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Arquipelago de Origem:
Santa Luzia (Funchal)
Data da Peça:
1890-00-00 00:00:00
Data de Publicação:
31/12/2023
Autor:
Mestre local
Chegada ao Arquipélago:
2023-12-31
Proprietário da Peça:
GRM
Proprietário da Imagem:
Nelson Veríssimo
Autor da Imagem:
Nelson Veríssimo
Antiga quinta urbana do tenente António Joaquim dos Santos Pimenta, 1890 a 1940 (c.), antigo Instituto da Juventude, Rua 31 de Janeiro, Funchal, ilha da Madeira.

Categorias
    Descrição
    Antiga quinta urbana do tenente António Joaquim dos Santos Pimenta.
    (1867-1910)
    Campanha de 1890 a 1940 (c.)
    Reforma de 1940 (c.) e seguintes
    Antiga residência da família da Dr. Maria do Carmo Leite Monteiro Rodrigues (1924-2014), que a vendeu ao GR.
    Fotografia de Nelson Veríssimo, novembro de 2023.
    Antigo Instituto da Juventude, sede da PATRIRAM, Titularidade e Gestão de Património Público Regional, S. A.
    Antiga Rua da Princesa (D. Carlota Joaquina, 1775-1830), Rua 31 de Janeiro, Funchal, ilha da Madeira.

    Conjunto habitacional torreado dentro do esquema das antigas quintas urbanas madeirenses, com o edifício principal virado a Sul, com dois andares, 3 janelas de guilhotina na fachada principal e igual número para a Rua 31 de Janeiro, onde as janelas do piso térreo, correspondentes às antigas lojas, se resumem a frestas gradeadas, todas com molduras de cantaria aparente e portadas de madeira fasquiada com bilhardeiras, parte das quais já desativadas; fachadas rematadas por beiral duplo de telha e remates de canto lanceolados. A torre de mais 2 pisos, muito estreita e ao nível da fachada, percorre todo o edifício e apresenta sobre a entrada, janela de sacada com varandim de ferro forjado e lambrequim de madeira recortada e colada, destinado a esconder as persianas de madeira fasquiadas ainda existentes.
    A porta da antiga quinta possui remate de alvenaria mista pintada de recorte romântico e inspiração, inscrevendo-se no muro, tal como a porta mais simples e a Norte, de acesso ao logradouro. Interiormente a quinta possui adro de calçada madeirense, que percorre a propriedade como uma rua interior, acompanhando a fachada e fazendo a separação com o antigo jardim interior aberto, onde existe uma monumental base de fuso de antigo lagar, fachada a que se segue um alpendre de jardim semicoberto. Para poente segue-se outro edifício de antigos armazéns da propriedade que, nos meados do século XX, era bastante maior.
    Esta casa foi construída ou reconstruida nos finais do século XIX para nela habitar, depois de casado, o oficial do exército da arma de Artilharia, António Joaquim dos Santos Pimenta (Canhas, 12 maio de 1867-Calheta, 22 jan. 1910), filho natural de António Joaquim dos Santos Pimenta, proprietário em S. Pedro do Funchal e de D. Francisca Augusta Cabral. O oficial assentara praça a 11 set. 1889, sendo promovido a alferes de Artilharia a 3 nov. 1893 e a tenente, a 14 nov. 1895. O casamento ocorreu depois na Sé do Funchal, em 24 out. 1898, sendo o noivo então 1º tenente de artilharia e morador ao Largo de S. Pedro, com D. Carolina Henriques de França Dória (1875-1961), filha de Manuel Joaquim de França Dória e de D. Teresa Amélia Henriques, irmã do depois coronel Manuel de França Dória (1869-1947), em tº de Franças. Foram padrinhos do casamento o cunhado, Manuel de França Dória e o então capitão de artilharia João Augusto Alves, que era tio por afinidade de D. Carolina (Paulo Santos Perneta).
    Deste casamento nasceram duas filhas: Teresa de França Dória Pimenta, a 26 ago. 1899, na então residência dos seus pais, à Rua de São Pedro e Maria de França Dória Pimenta, a 13 dez. 1900, na nova casa da Rua da Princesa, n.º 79 (D. Carlota Joaquina, 1775-1830, então denominação da Rua 31 de Janeiro). A nova casa estaria assim, em 1900, já a ser habitada pelo casal.
    O tenente ou já capitão António Joaquim dos Santos Pimenta, mas de que não conhecemos a data de promoção, faleceu, inopinadamente, na vila da Calheta, ao chegar do Funchal, a 1910, de acidente cardíaco. A viúva ficou a viver na casa da Rua da Princesa, sendo ali que casaram as duas filhas: Maria de França Dória Pimenta, com o Dr. António Leite Monteiro (1896-1983), a 2 jun. 1920, que haveriam de ter dois filhos: Carlos José Pimenta Leite Monteiro e Maria do Carmo Pimenta Leite Monteiro; e Teresa de França Dória Pimenta (1899-1974), a 23 abr. 1924, com o advogado e conservador do Registo Comercial do Funchal, Carlos Maria de Oliveira (1898-1977), natural da freguesia de São Pedro, onde nasceu em 5 de maio de 1898, mas casal que não teve filhos e sempre ficou a viver nesta casa, depois, da Rua 31 de Janeiro.
    Teresa de França Dória Pimenta faleceu em 15 de agosto de 1974 e o marido, Carlos Maria de Oliveira em 3 de junho de 1977. Por morte deste, sem herdeiros, mas com testamento, a sua sobrinha, Maria do Carmo Pimenta Leite Monteiro Rodrigues (1924-2014), herdou a casa e tratou, entretanto, da venda do recheio e do imóvel. No conjunto do edifício, de algumas proporções, já havia funcionado nos anos de 1970-1971, a redação e a administração do periódico infanto-juvenil, ‘A Canoa’, II Série, dirigido pela mesma escritora Maria do Carmo Rodrigues e publicado como suplemento do Eco do Funchal, periódico e editora dirigidos por Maria da Trindade Mendonça (1916-1997). Foi graças ao empenho da escultora Manuela Aranha, então com responsabilidades governativas na área da Juventude, que o prédio da 31 de Janeiro veio a ser adquirido pelo Governo Regional da Madeira a Maria do Carmo Rodrigues.
    Nelson Veríssimo, in Funchal Notíci@s, 23 nov. 2023, com informações da escritora Irene Lucília Andrade, escultora Manuela Aranha e D. Maria Abreu.