Berço da nau Santiago dos meados do século XVI, 1575 (c.), Museu de Marinha, Lisboa, Portugal.
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Descrição
Berço dos meados do século XVI.
Falconete.
Boca de fogo de bronze, 110 cm.
Época de D. Sebastião (1554-1578), 1575 (c.).
Proveniente do espólio da nau Santiago, afundada em 1585 no atol então dito Bassas da Índia ou Praia da Judia, no Canal de Moçambique, espólio levantado em 1980 e vendido em Londres pela empresa Santiago Marketing, criada nesse ano de 1984 e em que 8 bocas-de-fogo de bronze e um astrolábio, com outras peças de menor interesse, foram adquiridas pelo Museu de Marinha.
Museu de Marinha, Lisboa, Portugal.
Peça fabricada em bronze e que possuía três câmaras para a pólvora. Apesar de utilizada em operações terrestres predominavam sobretudo a bordo das embarcações portuguesas. Tinham um alcance de 250 m. Existem vários exemplares, tendo o primeiro conhecido sido levantado na baía de Angra do Heroísmo, ainda nos finais do século XIX e integrando o Museu Militar de Lisboa, tendo, recentemente, sido depositado no Museu de Angra do Heroísmo.
A artilharia foi, desde sempre, objeto de especial atenção e cuidado pelos monarcas portugueses, com especial destaque para D. João II (1455-1495) e D. Manuel I (1469-1521). Face ao sucesso observado com a artilharia de carregamento pela culatra, embarcada nas naus de “guarda-costas”, desde os seus primórdios, ainda em ferro forjado, nos últimos anos do século XV, esta evoluiu para a artilharia em bronze fundido, muito mais elástico e resistente aos efeitos da água do mar que o ferro. Em carta de 22 de março de 1515, Estevam Paes, chefe da Fundição de Lisboa, participa a El-Rei D. Manuel I, o sucesso obtido com as peças inventadas por [para] este monarca “…e que os tiros granadas de berço, que Vossa Alteza inventou […] tiraram de Cata-que-Farás [atualmente a zona do Cais do Sodré] ao pontal de Almada [Cacilhas] […] que a meu parecer sam os mais prestes tiros e artilharia que pera as naos se pode fazer e haverem bençam…”. O alcance do tiro, considerado notável na sua época, corresponde a uma distância de 1750 m. O mesmo, combinado com a elevada cadência que estas peças asseguravam, graças ao carregamento pela culatra, com as câmaras pré-carregadas com pólvora, explica a utilização generalizada dos berços em bronze em diversas embarcações do século XVI e grande parte de XVII.