Image
Arquipelago de Origem:
Lisboa (cidade)
Data da Peça:
2023-11-08
Data de Publicação:
13/10/2025
Autor:
Underdogs 2023
Chegada ao Arquipélago:
2025-10-13
Proprietário da Peça:
Universidade Nova
Proprietário da Imagem:
Privado
Autor da Imagem:
Privado
Mural Salgueiro Maia da Avenida de Berna de 2023, NOVA FCSH e Underdogs 2, Lisboa, Portugal,

Categorias
    Descrição
    Mural Salgueiro Maia da Avenida de Berna de 2023
    (1944-1992)
    Técnica mista, 5 x 18 metros.
    Reinterpretação encomendada pela NOVA FCSH à Underdogs, que já fizera o primeiro projeto em 2014, agora com direção de Suzanne Marivoet e execução de Tamara Alves, Sara Fonseca da Graça (também conhecida como Petra Preta), Moami e Mariana Malhão, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, Galeria de Arte Urbana, Junta de Freguesia das Avenidas Novas, Câmara Municipal de Castelo de Vide e Câmara Municipal de Santarém.
    Lisboa, 8 de novembro de 2023.
    Universidade Nova, Avenida de Berna, Lisboa, Portugal

    O texto curatorial da obra, desenvolvido pela Underdogs e outros, explicita: Para celebrar os 50 anos do 25 de Abril, quatro artistas mulheres portuguesas foram convidadas a combinar as suas diversas linguagens visuais para desenvolver um só mural. A oito mãos, elas criaram juntas uma obra sobre o passado, o presente e o futuro do país. A artista Tamara Alves é responsável pela pintura realista do Capitão Salgueiro Maia a partir da célebre fotografia a preto e branco capturada por Alfredo Cunha, o maior fotógrafo do 25 de Abril. O olhar tranquilo e compenetrado que naquele momento encarava a câmara fotográfica, está agora voltado para nós. A figura masculina de Salgueiro Maia será para sempre a cara da Revolução. Mas foram várias as protagonistas femininas que lutaram e resistiram durante esse período. De maneira a enaltecer a figura sistematicamente silenciada da mulher na história, a artista Sara Fonseca da Graça representa personagens preponderantes dos movimentos de libertação das ex-colónias de Portugal. “Existe uma tendência para o foco na figura masculina, que dominava o cenário bélico, político e económico da sociedade portuguesa, enquanto a figura da mulher ainda permanece no anonimato. A mulher teve uma participação ativa na luta pela liberdade, dentro do seu papel de género, mas também transgredindo as normas da sociedade para o que era esperado do seu papel social. Desde trabalhar nos campos para manter a comida no prato, a cuidar de órfãos da guerra, até a participar desta, de arma na mão”, conta a artista.O plano de fundo – porém não menos importante – do mural, é banhado pelas cores vibrantes de Moami, que nos traz texturas inspiradas tanto na Filigrana portuguesa como nos padrões visuais de culturas africanas. Como se sabe, a Revolução dos Cravos colocou fim às guerras coloniais de Portugal, e Moami celebra a harmonia entre esses povos ao mesclar e fundir as suas referências visuais. Margarida Malhão é a responsável pela criação das silhuetas brancas que aparecem recortadas no fundo alaranjado. Estas figuras anónimas representam a força do povo unido. De mãos dadas, diversas camadas da sociedade portuguesa lutaram e celebraram a transição da opressão sofrida por décadas para a liberdade. O cravo simboliza a ideia de rompimento, e os braços erguidos personificam a identidade coletiva como força transformadora.
    Fernando José Salgueiro Maia nasceu em 1 jul. 1944, em Castelo de Vide e morreu em 3 abr. 1992, no Hospital Militar de Belém (Lisboa). Depois de frequentar a Academia Militar e a Escola Prática de Cavalaria, desempenhou funções de alferes-comando em Moçambique, durante a Guerra Colonial. Já com o posto de capitão, na madrugada de 25 de abril de 1974, dirigiu as tropas revolucionárias de Santarém, com o também capitão Mário Delfim Guimarães Miravin Tavares de Almeida (1946-), até Lisboa, tornando-se uma das figuras-chave do golpe. Tomou os ministérios do Terreiro do Paço e o quartel da Guarda Nacional Republicana, no Carmo, onde estava refugiado o chefe do Governo, professor Marcello Caetano (1906-1980), que se lhe rendeu, mas pedindo a presença de um general, então António de Spínola (1910-1996). Assim se deu a queda do Estado Novo. A revolta militar foi desencadeada pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), que derrubou o regime praticamente sem o emprego da força e sem provocar vítimas. Os dois únicos momentos de tensão foram protagonizados pelo próprio Salgueiro Maia: o primeiro foi o encontro com um destacamento de blindados, até então obediente ao Governo, resolvido quando estas tropas tomaram posição ao lado dos revoltosos; o outro ocorreu quando o capitão mandou abrir fogo sobre a parede exterior do quartel da GNR. Retomando modestamente o rumo da sua carreira militar, o capitão Salgueiro Maia recusou as honrarias que o regime democrático lhe quis atribuir. Todos os anos é recordada a sua coragem e a sua determinação aquando das comemorações do 25 de abril.
    Salgueiro Maia foi, na modéstia e isenção do seu comportamento e na honradez do seu carácter, uma referência. Compreendeu como poucos o papel que deve caber aos militares numa sociedade democrática”. Estas palavras de Mário Soares (1924-2017) levantam-nos o véu sobre a força de espírito que o mais famoso Capitão de Abril detinha, e pela qual é reconhecido, mas um homem não se constrói num único momento. É fruto de um percurso vivencial, de uma vida de aprendizagem, que molda o espírito humano e o leva a atos considerados, pela sociedade, de grande valor. Aqui se procura encontrar o percurso de vida de Salgueiro Maia, um homem de grande valor. Conhecendo o seu passado, melhor se pode compreender o homem e a sua circunstância (Sinopse à 11ª edição da editora Âncora).