Base de coluna do antigo portal da fachada da igreja do convento de Santana de Coimbra com o brasão do bispo-conde D. Afonso de Castelo Branco com atributos de arcebispo, 1609, Coimbra, Portugal
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Descrição
Base de coluna do antigo portal da fachada da igreja do convento de Santana de Coimbra com o brasão de armas de Fé de D. Afonso de Castelo Branco, com atributos de arcebispo
(1522-1615)
O que não acontece no remate superior deste portal, onde os atributos são de bispo.
Na face internas: ANO DE MDC. NN. KL. JVL. D. ALFONSUS DE CASTEL BRAN co EPS COLIMB. XLII POSUIT ETOUC MONASTERIUM EX SUO CONSTRUI FACIT e NO ANNO DO Sor DE M.D OA XXIII DE JUNHO D. AFONSO DE CASTELBRANCO BISPO XLII DE COIMBRA POS ESTA PEDRA [...]
No remate superior: ESTAS ARMAS SÃO DE DOM AFONSO DE CASTELO BRANCO BISPO DE COIMBRA QUE PRIMEIRO O FOI DO ALGARVE
O MANDOU FAZER ESTE MOSTEIRO À SUA CUSTA E DOTANDO-O E LANÇANDO-LHE A PRIMEIRA PEDRA E O ACABOU EM NOVE ANOS E MEIO.
Campanha de obras de Jerónimo Francisco, 1600 a 1609.
Remontado na fachada da igreja de São João de Almedina.
Fotografia de Daderot, 5 de novembro de 2019.
Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra, Portugal
D. Afonso de Castelo Branco (1522-1615) era filho natural D. António de Castelo Branco, deão da Capela Real e de Guiomar Dias, tendo nascido em Santiago de Cacém, sendo neto paterno de D. Martinho de Castelo Branco (c. 1465-1527), 2.º senhor de juro e herdade e 1.º conde de Vila Nova de Portimão, e de sua mulher Mécia de Noronha, filha de João Gonçalves da Câmara (1414-1501), 2º capitão do Funchal. Foi, em 1581, já então mestre em Artes (1557) e doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra (1565), 35º bispo do Algarve e foi transferido para a Sé de Coimbra em 25 de agosto de 1585, sendo 41º bispo de Coimbra e 6.º conde de Arganil, de juro e herdade, ficando 30 anos à frente da Diocese e tendo a sua casa atingido 60 comensais. Reedificou e ampliou o Paço Episcopal, pronto em 1592; reuniu um sínodo diocesano em 1591 para aprovar as Constituições do Bispado, elaboradas por ele depois do concílio de Trento e, em 1592, também mandava editar o Regimento dos Oficiais do Auditório Eclesiástico do Bispado de Coimbra; mandou levantar a nova sacristia da hoje Sé Velha, entre 1590 e 1594; benzeu a primeira pedra para o Colégio de S. Agostinho, em 1593; mandou fazer grandes obras no convento de Celas, incluindo o Coro da igreja em 1594-1620; lançou a primeira pedra para a igreja do Colégio dos Jesuítas em 1598, ao qual haveria de legar grande parte do seu património móvel; mandou edificar o convento de Santana, para Cónegas Regrantes e Eremitas de Santo Agostinho, que segundo inscrição no portal, o padroeiro e defensor do Convento era D. Duarte de Castelo Branco (c. 1540-1618), com uma renda anual de 500 cruzados, meirinho-mor do Reino desde 1558, conde do Sabugal, em 1582, e primo de D. Afonso de Castelo Branco, tendo a primeira pedra sido lançada em 23 de julho de 1600 e estava pronto em 1609; patrocinou a fundação do Colégio dos Marianos, em 1606; foi Vice-Rei de Portugal desde 22 de agosto de 1603 a 26 de dezembro de 1604, com pequeno interregno no início desse último ano. Foi um Bispo muito esmoler e deixou vários legados ao Hospital, à Misericórdia e à Câmara Municipal. Grande proprietário na área da Anadia, mandou levantar o Paço de Óis do Bairro, por 1600, herdado depois pelos Castelo Branco, que tinham capela na matriz de Santo André de Óis do Bairro. Morreu em Coimbra a 12 de maio de 1615, tendo sido sepultado na capela-mor do convento de Santana de Coimbra, por seu desejo e que, com a demolição do mesmo, foi a sua laje tumular transferida, em 1908, para a antiga capela de Santa Catarina dos claustros da Sé Velha dessa cidade.