Image
Arquipelago de Origem:
Tanzânia
Data da Peça:
1970-00-00
Data de Publicação:
08/10/2025
Autor:
Escultora Makonde (atr.)
Chegada ao Arquipélago:
2025-10-08
Proprietário da Peça:
Privado
Proprietário da Imagem:
Sotheby's, NY, 2016
Autor da Imagem:
Sotheby's, NY, 2016
Máscara Makonde facial em cerâmica, 1970, Tanzânia

Categorias
    Descrição
    Máscara Makonde facial em cerâmica
    Makonde Terracotta Mask, Mozambique or Tanzania.
    Cerâmica moldada e patinada com aplicação de cabelo natural,  22,5 cm.
    Escultor ou escultora Makonde, 1970 (c.), Tanzânia (?).
    Proveniente de coleção Karl-Ferdinand Schaedler, Munich, acquired in the late 1970s; Museum für Völkerkunde, Vienna, Götter Geister Ahnen. Afrikanische Skulpturen in deutschen Privatsammlungen, March 23 - July 24, 1994.
    Comparing literature: Karl-Ferdinand Schaedler, Götter Geister Ahnen. Afrikanische Skulpturen in deutschen Privatsammlungen (an addendum to Gods, Spirits, Ancestors: African Sculpture from Private German Collections), Vienna, 1994, p. 30, no. 302; Ibidem, Afrikanische Kunst. Von der Frühzeit bis heute, Munich, 1997, p. 316, no. 215; Jorge Dias (1907-1973) e Margot Dias (1908-2001), Os Macondes de Moçambique., 3 vols., Vol. I, Aspectos Históricos e Económicos (somente referenciado como de Jorge Dias); Vol. II, Cultura Material; e Vol. III, Vida Ritual e Social, Lisboa, Junta de Investigação Científica do Ultramar, Portugal.
    Leilão Sotheby's, Nova Iorque, African, Oceanic, And Pre-Columbian Art, 2 de maio de 2016, lote 42, avaliada entre 10.000 e 15.000 USD, USA.

    Although there appears to have been a long tradition of terracotta masks amongst the Makonde, until quite recently they were almost entirely undiscussed in the literature. Schaedler (1997: 316) notes that “independent reports from very recent times [… indicate that the masks] presumably represent the female counterpart to the masks for male initiation, since the women perform the initiation of girls and make the ceramic masks […]”. In his important work on Makonde masquerades, In Step with the Times: Mapiko Masquerades of Mozambique, Israel (2014: 185), notes that “The women’s vitengamatu [sing. shitengamatu, meaning literally “open your ears”], made in clay, dance only once a year in the final coming-out ceremonies (nkamangu) of feminine puberty rites, held in the thick of the bush and almost paranoically guarded from intrusion. They are never danced in public, and men die without ever seeing them.”.
    Os Makondes são um povo da África oriental que habita 3 planaltos do norte de Moçambique, as margens do Rovuma e o sul da Tanzânia, na ordem de 1.260.000 indivíduos, mantendo ainda aspetos da sua religião animista  tradicional, embora a maior parte da população seja hoje cristã. Têm como atividades principais, a agricultura e, hoje, são essencialmente conhecidos pela sua escultura, onde se reflete visualmente muito da sua cultura, como a antiga utilização de batoque labiais, a mutilação dos dentes incisivos e as abundantes tatuagens, aspetos hoje já muito pouco usados. São um povo Bantu, provavelmente originário de uma zona a sul do lago Niassa, na fronteira entre Moçambique, Malawi e Tanzânia, apresentando semelhanças culturais com o povo Chewa, que ainda hoje habita aquela vasta zona, devendo ter pertencido, em tempos remotos, a uma grande federação Marave, que teria iniciado a sua migração para nordeste, ao longo do vale do rio Lugenda. Mantiveram-se muito isolados até tarde e só nos inícios do século XX é que os portugueses, que colonizavam Moçambique, conseguiram controlar as zonas por eles habitadas, dada a sua instalação em planaltos e florestas densas, tal como por terem ganho uma certa imagem de violentos e irascíveis, ajudando à criação dessa imagem o cortarem os dentes da frente para implantarem batoques labiais (lip plug), ou seja, o adorno nndoma ou ndonya, cobrindo o corpo com abundantes tatuagens relevadas e conseguindo, assim, manter uma forte coesão cultural. Nesse quadro, as missões católicas só se conseguem fixar nos seus territórios a partir dos anos 20 do passado século, tendo as conversões ao cristianismo começado apenas por volta de 1930.