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Arquipelago de Origem:
Londres
Data da Peça:
1760-00-00 00:00:00
Data de Publicação:
20130221
Autor:
Não identificado
Chegada ao Arquipélago:
2009-04-30 00:00:00
Proprietário da Peça:
BFCG
Proprietário da Imagem:
Rui Carita
Autor da Imagem:
Rui Carita
Armas de José João de Vasconcelos Bettencourt, Londres, 1760 (c.), Inglaterra

Categorias
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Descrição
Armas de José João de Vasconcelos Bettencourt.
Irmão de Dona Guiomar de Sá Vilhena.
Gravura, Londres.
Dedicatória do cónego António Pereira da Costa, mestre de capela da sé do Funchal, in Concertos Grossos, Londres, 1760 (c.).
Biblioteca da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

O cónego e mestre de capela da sé do Funchal, António Pereira da Costa é uma figura algo misteriosa na Madeira, acabando por quase só ser conhecido pelas suas obras editadas em Londres: Concertos Grossos com doys Violins, e Violão de Concertinho Obrigados, e Outros doys Violins, Viola e Orgão, Printed for J. Osward and sold at his Music Shop in St. Martin?s Church Yard e XII Serenata?s for the Guitar, Londres, Encraved, Printed for and Sold by John Simpson, 1760, ambas dedicadas ao morgado João José de Vasconcelos Bettencourt (1703-1766), irmão mais velho da célebre empresária Dona Guiomar Madalena de Sá Vilhena (1705-1789).
Tudo leva a crer que António Pereira da Costa, que teria nascido por volta de 1717, veio para a ilha da Madeira como mestre de capela do bispo D. Gaspar Afonso da Costa Brandão (1703-1784), que entrou no Funchal a 5 de agosto de 1757. Teria estabelecido estreitas relações com a família Sá Machado, que igualmente utilizava os apelidos Vasconcelos Bettencourt, além de outros e, provavelmente, com o também cónego João José de Sá, meio tio de João José de Vasconcelos Bettencourt, que estudara em Coimbra e faleceu em 1782. Sabemos que o morgado João José de Vasconcelos Bettencourt nunca gozou de muito boa saúde, tendo, em 1760, se deslocado a Londres para consultas, altura em que teria sido acompanhado pelo mestre de capela da sé do Funchal e onde o mesmo editou os Concertos Grossos e as 12 Serenatas para Guitarra, que são pomposamente dedicados ao morgado, inclusivamente, com as suas armas.
O morgado João José de Vasconcelos Bettencourt viria a falecer, entretanto, no Funchal, em 1766 e, muito provavelmente, o mestre de capela António Pereira da Costa retirou-se para a continente com o falecimento do seu patrono, se o não teria já feito antes. A diocese do Funchal conheceu nesses anos uma situação algo conturbada com a extinção da Companhia de Jesus e, muito especialmente, com a disputa pelos bens dos jesuítas entre a Diocese e a provedoria da Fazenda, chegando o prelado e o governador a insultarem-se quase publicamente, não espantando que algumas pessoas se tenham tentado demarcar da situação.
Os elementos sobre o mestre de capela da sé do Funchal António Pereira da Costa são assim muito limitados, mas a sua obra musical é importantíssima, não só por serem as primeiras peças musicais madeirenses editadas e, em Londres, como pelo pormenor de uma se apresentar em português e a outra, em inglês, em editores diferentes. Acresce que este conjunto avaliza uma cultura musical para os meados do século XVIII na Madeira de certa forma importante, pois as obras em causa foram editadas para serem vendidas em Inglaterra e nas mesmas, o próprio autor aparece retratado com a idade de 43 anos. Numa altura em que se aproximam as celebrações dos 500 Anos da Diocese, a sua divulgação é assim mais que oportuna.
Pub. Rui Carita, História da Madeira, vol. V, O Século XVIII. Economia e Sociedade, SER, Funchal, 1999, ilustração 12, p. 124.