Carta de Juliana, condessa de Stroganoff, para a irmã Luísa, São Petersburgo, 29 de outubro de 1839, Rússia.
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Descrição
Carta de Juliana, condessa de Stroganoff, para a irmã Luísa.
(1784-1864) e (1789-?)
Luísa de Oyenhausen de Almeida (Lisboa, 1789-?), casada em Hampstead, em 13 de junho de 1812 com Heliodoro Jacinto Carneiro de Araújo, Fidalgo da Casa Real, do Conselho de Estado de D João VI, licenciado em medicina e cirurgia, professor da Escola de Medicina de Lisboa e diplomata;
São Petersburgo, 29 de outubro de 1839.
Coleção particular, Lisboa, Portugal.
Júlia Ana de Almeida e Oeynhausen (Viena de Áustria, 20 ago. 1784; São Petersburgo, 2 nov. 1864) era filha de D. Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre, mais conhecida por Marquesa de Alorna (Lisboa, 31 out. 1750; Benfica, 11 out. 1839) e do oficial alemão naturalizado português, conde de Oeynhausen, Karl von Oyenhausen-Gravenburg(3 de janeiro de 1739 - 3 de março de 1793), ou Carlos (Pedro Maria José) Augusto em português. Casaria depois com Aires José Maria de Saldanha Albuquerque Coutinho Matos e Noronha (Funchal, 29 mar. 1775; Lisboa, 2 jan. 1827), sendo 2.ª condessa da Ega e depois, em 1827, em Dresden, com o diplomata e conde russo Grigory Aleksandrovich Stroganoff (São Petersburgo, 13 set. 1770; idem, 7 jan. 1857), então viúvo da princesa Anne Sergeevna Trubeckaja (1765-1824), ficando condessa de Stroganoff e sendo depois conhecida como a Condessa Vermelha.
A atribuição da carta à irmã Luísa de Oyenhausen de Almeida pode não estar correta, pois tudo leva a crer que Luísa, tendo casado à revelia da família, em Londres, em 1812, a mesma teria falecido naquela cidade, um ano depois, após dar à luz uma filha.
Juliana de Almeida Oeynhausen, forçada a exilar-se em 1808, a terceira filha da marquesa de Alorna, parecia condenada às agruras da emigração e à tristeza de um casamento infeliz. Contudo, dotada de um espírito vivo e inconformista, conseguiu libertar-se de constrangimentos sociais e familiares, vencer a adversidade e conquistar a sua independência e felicidade. As suas qualidades de mulher ilustrada e cosmopolita, foram conhecidas e apreciadas por grandes figuras da Europa de então com quem teve a oportunidade de privar: a rainha Vitória de Inglaterra, o imperador da Alemanha, e os czares Nicolau i e Alexandre ii da Rússia. A surpreendente e colorida história da sua vida, que uma investigação profunda e exaustiva permitiu trazer agora a público, foi esquecida e deturpada nos alvores do século xx e, desde então, a sua memória tem sido injustamente enxovalhada. Porém, como disse um diplomata português seu contemporâneo «não se pode fazer mais honra do que ela fez sempre ao nome português». Deixou abundantes provas disso mesmo em São Petersburgo, na Rússia, onde viveu os últimos anos da sua vida, como condessa Stroganoff.