32 vezes o diâmetro do calibre, como oficialmente foi definido em França na época de Francisco I (1494-1547). A grande colubrina francesa com as armas de Emery d'Amboise (1434-1512), da Ordem dos Hospitalários de São João de Jerusalém, datável de 1503 a 1512, com 5,4 metros e 3343 kgs., será a maior peça do género, distanciando-se um pouco da portuguesa fundida em Goa, em 1537, por João Vicente, o Dragão de Santa Catarina, dada como dupla colubrina, com 5,28 metros; alma, 4,93 m.; calibre: 16,3 cm., ou a de João Dias, fundida em 1545, hoje no Museu de Angra, nos Açores, com um comprimento de cano de 4,3 metros e um calibre de 12 cm.