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Arquipelago de Origem:
Malaca
Data da Peça:
1577-01-01 00:00:00
Data de Publicação:
20180212
Autor:
Manuel Godinho de Herédia
Chegada ao Arquipélago:
2018-02-12 00:00:00
Proprietário da Peça:
Biblioteca Nacional de Portugal
Proprietário da Imagem:
Biblioteca Nacional de Portugal
Autor da Imagem:
Biblioteca Nacional de Portugal
Batalha de Malaca de 1 de janeiro de 1577 com a chegada de Matias de Albuquerque da Historia de serviços com Martírio de Luís Monteiro Coutinho, ordenada por Manoel Godinho de Eredia, Matemático, no ano de 1615, Estado Português da Índia

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Descrição
Batalha de Malaca de 1 de janeiro de 1577 com a chegada de Matias de Albuquerque.
Participação de Matias de Albuquerque (1542-1609) e de Luís Monteiro Coutinho.
In Historia de serviços com martirio de Luis Mont.o Cout.o/ ordenada por Manoel Godinho de Eredia Math. o. Anno de 1615, fl. 25v e 26.
Luís Monteiro Coutinho (1527-1588), executado depois no sultanato de Achém.
Manuel Godinho de Herédia ou Erédia (c. 1558-c. 1623)
Biblioteca Nacional de Portugal, Reservados, códice 414, Portugal

Obra de cariz histórico-biográfico, descreve os principais episódios da vida de Luís Monteiro Coutinho (1527-1588) e dos acontecimentos que levaram à sua morte em 1588, por ordem do rei de Achém; é reveladora de preocupações em termos de rigor histórico, patente nas descrições minuciosas dos lugares e fortalezas onde decorrem os acontecimentos assim como transcrições dos documentos oficiais a respeito do biografado, sendo a obra dedicada a ao arcebispo de Goa, D. Aleixo de Meneses (1559-1617) vice-rei da Índia. Contém oito desenhos aguarelados, representando sucessivamente o brasão de armas de Luís Monteiro Coutinho (f. 2), com quatro costados: Monteiro, Coutinho, Moura e Pereira; o martírio dos companheiros de Luís M. Coutinho (fl. 10v e 11); a batalha naval diante da fortaleza de Malaca (fl. 12v e 13); cena da luta de Monteiro Coutinho com o capitão Achém (fl. 15v e 16); o naufrágio de Coutinho ao largo da fortaleza de Solor (fl. 19v e 20); o seu martírio (fl. 22v e 23); a esquadra de Matias de Albuquerque, o capitão de Malaca e Ormuz na batalha de Malaca (fl. 25v e 26); e a bateria de Monteiro Coutinho fazendo fogo contra o "castelo dos arrenegados" (fl. 29v e 30).
O protagonista, Luís Monteiro Coutinho, embarcara para a Índia, para prestar serviços em diversas campanhas militares e expedições; visitou a corte do Grão Mogol Akbar (1542-1605), 3º imperador mogol da Índia e, em 1576, viajou para Malaca, tendo sido nomeado capitão-mor do Mar de Malaca, aí devendo ter conhecido o então jovem Manuel Godinho de Herédia, então com cerca de 18 anos. Depois de ter participado em várias contendas com os achéns, foi assassinado com um tiro de canhão, segundo este autor, ao recusar renegar a fé cristã, o que não teria sido assim tão linear. Os seus companheiros foram também martirizados, a 24 de março de 1588.
O autor, Manuel Godinho de Herédia (c. 1558-1623), foi educado em Malaca, no Colégio da Companhia de Jesus, e depois prosseguiu os estudos em Goa, para frequentar o noviciado dos jesuítas, onde aprofundou os estudos científicos, sobretudo de Matemática, tendo inclusivamente lecionado essa matéria. Notabilizar-se-ia como ilustrador e pintor, tendo registado em desenho os primeiros conjuntos organizados das representações das fortalezas do Oriente (sendo vastos os seus conhecimentos de engenharia militar); um retábulo de sua autoria, esteve exposto na fabulosa corte do Grão-Mogol Akbar (1556-1605), tendo granjeado muitos elogios. Foi também intensa a sua atividade como cartógrafo, tendo delineado várias cartas das Índias Orientais e da Ásia, inclusivamente da Austrália, que denomina Nuca Antara e escreveu que a visitou em 1601, trabalhos que foi submetendo à apreciação de D. Filipe II de Portugal e III de Espanha (1578-1621), sendo muito possível que tenha contactado, em Goa, com o cartógrafo Fernão Vaz Dourado (1520-1580).
