Máscara Makonde do leilão Lempertz de janeiro de 2020, trabalho de 1940 (c.), Tanzânia.
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Descrição
Máscara Makonde.
A MAKONDE MASK.
Máscara facial zoomórfica, em princípio, de macaco
Madeira entalhada e pintada com aplicação de cabedal e pelo natural, 21 cm.
Escultor Makonde, 1940 (c.), Tanzânia.
Proveniente da coleção do etnógrafo William Ohly (1883-1955), London, before 1950
Leilão Lempertz, Art of Africa, the Pacific and the Americas, 29 de janeiro de 2020, lote 170, avaliada entre 3.000 e 5.000 euros, Bruxelas, Bélgica.
Rara máscara facial, quando o normal entre os makondes é a máscara elmo, dita lipiko porque utilizada nas danças do complexo do Mapiko. Assim, entre mais de 20 exemplares recolhidos entre 1971 e 1973 no Planalto de Mueda, somente tenhamos encontrado um exemplar facial, em 1972. Temos um exemplar que teria vindo com um missionário belga da Tanzânia, provavelmente, em 1904 e que pertenceu à coleção de David Norden, Antuérpia, Holanda, conhecemos outros recolhidos na Tanzânia e dados como proveniente de Village Mavia, nome genérico com que os Makondes da Tanzânia identificam as localidades congéneres de Moçambique, etc., mas todos em número reduzido em comparação com as máscaras elmos.
Todos essas máscaras são utilizada tradicionalmente em danças mapiko por rapazes recém-iniciados ou por homens durante as mesmas cerimónias. O complexo do mapico ou mapiko é um conjunto de crenças e atividades de natureza ritual, visando principalmente o controle social. O mapico é a figura mais importante da cultura Makonde, ou Wamakonde, que envolve uma população de cerca de 500 mil indivíduos, entre o Norte de Moçambique e o sul da Tanzânia, símbolo vivo de um espírito humano, masculino ou feminino, utilizado pelos homens para dominarem pelo medo, mediante bailarinos mascarados, as mulheres e os jovens ainda não iniciados nos ritos de puberdade, não só contribuindo para integrar as crianças no grupo dos adultos, como para estabelecer o equilíbrio entre o grupo dos homens e o das mulheres. Mapiko é o plural de lipiko, nome por que é designada a máscara elmo. As máscaras mais comuns apresentam o batoque labial superior, nndoma, utilizado pelas mulheres desta etnia, representando assim um ancestral feminino, mas também caricaturas de personagens várias, inclusivamente, europeus, sendo acompanhadas nas danças por cânticos alusivos às mesmas e num quadro geral de crítica social. Ao longo dos meados do século XX começaram a aparecer dançarinos atuando fora das festas de iniciação (licumbi), sendo normal a organização de festas aos fins de semana, onde aparecem dançarinos mascarados e, nesse quadro, contundentes críticas sociais.