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Arquipelago de Origem:
Khorfakkan
Data da Peça:
1635-00-00
Data de Publicação:
03/01/2025
Autor:
António Bocarro
Chegada ao Arquipélago:
2025-01-03
Proprietário da Peça:
Biblioteca de Évora
Proprietário da Imagem:
Biblioteca de Évora/BNP
Autor da Imagem:
Biblioteca de Évora/BNP
Descrição da fortaleza de Corfacão, António Bocarro, 1635 (c.), Khor Fakkan, Khorfakkan, Emirado de Sharjah, Emirados Árabes Unidos

Categorias
    Descrição
    Descrição da fortaleza de Corfacão
    Khor Fakkan, Khorfakkan, Emirado de Sharjah.
    Pormenor de manuscrito sobre papel, 78 x 59 cm.
    António Bocarro (1594-1642) e Pedro Barreto de Resende (c. 1590-1651), 1635 (c.)
    O livro das plantas de todas as fortalezas, cidades e povoações do Estado da Índia Oriental
    Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Évora (Inv. CXV-2-1), Portugal.

    A ocupação de Corfação, atual Khor Fakkan, em território hoje do emirado de Sharjah, tem uma longa história, havendo evidências de buracos para pilares de madeira das tradicionais cabanas barasti, chamadas arexe (areesh), similar àquelas encontradas Tel Abraque, que datam do III ao I milénio a.C.. Cerca de 1500, Duarte Barbosa (c. 1480-1521) descreveu Corfação como uma vila "em torno da qual há vários jardins e fazendas". A fortaleza portuguesa de Corfacão foi mandada levantada por Gaspar Pereira Leite, em 1620, numa altura em que se tentava cimentar a presença portuguesa no acesso ao golfo Pérsico, embora tivesse havido pontuais ocupações em 1507 e 1515, por exemplo. Teria uma forma triangular rematada por baluartes modernos, com os maiores muros com 26 metros. O interior da fortaleza teria uma torre artilhada e um poço. De acordo com a descrição de Manuel Godinho de Erédia (1563-1623), tinha um capitão e 24 soldados, todos lascarins, que custavam anualmente 204$000. Ao longo dos meados do século XVII, em princípio, foi acabando por ser abandonada, registando a tripulação do navio holandês Meerkat, em 1666, que tendo sido avistada, a descreveu no diário de bordo: Corfacan é um lugar em uma pequena baía, que tem cerca de 200 pequenas casas todas construídas a partir de ramos de palmeira, perto da praia. Tinha no lado norte uma fortaleza triangular portuguesa, da qual ainda se podem ver as ruínas desoladas. Na costa sul da baía, em um canto, há outra fortaleza em uma colina, mas não há guarnição nem artilharia sobre ela e também está em ruínas, tendo ficado dessa fortaleza, até 1985, uma torre, entretanto utilizada para farol, Torre de Al Adwani, mas então demolida e reconstruida entre 2018 e 2019.
    Teria sido a mais importante feitoria fortificada desta área, entre Mascate e Ormuz, subsistindo as estruturas da fortaleza central, com um muro na frente mar com posições para mosquete, uma muralha a envolver a povoação para poente e, pelo menos, 3 torres de vigias, de que ficou somente a Al-Rabi, com poço próprio. Articulava-se ainda com a pequena fortaleza de Mada, descrevendo-a o álbum de São Julião da Barra como: Duas léguas detrás de Corfacão está Mada, fabricada como se vê, duas léguas pela terra dentro, ao pé de uma serra, junto a uma ribeira muito fresca e de muitos palmares e árvores de frutas, junto a uma povoação de 300 vizinhos que ajudam a defender a fortaleza. Fez-la Mateus de Seabra no ano de 1624 por ordem do capitão geral Rui Freire, para defender a passagem que faziam os Arábicos, que assaltavam as fortalezas pela praia. Tem de presidio um capitão lascarim e 30 soldados. A descrição do local encaixa-se na antiga Najad Al Miqsar frente à cordilheira Hajar e sobre o vale do Wadi Rafisah, salvo na distância a Khorkakkan, que é hoje, por auto estrada, de 30 quilómetros e os textos portugueses dão por 1625 como duas léguas (10 km.). O conjunto da antiga povoação, entretanto, abandonado, foi reposto e adaptado a hotel aberto ao público em 2020.
    A ordem para a execução desta nova empreitada das plantas das fortalezas data de 1630, dada pelo vice-rei conde de Linhares, tendo o texto sido elaborado pelo arquivista-mor de Goa, António Bocarro (1594-1642) e os desenhos elaborados por ordem do secretário do vice-rei, Pedro Barreto de Resende (c. 1590-1651). Terão sido elaboradas logo e pelo menos duas vias, a de Évora e a que se encontra hoje na Biblioteca Nacional de Madrid, sendo depois ainda elaboradas mais versões. Anteriormente tinham sido elaboradas plantas, pelo menos, por João Baptista Cairati, ou Giovanni Battista Cairati (Milão, c. 1540; Goa 1596), que enviadas para o reino se perderam e pelo seu ajudante e assistente, Manuel Godinho de Erédia (1563-c. 1623), cartógrafo luso-malaio que fora educado pelos jesuítas e com base nessas, em princípio, de que subsistem vários exemplares.