Herédia foi também um interessado explorador, tendo registado muitas observações em descrições, desenhos e pinturas dos povos, animais e plantas dos países que percorreu. Na "Suma de Árvores e plantas da Índia Intra Ganges", apresenta um catálogo ilustrado das plantas do Sudeste Asiático (e suas propriedades), ainda desconhecidas na Europa no séc. XVI e XVII.
O Sultanato de Achém, na parte ocidental da ilha de Sumatra, hoje integrada na Indonésia, com capital na antiga cidade de Cutaraja, atual Banda Achém, fora fundado nos finais do século XV e responsável, possivelmente, pela fulgurante expansão do islamismo no Sudoeste Asiático. Sob a tutela do sultão Ali Mughayat Syah (c. 1460-1530) tornou-se numa grande potência regional e empenhou-se na disputa, com o novo sultanato de Johor, no centro e na parte oriental da Sumatra, pelo controlo do Estreito de Malaca, onde os portugueses se tinham instalado entre 1509 e 1511. O novo sultanato tinha nascido com a instalação dos portugueses em Malaca, de onde passaram a controlar a circulação da pimenta e do estanho, pelo as três potências, em alianças alternadas, lutaram nas décadas seguintes pelo controlo do comércio na área. O sultanato de Achém passou a dispor de uma considerável capacidade militar e a sua corte tornou-se um centro reconhecido de estudos islâmicos e de comércio. Entre 1537 e 1539, o novo sultão Salahuddin (c. 1480-1548) foi deposto pelo irmão mais novo, Alauddin al-Kahar (c. 1500-1571), retornando ao assédio a Malaca e ao sultanato de Johor, que veio a conquistar em 1564, estendendo o seu sultanato a quase toda a ilha de Sumatra, mas não aos territórios do outro lado do Estreito de Malaca. Alauddin já participara pessoalmente no frustrado assédio a Malaca em 1547, com o apoio de forças turcas otomanas de Solimão, o Magnífico (1494-1566) e, em 1568, com forças do seu sucessor, Selim II (1524-1574), igualmente sem sucesso. As forças islâmicas envolveram nesse ano "trezentas velas e quinze mil homens de pé, em que entravam muito turcos e renegados, e outras gentes de diversas nações, e dez mil homens de serviços", tendo defendido Malaca o capitão Leónidas Pereira, somente com duzentos portugueses. No assédio foi morto o filho mais velho de Alauddin, rei de Arum, tendo os atacantes perdido "quatro mil homens, os principais capitães e soldados do exército, e lhe se tomou algumas peças de artilharia" (BNB, cart. 531967).
Outras situações nesta área se tornaram míticas, como a citada e ilustrada morte do capitão-mor do mar de Malaca, Luís Monteiro Coutinho (1527-1588), aqui reproduzida, que naufragado nas costas da Solor, foi feito prisioneiro pelos achéns e executado, depois, com um tiro de canhão. O acontecimento foi descrito com contornos de martírio religioso pelo cartógrafo Manuel Godinho de Herédia (c. 1558-1623), natural de Malaca, em 1615, em manuscrito aguarelado e dedicado ao arcebispo de Goa, D. Aleixo de Meneses (1559-1617) vice-rei da Índia (BNP cód. 414). O mesmo autor, em 1610, nas Plantas de Praças das Conquistas de Portugal, incluí a fortaleza de Achém (BNB, cart 990145-18, fl. 18), embora a mesma nunca tenha sido conquistada pelos portugueses, tal como aquele sultanato nunca conquistara Malaca, que só veio a cair em 1641, perante forças da Companhia Neerlandesa das Índias Orientais, então com o apoio do novo sultão de Johore.
Manuscritos: Biblioteca Nacional do Brasil, Cerco de Malaca. Reinando el Rey Dom Sebastião, primeiro deste nome, e governando o Estado da Índia, o vizorey Dom Antão de Noronha, 1568, cart. 531967; Plantas de Praças das Conquistas de Portugal Feytas por ordem de Ruy Lourenço de Távora, Vizorey da India. Por Manuel Godinho de Erédia, cosmógrafo, em 1610, cart 990145-18; Biblioteca Nacional de Portugal: HERÉDIA, Manuel Godinho de, Declaraçam de Malaca e Índia Meridional com o Cathay em III Tratados, ordenada por Emanuel Godinho de Erédia, Dirigida a S.C.R.M. de D. Phelipe Rey de Espanha, N. S, 1618, cópia de original da Biblioteca Real da Bélgica; ib., Historia de serviços com martirio de Luis Mont.o Cout.o/ ordenada por Manoel Godinho de Eredia Math. o. Anno de 1615, códice 414;